Há muito queria escrever para o Torto sobre o torto, hoje quero falar um pouco sobre alguns dos meus recentes pensamentos sobre o torto. Percebo que ultimamente estamos presenciando vastas digreções a respeito do caráter ambíguo torto, porém, creio que na verdade a postura que assumimos é um arranjo lógico que está para todos os efeitos, longe de um dogmatismo ou de uma postura estanque da realidade, que se resumam as universalizações. Para as abstrações lógicas provenientes do torto podemos relacionar com o quadrado Lógico Aristotélico, que veremos que esta supracitada ambigüidade não tem a priori nada de pós-moderno ou reacionário como alguns queiram interpretar, que se configura, portanto em um esforço reflexivo. Vamos ver o quadrado lógico:
Toda proposição categórica pode ser reduzida a alguma das seguintes quatro formas lógicas.
• Proposição 'A', a afirmação universal ("universalis affirmativa"), cuja forma em latim é "omne S est P", normalmente traduzido como "todo S é P".
• Proposição 'E', a negação universal ("universalis negativa"), cuja forma em latim é "nullum S est P", normalmente traduzido como "nenhum S é P".
• Proposição 'I', a afirmação particular ("particularis affirmativa"), cuja forma em latim é "quoddam S est P", normalmente traduzido como "algum S é P".
• Proposição 'O', a negação particular ("particularis negativa"), cuja forma em latim é "quoddam S non est P", normalmente traduzido como "algum S não é P".
Pensando nisso, quando os tortos vêem que uma coisa pode ser isso mas também aquilo apenas vê que um mesmo sujeito em determinados contextos pode ser coisas distintas, ou seja, a relativisação do sujeito é um esforço que contempla as particulares afirmativas ou negativas, onde eu me aproprio de um recorte particular do sujeito, sem suprimi-lo. Por isso que o sujeito pode ser isso e aquilo em uma proposta construção lógica. Porém, quando se trata das universais afirmativas, estas não podem ser categoricamente verdadeiras ao mesmo tempo dentro do quadrado lógico, pois se são universais correspondem estritamente a um determinado sujeito em um mesmo contexto ou dimensão da realidade, que contempla a totalidade de um conjunto. Vamos dar um exemplo simples de um veneno, ele pode matar por exemplo, em determinadas circunstâncias porém, a depender da dose ele pode até fazer bem ao nosso organismo, porém o mesmo veneno nas mesmas condições e em relação ao mesmo sujeito não pode matar e não matar ao mesmo tempo, mas por assumir várias facetas não deixa de ser o mesmo sujeito ou objeto.
A critica que faço ao torto é que as variáveis de um problema elas são múltiplas e através do exercício da reflexão podemos captar dimensões alhures de um mesmo objeto, onde ele pode se apresentar de varias formas, corre o risco portanto de nos perdermos nas variáveis ou particularidades. É preciso, pois se acreditar em uma hipótese das coisas (coisa que Vina já destacou bastante também), e empregrar trabalho. Pois a realidade é feita de uma natureza prática: será que a bala vai me matar? Será que entrando aqui irei chegar naquela rua? De tal forma que isso se relaciona totalmente com o arranjo de nossa linguagem e com a funcionalidade do espaço social. O que os positivistas ou a-críticos faziam ou fazem é exatamente dimensionar um dado problema até que ele pudesse ser universal, ou seja, é um esforço para criar categorias universais que deixa de enxergar a particularidade dos fenômenos, crendo que seu enquadramento ou metodo é infalivel, no sentido de conseber se chegar A verdade de nenhuma outra forma se não pelo metodo cientifico entendido por eles.
Toda proposição categórica pode ser reduzida a alguma das seguintes quatro formas lógicas.
• Proposição 'A', a afirmação universal ("universalis affirmativa"), cuja forma em latim é "omne S est P", normalmente traduzido como "todo S é P".
• Proposição 'E', a negação universal ("universalis negativa"), cuja forma em latim é "nullum S est P", normalmente traduzido como "nenhum S é P".
• Proposição 'I', a afirmação particular ("particularis affirmativa"), cuja forma em latim é "quoddam S est P", normalmente traduzido como "algum S é P".
• Proposição 'O', a negação particular ("particularis negativa"), cuja forma em latim é "quoddam S non est P", normalmente traduzido como "algum S não é P".
Pensando nisso, quando os tortos vêem que uma coisa pode ser isso mas também aquilo apenas vê que um mesmo sujeito em determinados contextos pode ser coisas distintas, ou seja, a relativisação do sujeito é um esforço que contempla as particulares afirmativas ou negativas, onde eu me aproprio de um recorte particular do sujeito, sem suprimi-lo. Por isso que o sujeito pode ser isso e aquilo em uma proposta construção lógica. Porém, quando se trata das universais afirmativas, estas não podem ser categoricamente verdadeiras ao mesmo tempo dentro do quadrado lógico, pois se são universais correspondem estritamente a um determinado sujeito em um mesmo contexto ou dimensão da realidade, que contempla a totalidade de um conjunto. Vamos dar um exemplo simples de um veneno, ele pode matar por exemplo, em determinadas circunstâncias porém, a depender da dose ele pode até fazer bem ao nosso organismo, porém o mesmo veneno nas mesmas condições e em relação ao mesmo sujeito não pode matar e não matar ao mesmo tempo, mas por assumir várias facetas não deixa de ser o mesmo sujeito ou objeto.
A critica que faço ao torto é que as variáveis de um problema elas são múltiplas e através do exercício da reflexão podemos captar dimensões alhures de um mesmo objeto, onde ele pode se apresentar de varias formas, corre o risco portanto de nos perdermos nas variáveis ou particularidades. É preciso, pois se acreditar em uma hipótese das coisas (coisa que Vina já destacou bastante também), e empregrar trabalho. Pois a realidade é feita de uma natureza prática: será que a bala vai me matar? Será que entrando aqui irei chegar naquela rua? De tal forma que isso se relaciona totalmente com o arranjo de nossa linguagem e com a funcionalidade do espaço social. O que os positivistas ou a-críticos faziam ou fazem é exatamente dimensionar um dado problema até que ele pudesse ser universal, ou seja, é um esforço para criar categorias universais que deixa de enxergar a particularidade dos fenômenos, crendo que seu enquadramento ou metodo é infalivel, no sentido de conseber se chegar A verdade de nenhuma outra forma se não pelo metodo cientifico entendido por eles.
Reuel Astronauta
ResponderExcluir"a funcionalidade do espaço social"
Ótimo! É como eu observei em meu texto "Solidez Fluida": não é por que reconheçemos que um mesmo objeto pode ser visto ou uma circunstância possa ser traduzida sob diversos ângulos que necessariamente não possamos dizer que não existem critérios objetivaveis, ou seja, critérios que se encontram dentro das expectativas entendidas como lógicas e esperadas por uma cultura.
Inclusive, eu acredito que essa temática já foi bastante trazida pelo torto, principalmente quando no seu próprio video você observa a relação entre produto (universalização)/ produtor (particularidade).
O que acontece é que atualmente eu vejo uma reelaboração acerca desses pontos aqui no torto. E essa reelaboração foi fruto de muitas indagações trazidas por Lou logo ao entrar no torto e resultado de minha experiência na clinica psicanalitica.
Como você disse, existem variáveis, mas existem condições que nos colocam em situações práticas. Ora, eu posso muito bem dizer que um assassino tem suas razões ao matar alguem, o que não significa dizer que eu aceite o ato do assassino. Posso muito bem compreender o porquê de um roubo, mas me nego a cometer tal ato, e se eu for capaz de cometê-lo, farei com medo e com estratégias, pois além das várias circunstância, deparo-me com uma objetividade normativa nitida.
A dificuldade de se entender o torto, deve-se ao fato de neguinho e neguinha resumirem o fato de que quando aceitamos o que é dito como certo somos favoráveis ao sistema e quando compreendemos uma ação que é dita como errada somos irreponsáveis e contrários ao sistema.
Ai é onde nos classificam simploriamente de conservadotres OU subversivos. Talvez isso seja preguiça de pensar ou necessidade de preservar a imagem hipocritas de que somos SUPER-HUMANOS.
Um excelente texto!!!