terça-feira, 31 de maio de 2011

Para não dizer que eu não falei de hoje

É um infortúnio duplo não é meu caro? Viver aqui e ainda viver entre humanos, e é difícil mesmo viver entre humanos dentro e fora de você. Agente se reprova e aceita, e quando agente bebe, parece que esse filho da puta aparece, esse carinha que se esconde toda vez que queremos entende-lo, e ficamos como idiotas conversando com o nada, revoltados com essa pessoa, essa duplicação ignóbil chamada eu mesmo. Aí choramos, gritamos, tiramos a roupa, porque ele finalmente apareceu e é sempre nessas horas inconvenientes que tem um retardado escroto mais sóbrio que todo mundo. Em minha cidade as pessoas andam cada vez mais felizes, sempre com esse eu para ocasiões especiais na bolsa ou em qualquer utensílio móvel e portátil, de preferência que possa ser usado na boca ou em um orifício adjacente. Cada vez mais estão preocupados em trazer-se de volta duplicado para cena, conforme disforme aceitavelmente triste e alegre. Entende-se: você sente o mesmo que eu!

Então meu jovem nós já bebemos quantas? Agente tem que ver a conta do bar aí, ainda tenho que tirar uma Xerox. – Relaxe man, eu pago. Pois é meu caro, pior são as garotas, essas mulheres que agente se agarra feito bobo, feito quando agente toma o primeiro porre. Eu a muito fui apaixonado por uma menina e ainda me ponho a pensar nela, e se passou tempo suficiente para que tudo em minha torpe mente acabasse, o que existe é quase um atavismo que me faz parar em sua frente e gaguejar, feito quando era adolescente. Passei por outros amores e ainda o rosto dela me vem nos poemas de amor que faço. Acho que tenho tesão pelo absurdo e inatingível, e não foi apenas uma triste conversa com Platão esse romance, foi muros e nãos que talvez alimentaram meu coração, feito cachorro humilhado pedindo comida. Eu verdadeiramente deva ser um cara para assuntos aleatórios, manifestações afetivas perenes ficam apenas na velha poética cansada e maçante, no tempo do faz agora eu quero agora, pau e buceta, o que se quer não se embrulha pra viajem. E Adele foi ficando no tempo, mesmo que eu saiba que ainda a amo e que ela ainda ama Platão.

Nos corredores do meu mundo nunca tive certeza se a porta certa era a minha porta, tomei cuidado para não saber e me distrai apenas. Bom dia Adele! O que fez pro café? Nossos filhos dormiram bem?

segunda-feira, 30 de maio de 2011

As músicas do povo nas rádios públicas

Quero falar sobre a utilização das músicas consumidas pelo povo nas rádios públicas. Ao falar de rádios, estou me referindo especificamente as fm´s. Tentarei responder as seguintes problemáticas: qual o setor social responsável pela organização das músicas executadas nessas rádios? Essas músicas também atendem a uma escuta dos setores desprestigiados da sociedade? Como se define o conceito de cultura e de bem público para esse setor social responsável pelo repertório dessas rádios?

Ouvimos críticas às rádios comerciais que dizem respeito ao objetivo dessas rádios voltado unicamente para o lucro, a exclusão dessas rádios em relação à diversidade musical, dentre outras. Compactuo com todas essas críticas, mas eu pergunto: as rádios públicas são democráticas? Será que há de fato uma absorção dessas rádios no que diz respeito às diversidades encontradas na música? Para mim, a democratização musical nas rádios públicas está longe de acontecer.

Para os possíveis leitores apressados, não estou afirmando que todos esses indivíduos que selecionem os repertórios e que executam as músicas nessas rádios não estejam preocupados com a pluralidade musical, no entanto, eu pergunto: como esses indivíduos geralmente enxergam as músicas mais consumidas pelo povo? Essas músicas frequentemente estão nas grades de programação dessas rádios? Qual a visão deles sobre cultura? Como eles definem o conceito de público?

Se observarmos bem, as músicas geralmente executadas pelas fm´s das rádios públicas são músicas consumidas em sua maior parte pelos ditos setores intelectualizados da sociedade. Quando se toca uma canção de um artista proveniente do povo, é por que a canção já se encontra legitimada pelos oficializadores do gosto representado pelos setores universitários e usurpada por eles para fazer parte de seus Museus Intocáveis. Retomo minha pergunta: como é vista a cultura por esse setor?

Apesar de muitos insistirem no discurso de que o popular, o erudito e a cultura de massa se encontram mesclados, socialmente essas culturas ainda insistem em se manter distintas e associadas a questões de classe. Infelizmente boa parte da chamada elite intelectual insiste na classificação de que uma “boa” cultura se faz através da música de “qualidade”. Certo, mas essa “qualidade” é para quem? Essa cultura é apenas dos setores intelectualizados? E a visão de público? Onde fica?

Pelo que eu entendo, o público diz respeito a um espaço no qual as diferenças se encontram e dialogam entre si. O público está reservado para todas as pessoas. Qualquer indivíduo situado em uma arena social tem o direito de consumir e freqüentar um espaço público. Mas ai eu pergunto: se uma fm pública se nega a executar em sua grade de programação músicas do Arrocha, por exemplo, não estaria excluindo os ouvintes que também fazem freqüentam e dialogam com a esfera pública?

Acredito que o papel das rádios públicas é apresentar a riqueza pertencente ao repertório musical brasileiro como forma de fazer com que os ouvintes estejam sempre atualizados com essa diversidade. Para isso, é importante que ela busque atender a todos os gostos musicais, afinal, todos os cidadãos contribuem com seu papel na sociedade. Inclusive, a abertura a uma diversidade de estilos possibilita um caminho para um olhar menos intolerante e mais plural.

Para finalizar, gostaria de dizer que era do meu interesse prolongar esse debate, mas para não tornar o texto denso de problemáticas, preferi deixar apenas essas opiniões para esta semana. Contudo, futuramente eu farei uma abordagem acerca da importância e dos ganhos sociais que para mim as rádios públicas poderiam estabelecer com as escolas de educação básica, principalmente com as escolas estaduais onde se concentra um maior universo de setores socialmente desprestigiados.

chuva de granizo

granizo, granizo, granizo...
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...................
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por baixo do granizo a cabeca doi
granizo
grani zo grao izo
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granizo,
por baixo dele, as ma- os doem
e a boca resseca;
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gran izo
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izo
gran

quinta-feira, 26 de maio de 2011

EDUCAÇÃO E DIALOGISMO: O BREGA SERÁ SEMPRE BREGA?

Educação e dialogismo: O brega será sempre brega?

Paulo Freire concebeu a educação como um processo entre sujeitos. Como ele mesmo diz: “ninguém se educa sozinho”. Freire entende a educação não como um fenômeno que ocorre no interior das instituições de ensino apenas; para ele, a educação é natural a nossa espécie. Somos os únicos animais da natureza que necessitam de educação, logo, a educação natural é a informal, “ninguém chega à escola sem nada”. (Freire, 1987)

O sujeito freireano não é uma tábua rasa, nem é um sujeito que se constrói unicamente pela atuação de profissionais de ensino. O sujeito de Freire chega à escola com uma visão de mundo, uma história de vida, e uma bagagem de conhecimentos adquiridos no convívio com outros seres humanos. O sujeito de Freire é um sujeito que está na situação de diálogo com o mundo e consigo mesmo.

“O diálogo como encontro dos homens para a pronúncia do mundo é uma condição fundamental para a sua humanização”. (Freire, Pedagogia do Oprimido, p.77, 1987)

O sujeito do diálogo ou dialógico não é uma abstração exclusiva de Freire. Antes dele, Bakhtin já o havia visto com muita clareza. Para o educador pernambucano a palavra é portadora de um valor ímpar. Segundo ele, ela constrói a história e desconstrói realidades. É por meio dela que os homens dominam seus semelhantes, e fazendo isso negam a si mesmos. Ademais, está no usa dela a possibilidade de libertação. (Freire, 1987), (Bakhtin, 1981 apud Dieb e Araújo, 2010)

Tanto Freire como Bakhtin expurgam totalmente o monólogo da educação. Ambos entendem que o homem possui essência dialógica. O homem só se torna sujeito no diálogo. O outro para nós é fator constitutivo de nossa subjetividade. Portanto, a educação bancária, como coloca Freire, é uma educação monológica, imprópria para a criação de sujeitos críticos e autônomos, uma vez, que ela possui um professor narrador da realidade. (Freire, 1987), (Bakhtin, 1981 apud Dieb e Araújo, 2010)

Freire percebe que quanto ao uso da palavra a relação entre os homens não é igual. Existem aqueles que fazem uso dela para a dominação, para instaurar o silêncio, um furto da palavra do outro. Ele chama essa atitude de necessidade de conquista. A palavra se volta contra o outro para dominá-lo e sujeitá-lo por um processo de amansamento e alienação. Freire viu que as camadas populares de nossa sociedade eram hospedeiras da palavra do dominador. (Freire, 1987)

Bakhtin entende a língua como diálogo. Ele não a concebe como um sistema fechado que se auto-explica, nem como uma mera expressão do psiquismo do sujeito. Para ele a língua é um lugar de interação humana, um lugar onde se entrecruzam valores sociais de orientação contrária.
Bakhtin considera empobrecedoras estas duas maneiras de conceber a língua, a qual é entendida pelo autor como um lugar de interação humana e, por isso, nos limites de sua proposta teórica, não há espaços para entendê-la como um ato individual, tampouco como uma estrutura fechada em si. Assim, entende a interação humana como “uma arena [...] onde se entrecruzam e lutam os valores sociais de orientação contraditória” (p. 66). (Bakhtin, 1981 apud Dieb e Araújo, 2010)

A visão de Bakhtin conjugada com a visão freireana de educação nos sugere que o processo de ensino e aprendizagem deve ser dialógico, pois seu carro-chefe é a palavra e esta é diálogo por excelência. Mas não foi isso que o educador brasileiro percebeu em sua passagem pela terra. Freire viu que a educação a qual ele chamou de bancária se funda na criação de mitos, no autoritarismo, no monólogo e na concepção mecânica de educação, ou seja, somos enquanto aprendente um depósito de narrativas do mundo, o mundo do outro, e este outro, representado pelo professor, tão alienado quanto o seu discípulo, é o dominador. (Freire, 1987), (Bakhtin, 1981 apud Dieb e Araújo, 2010)

Neste breve ensaio sobre educação dialógica não há a intenção de expor o cruzamento de idéias ente Bakhtin e Freire de forma aprofundada. Nossa pretensão é modesta. No entanto, não posso desconsiderar que tanto um quanto o outro viram a hierarquia do discurso. A semelhança de Foucault, Bakhtin e Freire viram que embora os discursos, não importando seu gênero, se digladiam, se refutam, se afirmam, se negam. Os discursos são como muitas vozes no mundo, são enunciados. O hospedeiro do dominador não o percebe, mas, repassa sua voz adiante, desta forma a ordem do discurso é a do dominador, pois, sua fala não lhe foi roubada, contudo, para Freire esse dominador se anula ao anular o dominado, o mesmo pensa Bakhtin, uma vez que se falo, falo para o outro, se outro não pode falar, eu não existo enquanto ser falante; estou só no mundo.
Nos embates da interação, os sujeitos se instauram a si próprios na medida em que não há uma proeminência de um sobre o outro e, por isso, ambos se revestem de uma postura responsiva ativa (BAKHTIN, [1953] 2000). (Bakhtin, 1981 apud Dieb e Araújo, 2010)

Na verdade Bakhtin não diz que existe hierarquia quanto ao discurso. O discurso, para ele, é polifônico. São muitas vozes no mundo e que a realidade é constituída de vozes que estão nos dizendo constantemente do mundo. Por esta causa não deve haver um discurso se impondo sobre o outro e que o professor deve ter cuidado de não deixar isto acontecer em sala de aula. Uma vez que todos os discursos nos falam do mundo cabe ao professor ter a capacidade de oportunizar ao seu alunado a maior quantidade possível de discursos. Pois assim, seus alunos terão acesso a diferentes visões da realidade. Roubar a fala do outro, na visão de Freire, seria não dar ao educando a capacidade de expressar o seu próprio discurso para que este tenha a oportunidade de conhecer o que sabe de seu mundo.


Assim meus caros, se o discurso é polifônico e a educação comporta diferentes discursos, podemos inferir, então, que o dialogismo freireano é polifônico. Sendo assim, a musicalidade brega enquanto discurso, pode com toda certeza ser usada em sala de aula nos cursos de produção textual nas séries do ensino médio. Isso se sustenta porque a música brega comporta diferentes discursos e por isso diferentes visões de mundo, e isso ocorre de tal forma que Sousa e Leite dizem que se torna muito difícil a classificação desse gênero musical:
Acreditamos que é devido a essas sucessões ambíguas, instáveis e incessantemente re-combinatórias que encontrarmos profundas dificuldades em definirmos com clareza e exatidão, gêneros musicais como a música brega, por exemplo. Esse universo musical está sempre disposto a se transformar, agregando ao seu repertório, uma rede extensa e complexa de referências musicais oriundas de diversas fontes, possibilitando compor em seu universo musical uma heterogeneidade de estilos musicais com o seu hibridismo cultural, o que termina por nos dificultar delimitar com clareza o que seria de fato, a música brega. (Sousa e Leite, Música brega: Um fantasma visível, 2009)

Ademais não resta dúvida quanto à facilidade de sua textualidade. A música brega é considerada brega por alguns porque possui linguagem “chula”; acredito que esta classificação é equivocada, mas, contudo, não deixa de ter uma verdade: Os textos bregas plasmam a língua do povo no papel. Sendo assim, usá-las como ponto de partida nas aulas de produção de texto e literatura seria muito interessante. Quanto ao uso do termo fácil nesse breve ensaio tem apenas efeito didático, pois, devo dizer que o termo em apreço é de difícil classificação no que tange ao léxico, afinal, o que é fácil enquanto palavra no léxico?
Ao compreender o brega como a cópia de um modelo e de um estilo, José (1991) descreve que nessa estética “as estruturas sonoras são organizadas e mantidas sem oposição, provocando nos ouvintes uma pasteurização em que todos os arranjos ganham um mesmo assobio”(p: 134). Outra característica da música brega se refere à simplicidade dos arranjos geralmente encontrados nessa música. Ao fazer uma introdução em seu livro sobre a música brega, Cabrera (2007) nos mostra que esse estilo musical se caracteriza pelas “rimas fáceis e palavras simples, num arranjo musical sem grandes elaborações” (2007, p.08). (Sousa e Leite, Música Brega: Um fantasma Visível, 2009)

Conclusão:
Não compartilhar da idéia de conspiração contra o pobre não é uma virtude, do mesmo modo, acreditar que ela existe não é um defeito. Existem sistemas e discursos que legitimiza uma determinada realidade. Sistemas que educam seres humanos de acordo com sua visão de mundo e os tornam presas fáceis de seus monstros ocultos em seus meandros, becos e vielas. No que concerne a nossa Educação, a História da mesma já nos dá uma grande ajuda para entendê-la. Fica aqui uma pergunta: Se temos acesso a tantas teorias e métodos, por que a nossa educação não nos atende a necessidade premente de nosso país: Consciência crítica? Quem sabe iniciando uma prática de leitura e redação com temas que falam de nossas angustias, manias e fobias, e nos revelam nossa cara bem popular com cheiro de sabão e perfume barato, ou até mesmo o velho francês, nosso proletariado não consiga engatinhando pronunciar o mundo?

REFERÊNCIAS:
Freire, Paulo pedagogia do oprimido, 13ª. Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987
WWW.julioaraujo.com/download/artigo10.pdf
Souza, Vinícius Rodrigues Alves; Leite, Reuel Machado. Música Brega : Um fantasma Visível. (Artigo apresentado no Seminário de Estudos Culturais e Relações Interétinicas. UFS, 2009)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Canto da Capital



Nova composição em homenagem à dinâmica de uma capital por aí....

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Capital, já temperei de lágrimas tuas ruas sem sal
Já escutei algures a lamúria da tua prole
Que ainda sofre o desafeto maternal

Então, teus filhos brigam

Pois o outro é sempre monstro:
Ou tu jogas o meu jogo
Ou eu te encosto

Como é rala a auto-estima
Ou te encaixas na panela
Ou estás fora da rima

A fisiologia é grossa:
Ou és tempero no caldo
Ou te encostas

terça-feira, 24 de maio de 2011

Adele

Há muito tempo perdi meu amor
Foi em segundos que ele apareceu
Obliterou-se em triângulo
E o corpo extemporâneo sucumbio
Hoje só uma matriz que se remodela em caricaturas
Dialogando com os rostos alheios.

É sim incongruente e neurótica a força do pathos
E se amar é sofrer
Acharam uma bela superposição para o que não é razão
Mesmo que invariavelmente o corpo não duvide de suas sensações
A dor a angustia
E o prazer em ter alguém para amar.

Falo isso pois ouvi uma voz que lembra você
Uma melodia simples
E creio que ao menos sua projeção ficará guardada
Esse sentimento que vira e mexe volta
É uma barca solitária em verso e prosa
Que por isso encontra caminho
De latitudes e longitudes tortas.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Preconceitos e hipocrisias

Ontem eu fui tomar umas no boteco Traseiro da Estratosfera para aliviar meus problemas e me deparei com minha amiga Josellen Bolucha. Pra variar, batemos um longo papo acerca de diversos assuntos polêmicos tratados em nosso contexto atual. Selecionei o nosso papo sobre os preconceitos e as hipocrisias sociais para discutir em meu texto desta semana aqui no torto.

Eu e Josellen temos semelhanças: somos duas baleias e sofremos preconceitos. Bolucha argumentou sobre a necessidade que a sociedade tem de optar pela hipocrisia ao construir discursos contra os preconceitos sem agir de acordo com esses discursos. Com isso, questionamos o limite da sinceridade de certas políticas da diferença tão comuns em nosso dia a dia.

Observamos que existe uma relação ambivalente no que se refere à aceitação e à negação entre as próprias categorias excluídas. A inclusão é exigida por quem se vê excluído, mas o excluído é também produto do meio e apreende os valores sociais como qualquer outro. Se por um lado ele nega os valores oficiais, por outro, ele quer esses valores legitimados pela sociedade.

Exemplo: o gordo, por se sentir excluído, defende-se para garantir os seus direitos em meio à arena política e pública. Contudo, o próprio gordo é educado a enxergar no não-gordo a alavanca para uma autoafirmação, um prestígio na hierarquia estética. Não é por acaso que muitos gordos não desejam os gordos, mas sim os que estão dentro de um padrão estético aceitável.

Óbvio que escolhas estéticas são próprias a cada um. Não é por que os gordos devam ter seus direitos garantidos que necessariamente eles não possam optar por outros padrões estéticos. No entanto, para mim, os valores sociais possuem um grande peso em nossas opções, mas infelizmente as categorias marginalizadas necessitam insistir em um discurso hipócrita.

A forma como expomos nossos discursos contra os preconceitos parece que prática nós de fato não temos preconceitos. Contudo nós temos. A diferença é que nos utilizamos de termos com o intuito de amenizarmos preconceitos. Ou seja, não podemos nos referir ao gordo por baleia, mas preservamos nossos preconceitos quando os não-gordos é que nos atraem.

Temos que reconhecer que apesar do fim dos preconceitos ser o Ideal, nós aprendemos ao longo de nossas vivências na cultura a classificar as coisas como melhores e piores, e os preconceitos não serão eliminados pelas simples substituições dos termos, visto que eles se mantêm em nosso imaginário construído ao longo da nossa experiência com os valores sociais.

É claro que ao interagirmos principalmente com quem não temos uma intimidade, nós agimos por conveniência, pois se inevitavelmente temos nossos preconceitos por introjetarmos algumas classificações sociais, por também nós sabermos que socialmente o preconceito é desagradável, nós evitamos fazer com que o outro entenda nosso ato como um preconceito.

No entanto, uma coisa é o uso de determinados termos como caracterização, outra coisa é a utilização desses termos como formas de discriminação. Posso dizer: pegue o dinheiro com aquela gorda como forma de utilizar as características dela para orientar a quem eu estou pedindo que pegue o dinheiro com ela. Outra coisa sou eu distingui-la como forma de inferiorizá-la.

Eu e Josellen Bolucha chegamos a uma conclusão: uma coisa é exercitar uma convivência com a diversidade cultural, outra coisa é dizer que estamos aptos em aceitar todos os excluídos. Por isso mesmo eu não intimido em utilizar termos proibidos pela hipocrisia do politicamente correto. Chamo os outros de baleias, de pretos, de bichas, de pobres e de aleijados.

Depois de muito papo, levantei-me para dar uma mijada, olhei-me no espelho do banheiro e disse: baleia. Ao perceber que eu estava bêbado, fui ao balcão pagar pelas minhas cervejas, afinal, não pago conta de seu ninguém, e resolvi seguir para o meu doce lar. Ao sair do bar, logo me esqueci de Josellen Bolucha ao me deparar com uma rabuda não-bolucha. Comecei a sonhar...



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COLUNA DE VINA TORTO SOBRE MÚSICA E SOCIEDADE NO CINFORM ONLINE

TEXTO DA SEMANA: CRÍTICAS ÀS MÚSICAS ROMÂNTICAS

www.cinform.com.br/blog/vinatorto

Depois da Rainha, Obama

Como se nao bastasse a visita da rainha, o "homem mais poderoso do mundo", segundo os jornais, esta por aqui. Nos sabemos como esse enredo se encaminha: uma manifestacao aqui, outra ali e meio mundo de gente (falo meio mundo, porque a impressao que tenho e que a Irlanda e sustentada mais pelas pernas dos imigrantes do que os proprios irlandeses). Mais ou menos 40 mil pessoas escutavam a ceu aberto, na Green College, o discurso do rei. Um rei que impera para todos os lados sob o porrete herdado do grande slogan: "A America e para os americanos " e o mundo inteiro tambem.

O que achei mais interessante foi a Irlanda, especificamente Dublin, ser o palco de atracoes para essas figuras publicas e que tanto a monarquia quanto a republica se fizeram bastante presente, mas com suas peculiaridades. Como disse, na semana passada a rainha, representante da monarquia inglesa, apareceu para fazer a politica da boa vizinhanca com seus primos- irmaos. Como muitos irlandeses se opoem a essa politica de dependencia direta entre os dois paises, nao faltaram motivos para algumas manifestacoes difusas. Muito precavida, a rainha estabeleceu a sua diplomacia no ambiente estritamente privado, ou seja, o povo ficou por fora. Diferente do rei imperialista, primeiro porque ele e muito mais democrata que a realeza conservadora. Segundo porque ele e representante de um governo republicano. Agora o que eu nao entendi foi o cordao de isolamento de ferro para conter o transito de pessoas e carros. Nao entendi porque a garda (policia) se espalhou por toda Irlanda. Para se ter uma ideia, de Dublin ate Naas, tinha garda em cada 50 metros. Se ele e a maxima da democracia, para que tanto controle de contencao e coercao? Deixe que o povo se manifeste! Ou talvez nao? Hobbes talvez tenha razao, a massa e irracional por isso, necessita do Estado para manter a sociedade coesa. E claro, vale ressaltar que a massa revestida de cidadania nunca sabe ao certo o que se passa entre os acordos financeiros.

Nesse caso, Obama veio trazer esperanca para um povo que nem e dele, indicando mais um sinal de prepotencia imperialista. Seu discurso soou musica para os ouvidos do povo: Os jovens irlandeses, inclusive os imigrantes, serao o futuro da nacao. Mas e claro, sao eles que pagam a aposentadoria e o seguro social dos desempregados por opcao que preferem ser pedintes. Seria melhor que ele usasse o velho Speak Up, ou seja, o discurso claro e aberto:" o pais esta lascado, tentando sugar as tetas da monarquia e tirar proveito da potencia economica alema e nos americanos viemos dar ajuda final e heroica". Acredito que entre os PIIG's, a Irlanda nao esteja tao mal. A maior prova e a onda crescente de espanhol. Dizem que la a crise chegou a niveis absurdos, por mes um cidadao tem que sobreviver com apenas 1000 euros, numa profissao decente.

Enfim, alem do desemprego o pais anda assombrado. Tendo medo a todo instante que alguem exploda uma bomba. Os animos estao a flor da pele. E o mais engracado e que ninguem pode esquecer uma mochila, todos pensam que e uma intencao cheia de propositos. Vi isso quando esperava o onibus na estacao. Aquela mochila sem dono comecou a incomodar os funcionarios de tal modo que eles apelaram para a "garda". Imaginando ser um atentado contra as autoridades e mais um sinal de terrorismo em resposta a vinda do presidente americano, ele vistoriaram milimetricamente cada conteudo dentro da bolsa. Perceberam que a sua aflicao foi em vao.
A sombra do medo se projeta no comportamento histerico da cidade. Pessoas, cidadaos e autoridades... os cantos cheiram a polvora fria. Esse medo ainda se permanece frio, apesar de algumas palavras enfurecidas "Close Guantanamo- Stop Torture" and " Victory to the Arab Revolutions- end US support for dictators". Essa ultima foi a melhor. Uma visao radical sobre o supremo oponente americano. Ele pode ser o dono do mundo, mas conspirador de todos os males... creio que seja impossivel.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A MORTE DE OSAMA OU CARNAVAL FORA DE ÉPOCA NOS EUA

A morte de Bin Laden foi bastante comemorada pelos norte americanos, seja nos altos escalões do governo, seja pelo povo. Parecia que tinham ganhado um campeonato mundial de basquete, beisebol ou de futebol americano. Nas comemorações declarações de alivio pela morte de Osama, camisas e bandeiras dos Estados Unidos e, até bonecos, foram utilizados para simbolizar a “vitória” contra o terrorista. Pela internet souverniers foram produzidos como mais uma expressão da desforra pela morte de Bin Laden, por meio de chaveiros e camisas com escritos “Obama get Osama” (Obama pegou Osama)

A comemoração nas ruas foi acompanhada pela imprensa, com buzinaço, bandeira americana, declarações de vitória contra o maior inimigo público que os EUA tiveram nos últimos tempos. Afinal os americanos tem os seus motivos, já que as torres gêmeas foram derrubadas e mataram muita gente, deixando uma fenda profunda na sociedade daquele país. Quero destacar que não concordo com a ação militar dos EUA, pois afronta a soberania dos países que invade e os princípios democráticos, principalmente, a forma de encaminhamentos do programa anti-terrorismo no pós 11/09. Muito menos sou partidário dos atentados da Al-Qaeda ou de qualquer outro grupo pelo mundo. Ficarei na posição de torto desorganizando minhas idéias.

Quero me deter nesse texto a um fato bastante peculiar que é a reação de revanchismo manifestada pelo povo americano e mais do que isso a comemoração e comoção pública pela morte de um opositor. Já que, mesmo não estando em solo americano, Bin Laden participou de um atentado no país que atualmente carrega o posto de país mais poderoso do mundo do ponto de vista militar e ideológico.

Simbolicamente esses ataques a símbolos nacionais, foi também um golpe no mais forte, pois os pontos atingidos representavam, e representam, centros de poder político, casa branca, e econômico, Wall street. Esse golpe representa a derrocada do Golias pelo Davi. Outra questão é que a guerra moderna capitaneada contra o terrorismo remete a não apenas o ataque efetivo ao território opositor, explosões de homens-bomba, ataques surpresa ou ações militares revanchistas. A guerra moderna está pautada na possibilidade de acontecer o próximo ataque. As informações e ameaças são anunciadas antes de acontecerem e sem aviso prévio, como correu com os ataques de 11/09, as declarações de Bin Laden pela internet e a ação silenciosa do assassinato do mesmo.

O fim da ameaça latente para os americanos passa pela destruição de tudo o que estava ligado a Bin Laden. Desde o desaparecimento misterioso de seu corpo até a destruição da casa onde passou seus últimos dias no Paquistão. Tudo para que não possa acontecer o nascimento de um mártir. O medo do governo americano em destruir tudo que pudesse servir como meio para culto a Bin Laden demonstra o receio da idolatria. Dar um fim no corpo e incendiar sua casa representa a tentativa da destruição do símbolo do ódio contra o imperialismo americano e sua cultura.

Temos uma dimensão política/religiosa nesse meio. A Al Qaeda e as alas mais radicais do islamismo mantém a associação entre política e religiosidade, inclusive os discursos de Bin Laden ou de Sadam, apontavam os EUA como grande demônio. Além disso, os atentados com homens-bomba estava pautada pelos valores muçulmanos que conduzem ao paraíso os fieis que morrerem por Alá. Os valores cultivados pela democracia carregam perspectivas morais e culturais cultivados no e pelo ocidente e que se contrapõem com as civilizações muçulmanas, principalmente, as mais radicais.

A guerra psicológica e ideológica alimenta todo o simbolismo e a criação do inimigo em potencial. Diante da situação de ameaça a busca por solucionar a situação de tensão e ameaça latente abala a idéia de civilização. Nesse sentido, sentimentos combatidos pela idéia de civilização, forma moderada de terrorismo, e cosmopolitismo. Como aconteceu nos EUA, onde qualquer muçulmano passou a ser um potencial homem bomba. Será o cosmopolitismo existiu em algum momento? Ou foi a situação de medo?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

ELE TRISTE...

Inquietante solidão atravessa a Rua Augusta.
A névoa impede a visão das lojas e camelôs.
O barulho incomoda os tímpanos da alma aflita.
Seu pensamento transporta-se para um passado muito ido.
Menino perfeito entre os de sua idade.
Nunca esqueceu sua cidade.
Perdeu-se no país.
Perdeu o nome.
Saiu de casa e nunca mais voltou.
Morou na Rua desde então.
Viajou de carona com freqüência.
Caridade.
Tenham piedade!
O moço agora descansa num necrotério aguardando visita.
Ninguém aparece.
Seu cadáver não apodrece.
Enrijece.
Vira pedra como a cidade, uma peça se tiver sorte.
É isso...

Sem Pensar, Pulsa.

Sem pensar, Pulsa.

Experiencias comentadas por escolhas diferenciadas,
indiferenças afastadas para não desapegar,
inscrições esquecidas em listas apagadas,
encontros desnecessários sempre desmarcados.

Marca passo, pulso pula,
mata o rumo, aperta o parto.
Em cada lado, em si, descubra.
Em cada quadro, por si, desnuda.

Eloquência destemida em aventuranças arrependidas,
a genialidade brutal arremessando a liberdade.
Muros que se erguem nas fronteiras vencidas,
assombram a versatilidade do romancista moderno.

Encurralado lago, larga o fardo,
perde a chama, apaga a alma.
Assim se acende, a quem te chama, uma brasa.
Enfim se ascende, a quem em chamas, e se abraça.

Essas sobras desdobradas lamentando o real,
novidades que empolgam a imaginação tão racional.
procurando termos que se aproximem premissas,
perdendo os textos que alimentam a lógica.

Assombroso fica, pica o corpo,
em loucura cede a sede da alma,
levantando ânimo sem repouso,
acordando lágrimas, no fim, o louco.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Amor Instinto




Uma música-raspadinha para inaugurar a minha postagem de composições...

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Moramos na mesma casa,
Mas mantemos as portas dos quartos fechadas
Como se acreditássemos
Num futuro que fará nossos abraços
Menos duros
Que trará a nossas vidas menos danos

E não faz mal
Posso dizer que entendo disto
O amor é instintivo e natural

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Os militantes e os religiosos

Esta semana, ao dialogar com um conhecido que se diz anarquista, veio-me uma inspiração em falar sobre a proximidade que eu vejo entre os militantes e os ditos religiosos. Tanto o militante quanto o religioso, apesar de aparentemente possuírem discursos distintos acerca da realidade, negam-se em aceitar o humano em sua condição animal.

Ao me referir aos religiosos, estou falando dos adeptos das religiões evangélicas e católicas. Não que as outras crenças não possam ser cristãs, mas essas duas possuem a característica de impor uma privação muitas vezes excessiva em relação aos instintos do humano. A umbanda, o candomblé, por exemplo, admitem o transito entre o humano e o seu lado instintivo.

Quando falo dos militantes, refiro-me aos ditos comunistas, socialistas e anarquistas. Não estou descartando que pessoas fora dessas três correntes não possam alterar uma realidade, nem que todos os individuos que dizem fazer parte de uma dessas correntes sejam de fato militantes, mas é bastante perceptível que essas correntes possuem um discurso oponente ao sistema e crêem que uma maior coletivização dos modos de produção pode ocorrer em tempos futuros.

Para os militantes de tempos atrás, quem fosse religioso e acreditasse em Deus era um ser alienado. Tudo que se referia à fé era tido como fuga da realidade, cegueira para as mazelas da realidade. Instituições religiosas eram associadas ao ópio do povo. Essa visão de certa forma ainda não foi dissipada do imaginário daqueles que acreditam que a verdade é a revolução.

Já para os ditos religiosos, quem fosse considerado um militante e não acreditasse em Deus era tido como um subversivo. Tudo que se associava ao ato dito revolucionário era tido como algo distante do sagrado, era classificado como o ápice do pecado. Para os religiosos, esses subversivos eram perigosos aos bons costumes da sociedade.

Apesar de se afirmarem como distintos, ambos os universos negam o lado animal do humano. Vejamos primeiramente os ditos religiosos: ao tentarem muitas vezes impor a perspectiva do criacionismo, é por que eles se negam a aceitar a teoria evolucionista de que os humanos são originários dos macacos, e, portanto, são animais e possuem ligações com a natureza.

Quando esses religiosos privam os humanos do sexo, seja através do celibato, da virgindade antes do casamento, eles negam a coisa mais inerente à natureza que é o coito. Quando insistem no discurso de que se é necessário ter piedade do outro, humildade para com o irmão, isso vai totalmente de encontro à possibilidade da agressividade inerente a qualquer animal.

Já militantes, apesar da maioria se dizer descrente em Deus e na importância das instituições religiosas, uma boa parte reproduz um discurso cristão e de negação do lado animal do humano. Acreditar absolutamente na fraternidade entre os homens é acreditar meramente na bondade humana e esquecer da agressividade inerente à natureza desse animal chamado homem.

Quando fazem severas criticas a propriedade privada, eles não enxergam que as relações de poder também existem na natureza, e que essa natureza é distribuída entre o que tem poder e o que não tem. Não estou querendo naturalizar as relações de poder. Só estou dizendo que não devemos esquecer que a desigualdade também faz parte entre os animais na natureza.

É por isso que para mim, mesmo entre as posturas contrárias dos militantes em relação aos religiosos e dos religiosos em relação aos militantes, existe entre ambos a negação do lado animal do homem. De um lado, a insistência em se negar as necessidades vitais da natureza e do outro a insistência em negar as relações de poder inerentes a essa natureza.

É importante aceitarmos a condição do humano enquanto animal. Aceitando a relação cultura/ natureza, quebraremos mais as nossas intolerâncias por aceitarmos alguns desvios dos indivíduos revelados na cultura, pois reconheceremos que antes de sermos apenas movidos pela ética da perfeição imposta pela cultura, também somos o pulsar do mundo natural.


LEIAM TAMBÉM: COLUNA DE VINA TORTO SOBRE MÚSICA E SOCIEDADE NO CINFORM ONLINE

TEXTO DA SEMANA: MÚSICAS BOAS E RUINS?

www.cinform.com.br/blog/vinatorto

A rainha POP e sem popularidade

Esses ultimos dias tenho notado que varios bueiros, se nao todos, do centro de Dublin, estao marcados. A "garda"(policia) passava horas revistando esses buracos subterraneos. Sinceramente, sempre tive curiosidade de saber o que se tinha debaixo de um bueiro. Imagino eu, que nao so ratos. Nesse caso, o panico do terrorismo ronda por aqui. Desta vez, nao sera culpa do Osama, o IRA vem dando o sinal da vez. As valetas podem a qualquer momento ser obstruidas por uma bomba. Uma bomba que nao tem intencao de atingir a massa irlandesa, mas uma intrusa inglesa. A rainha anuncia a vida por esse pais.
Apesar de ser uma extensao, uma prima proximo da Inglaterra, o seu povo nao ta nem ai para a monarquia. Afinal, para que diabos uma monarquia representativa? A mais nova foi o casamento do principe, milhoes e milhoes escoaram na conta da nobreza para realizar o estupendo encontro matrimonial de dois icones que nao param de sair na revista da semana. Nos sabemos sobre essa velha historia: imposto aumentado, sobrevalor retirado na hora do trabalhador ingles, e vai la saber se os vizinhos, como a Irlanda, nao esta nesse meio. Por aqui, cortes ja se tem abusado muito. E a velha rainha esta querendo resgatar a sua popularidade. Nao sei se vai conseguir, afinal ela nunca pisou por aqui. Mas como os meios midiaticos ajudam qualquer um ficar pop, nao entendo por que ela esta perdendo a realeza. Dizem por ai, que e a sombra da eterna Diana. Ou talvez, a monarquia esta fora de moda, desde a epoca dos Bourbons.
Sem desejo, nao ha realidade. A vinda dessa rainha perdeu o sentido. Coitados dos ingleses, nao bastou o casamento, como tambem tera que arcar com um batalhao de soldados de chumbo para proteger o velho corpo languido e fraco, a rainha POP, sem popularidade. Acredito que ela sinta falta de Andy Warhol. Nao existe mais ninguem que faz um rosto em inumeras series ate perder colorido como ele fez com Marinlyn Monroe. E se o IRA conseguir apagar a sua imagem de vez...
Ah, a rainha... pobre da rainha.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

EUA, OBAMA E... BIN LADEN ESTÁ MORTO?

A relação de Bin Laden com o mundo ocidental e especificamente com os estado unidos em de longa data. A edição dessa relação não teve o seu marco no onze de setembro de 2001. Bin Laden recebeu armas dos estados unidos na luta contra o inimigo da foice e do martelo durante os tempos de guerra fria. Esse curso mudou drasticamente quando Al Qaeda, grupo liderado por Bin Laden, assumiu os ataques do 11/09.

Durante o governo Bush o programa anti-terrorismo promovido pelo EUA levou “terrorismo” para os povos de outros países e antigos inimigos foram caçados, dentre eles Sadam Husseim, julgado e executado. O fim do inimigo não significa que o conflito tenha acabado. As organizações por trás desses líderes não se resumem a eles. A Al Qaeda, por exemplo, divulgou nota pela internet prometendo novos ataques.

A morte de Osama foi uma grande jogada política do governo de Obama. Já que esse visa a reeleição e a promoção da sua imagem como primeiro negro presidente dos EUA e promotor da paz e da harmonia mundial, já que o referido presidente recebeu o prêmio Nobel da Paz. Vamos analisar como essa ação política ajudou Obama, nos Estados Unidos e fora dele.

Primeiro, Obama, deseja a reeleição, isso é notório, pois o mesmo já iniciou a sua campanha para a reeleição pela internet. Mesmo com um ano de antecedência das eleições americanas. No ano passado o seu governo teve uma queda na popularidade e sofreu uma baixa nas eleições para o congresso, além disso, o país sofre com as seqüelas da crise no setor imobiliário em 2009. A ação militar para execução de Bin Laden mostra uma forma de reascender as expectativas criadas em torno de sua eleição. Com isso, como foi registrado, a sua popularidade foi aumentada após o anuncio com o sentimento de nacionalismo demonstrado nas comemorações do povo americano diante do assassinato.

Segundo argumento, que se liga ao primeiro argumento, a busca pelo apoio popular se estendeu também para os republicanos, representados por George W. Bush, elogiando a ação. Por outro lado, isso se torna uma boa estratégia política, tendo em vista que uma das promessas de campanha de Obama foi o da retirada das tropas americanas do Afeganistão e do Iraque. E como os principais e aparentes motivos já foram eliminados, as tropas voltariam. Isso é ponto para os democratas, já que durante o governo Bush, o mesmo não conseguiu alcançar esse objetivo.

Do ponto de vista internacional, a morte de Bin Laden ainda causa dúvidas e protestos principalmente de ONG’s ligadas aos direitos humanos e dos entidades ligadas a ele, como o Talebã e Al-Qaeda. Protestos foram noticiados no Afeganistão e Paquistão. Esse, inclusive, reprovou a ação misteriosa dos americanos, que não desenvolveram a ação sem o conhecimento do Estado Paquistanês.

O fato é que os EUA colocaram mais pólvora nessa disputa e o que presenciamos foi mais uma queima de arquivo do que uma ação política diplomática. Mais uma vez, a arbitrariedade americana se afirma acima das leis internacionais e da soberania dos países.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Elurofilia

Os livres são peregrinos
Traçam percursos em tecido liso
Fazem questão de viver o impreciso
E se espreguiçam depois, qual felinos

A superfície lhes é superfina
E as loucuras são sempre bem-vindas
Deixam correr as linhas imprecisas
E lançam mão de firulas felinas

Já não pretendem mais salvar a fauna
Pois cada um que suplante sua jaula
Do que eu acho do que você acha

Os gatos movem os novelos de lã
Com tal apelo
Rendem-se e dormem ao mais súbito afã
Tudo é passeio
E até o amanhã
Se faz passageiro


terça-feira, 10 de maio de 2011

O velhinho era torto




Há muito queria escrever para o Torto sobre o torto, hoje quero falar um pouco sobre alguns dos meus recentes pensamentos sobre o torto. Percebo que ultimamente estamos presenciando vastas digreções a respeito do caráter ambíguo torto, porém, creio que na verdade a postura que assumimos é um arranjo lógico que está para todos os efeitos, longe de um dogmatismo ou de uma postura estanque da realidade, que se resumam as universalizações. Para as abstrações lógicas provenientes do torto podemos relacionar com o quadrado Lógico Aristotélico, que veremos que esta supracitada ambigüidade não tem a priori nada de pós-moderno ou reacionário como alguns queiram interpretar, que se configura, portanto em um esforço reflexivo. Vamos ver o quadrado lógico:

Toda proposição categórica pode ser reduzida a alguma das seguintes quatro formas lógicas.

• Proposição 'A', a afirmação universal ("universalis affirmativa"), cuja forma em latim é "omne S est P", normalmente traduzido como "todo S é P".
• Proposição 'E', a negação universal ("universalis negativa"), cuja forma em latim é "nullum S est P", normalmente traduzido como "nenhum S é P".
• Proposição 'I', a afirmação particular ("particularis affirmativa"), cuja forma em latim é "quoddam S est P", normalmente traduzido como "algum S é P".
• Proposição 'O', a negação particular ("particularis negativa"), cuja forma em latim é "quoddam S non est P", normalmente traduzido como "algum S não é P".

Pensando nisso, quando os tortos vêem que uma coisa pode ser isso mas também aquilo apenas vê que um mesmo sujeito em determinados contextos pode ser coisas distintas, ou seja, a relativisação do sujeito é um esforço que contempla as particulares afirmativas ou negativas, onde eu me aproprio de um recorte particular do sujeito, sem suprimi-lo. Por isso que o sujeito pode ser isso e aquilo em uma proposta construção lógica. Porém, quando se trata das universais afirmativas, estas não podem ser categoricamente verdadeiras ao mesmo tempo dentro do quadrado lógico, pois se são universais correspondem estritamente a um determinado sujeito em um mesmo contexto ou dimensão da realidade, que contempla a totalidade de um conjunto. Vamos dar um exemplo simples de um veneno, ele pode matar por exemplo, em determinadas circunstâncias porém, a depender da dose ele pode até fazer bem ao nosso organismo, porém o mesmo veneno nas mesmas condições e em relação ao mesmo sujeito não pode matar e não matar ao mesmo tempo, mas por assumir várias facetas não deixa de ser o mesmo sujeito ou objeto.

A critica que faço ao torto é que as variáveis de um problema elas são múltiplas e através do exercício da reflexão podemos captar dimensões alhures de um mesmo objeto, onde ele pode se apresentar de varias formas, corre o risco portanto de nos perdermos nas variáveis ou particularidades. É preciso, pois se acreditar em uma hipótese das coisas (coisa que Vina já destacou bastante também), e empregrar trabalho. Pois a realidade é feita de uma natureza prática: será que a bala vai me matar? Será que entrando aqui irei chegar naquela rua? De tal forma que isso se relaciona totalmente com o arranjo de nossa linguagem e com a funcionalidade do espaço social. O que os positivistas ou a-críticos faziam ou fazem é exatamente dimensionar um dado problema até que ele pudesse ser universal, ou seja, é um esforço para criar categorias universais que deixa de enxergar a particularidade dos fenômenos, crendo que seu enquadramento ou metodo é infalivel, no sentido de conseber se chegar A verdade de nenhuma outra forma se não pelo metodo cientifico entendido por eles.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Torto: uma casa sem lar

obs: por eu me encontrar diante de um momento crucial de revisão acerca do que eu entendo como torto, resolvi trazer esta semana um texto publicado no site Eu Autor no dia 24 de dezembro de 2009 para comparar algumas posturas antecedentes com as minhas produções atuais.

O meu torto tenta vivenciar o todo por ele acreditar que tudo pertence ao mundo. Porém, o torto não compartilha de tudo por ele ter consciência de que, por ser humano, possui preconceitos. O torto também não acredita nesse tudo de forma inquestionável, pois reconhece que o tudo não passa de várias partes que se refazem e se desfazem incessantemente impossibilitadas em responder definitivamente sobre a totalidade da realidade. O meu torto acredita que esse tudo que ele busca conhecer, não passa de várias partes rearticulando-se o tempo inteiro em um conjunto que nunca se completa chamado todo.

Já que o meu torto busca vivenciar tudo, podemos dizer que ele é plural. O fato do torto ser plural, nos proporciona encontrar uma classificação e uma definição do que seja torto. Por outro lado, apesar de saber que a pluralidade é o que define o torto, o fato de ser plural, implica em buscar degustar de tal forma das inúmeras possibilidades, que mesmo se definindo como plural, o torto não tem definição precisa, sendo por isso mesmo, inclassificável.

Poderíamos perguntar: apesar do torto ser definido justamente por sua pluralidade, , qual é o lugar que o torto ocupa? Eu poderia dizer que o meu torto ocupa o meio. Mas ele sabe que justamente por ocupar o espaço do meio, ele não tem moradia certa em nenhum lugar, afinal, o meio, por se encontrar em um espaço de transito entre vários lados, pertence a vários lados, e, portanto, é ambiguo.

Mas também posso dizer que o torto ocupa um lugar, pois querendo ou não, o meio é um lugar. Por ficar no meio, o torto ocupa um espaço, mas sem espaço certo. Além disso, ao dizer que o meu torto não tem lugar certo, não significa dizer que o torto não encontre lugar para ficar, uma vez que, por pelo menos buscar reconhecer a importância da diversidade, o torto, pode encontrar algum lugar para ficar, visto que algumas partes podem compartilhar de uma relação mais amistosa com o ele.

Portanto, em sua posição inclassificável o torto pode ser classificável e em sua classificação ele não se classifica. O torto tem casa, e por isso mesmo pede abrigo. O torto se encontra em vários lugares, mas não possui endereço. Eu poderia dizer que o torto acorda em sua cama, mas não tem onde dormir. Enfim, o torto é uma casa sem lar.

domingo, 8 de maio de 2011

Monólogo Alternativo (por Alan Almeida)

Fragmentos tsc teclado ruim
Pobres coitados cavalos bipedes!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Tanto é que já virou modinha de alternóides a exigência de uma extase padronizada. Perceba: todos acham que pra se provar que se está feliz, temos que rir, conversar, dançar, pular. Mas eles cobram isso porque no fundo eles se cobram por não conseguir querer passar nada disso para os outros, a não ser como forma de teatralização, coisa que eles sabem muito bem fazer.kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
vina,e essa sociedade que obriga sermos felizes ou se mostrando ou fingindo se feliz e falando coisas padronizadas so para se encaixar a determinado modelo , problema e que isso n passa de pura mercadoria algo imbutido pela midia essa onda de ser feliz sempre apusso , essa sociedade cria a felicidade de um grupo que tem que seguir determinadas condutas , alguns acessorios de moda , um exemplo para colocar e chapada da diamantina o Brasil tem tanto lugar semelhante ,portanto umas das grandes atração principalmente de universitarios e algumas pessoas que se vestem que nem hippie e a chapada da diamantina onde tudo e caro ,e a propria estrutura do lugar (restaurantes , lanchonetes, pousadas etc) , tem uma estrutura alternativa ou seja o ocorre que atração da midia , que usa aquele visual alternativo da mtv , atraindo para um lugar onde ira gerar renda ( ja que tudo la e caro )em um lugar com ambiente alternativo e eco ,a chapada da diamantina torna se um lugar mercadologico ,atraindo as pessoas nao pelo em si mas por determinados grupos que seguem conceitos , que pelas imagens ,divulgaçao , por bate papo de galera falando sobre o lugar e vao para um lugar construido pelo interesse de midia consumo e mercadoria . estao classificados num grupo construido geralmente pelo mercado e midia .

LAGOA REDONDA TBM ESTA OCORRENDO ISSO TEM GENTE INDO LA PELA PUBLICIDADE DE PRAIAS , ALTERNATIVOS VAO COLAR MAIS LA , MAIS O PRINCIPAL FATO DE HAVER PESSOAS FRENQUANTADO MAIS O LOCAL E A FACILIDADE DE TRANSPORTE COM A PONTE JOAO ALVES, ECONOMIZA . O LUGAR IRA SOFRER TRANSFORMAÇOES PARA INVESTIMENTOS MERCADOLOGICOS COM CONSUMO ( SEM CONTAR O FAMOSO BATE BOCA E AS IMAGENS QUE VAO ATRAIR MAIS PELO LUGAR (msm assim talvez vou pra la rapidao) pode ser com fato de aracaju ter pouca opçao .
apesar disto eu e outras pessoas com pensamento semelhante aos meus estamos um poucos inseridos nisso , mas nos nao vamos seguir tudo determinado por esses grupos pela necessidade de ser aceito a determinado ou ficar bonitinho no papo e seguir coisas que sao construidas artificialmente para atrair e consumo , com este comentario quis dizer que devemos procurar mais sobre novas formas e novas concepçoes de lugares . nao ficar preso a discurso (vou pegar emprestado de vina) alternoides fechados so para ser aceito de qualquer forma e se tornar um ser humano homogeneo como varios grupos que os alternativos falam mal . existe no Brasil muitos lugares com belezas semelhantes chapada da diamantina ( so vejo grupo universitario ou alternativo ou algo semelhante indo pra esse lugar que tudo e caro etc )
esqueci de alguma coisa . mas para terminar gostaria de colocar que o maior exemplo aqui no nordeste de segmento musical que mais mostra como o consumo e mercadoria estao a deteminar a conduta , esteticas e atraçao das pessoas e o pagode , o pagodeiro tem como conduta do seu segmento que querer se mostrar um pagodeiro pode ser humilde e simples mas pela conduta de de sua musica ele tem que ser mostrar, como por exemplo os pagodeiros tem colocar som alto na rua para mostrar se mostrar e mostrar que sua musica predominante apesar de repiti la varias vezes , tem usar acessórios da moda do momento que todos pagodeiros usam , as tatuagens tem sempre esta na moda do momento colocar algo agressivo como tigre ,pit bull . tinha epoca que a tatuagem era japonesa a moda , atualmente a moda e tribal e ter um corpo inchado de musculo esta estetica mostrar poder ( pra mim falso ) . o vejo nos pagodeiros e seguir sempre moda passageiras e micros para assim consumir mais se mostrar competidor e sempre se mostrar o melhor , numa sociedade o que vale e o individualismo e o consumo de varias como cerveja e roupas de moda
eu msm posso participa mas como observador e ligado , estando la mas n ao sendo aquilo srsrsr estou me defenindo de + , mas que ver meus outros comentarios neste movimento pode de ter uma idea melhor do que eu sou ,meus gostos etc .
Guy Debord no seu pensamento relata que a sociedade do espetáculo a arte não se cria ela se repete o capitalismo tem a habilidade de repetição da arte , os alternativos atuais não passam de meros reprodutores da arte em sua maioria , uma arte voltada ao consumo mercadológico ,a falsa imagem do eu em sua maioria e isso se consolida com a globalização em 91 em diante .
Mas humanidade tem esperança de mudar. Eu tenho.

sábado, 7 de maio de 2011

O Torto (por Anônimo Barros da Costa)

Eu mesmo apaguei o comentário. Mas foi sem querer. Acabei perdendo o texto assim. Aí resolvi pôr ao menos o registro disso, entendem? Eu dizia o que é o torto para mim. Ser torto é não temer postar um video em que você, em vez de responder "o que é o torto?", esboça antes uma justificativa para o fato quase constrangedor de se estar num centro de consumo. Ser torto, é separar sujeito e verbo com vírgula, mas sem consciência da trangressão, por desconhecimento mesmo. Ser torto é "dar asas à sua imaginação", como tomar um Redbull fora do berço. Torto é começar um manifesto com o rabisco "está diretamente associado à concepção que cada um venha a considerar o que seja torto", quando poderia simplesmente dizer "é o que você quiser... o que eu não digo não tem nada a ver com nada!". Ser torto é ter o direto de ser anônimo, ou mesmo de se chamar Anônimo Barros da Costa. Ser torto é uma das qualidades do blog O Torto. É "se perder nas próprias palavras", inclusive se entre elas não houver estofo. Ser torto é ser genuinamente engraçado. Ser torto é se irritar, mas não muito, e comer batata frita. É se levar muito a sério, mas de tal modo acidental que até parace sem querer. Ser torto é viver em Aracaju (onde mais um movimento tão representativo poderia ter surgido?). Ser torto é fazer marketing pessoal. Ser torto é ter senso de humor. Ser torto é o achismo introjetado. É ser inter-semiótico, ultra-pós-moderno, pré-datado, anti-nada, pró-qualquer-coisa, in-dor, out-truista, e-tc. Ser torto é, ao responder o que seria o Movimento Torto, iniciar explicando o que haveria de ser o movimento, para só depois disso elocubrar, porventura, ou deveras, a respeito do específico raio da circunferência mesma em torno da qual giramos, que, para todos os efeitos, seria ao cabo de tudo o objeto sobre o qual se debruça, ou seja... o torto. Ser torto é insistir em escrever quando se deveria ler ad infinitum. Ser torto é manter seu próprio nome como única palavra-chave do manifesto que escreveu (e que, de quebra, vai também no título). Ser torto é casar com a Rosa Elza Soares e driblar com as duas pernas. É fazer textos que não incomodam ninguém. Ser torto é demorar um pouco a perceber que com um cachimbo na boca não é mole falar ("ceci n'est pas une pipe à la bouche" bem poderia ser o título de um video-manifesto). Ser torto é curtir escrever manifestos (estou curtindo fazer o meu, este aqui... dá pra publicar?). Pra ser torto é preciso que você nos lembre disso. Ser torto é o que há. É a versão 2.0 dos manuscritos de Qumran. É ir à praia de paletó e não tomar cerveja. Ser torto é ser engraçado. Torto é o homenzinho torto daquela canção católica. Torto é o trajeto da bala que não mataria Osama (e nunca matou, posto que é torto). Torto é o inconformismo que vem de dentro, yeah, é o dente na guarganta da sociedade amortecida. Ser torto é a missão dos despertos, escorregando na verborragia-sabão. Torto sou eu e você, forçosamente sem entender do que se trata. Ser torto é acreditar um pouquinho em que a linguagem serve pra alguma coisa, e esquecer o urso polar. O Movimento Torto é sinoidal. Cuidado, que o torto tá chegando. Cadê o torto, cadê torto, o torto onde é que está? O torto é um subsistema tardio do Dadaísmo, mas é autodegenerativo (ah não, não quero...). É a claridade da visão, a despeito da areia. O torto não é totalmente assim. Ser torto é poder validar minha opinião. Torto é ser carente. É o Tião Macalé. É o Jards Macalé, especialmemte até 1974. Torto é quase um palíndromo. Torto é o hábito da verborragia que esconde a verdade simples sobre o olho. Torto é aquela granja lá. Ser torto é seguir Drummond, aquele gauchesco (jamais dos pampas). Ser torto é rir do palhaço. Torto is in the air, everywhere you look around.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

NAVEGANDO NA INTERSUBJETIVIDADE

Dentre as diversas transformações produzidas pela nenhuma atraiu tanto o fascínio do home contemporâneo como a internet. Essa ferramenta de comunicação dinamizou as relações comerciais, políticas e sócio-culturais do final do século XX e inicio do século XXI.

A internet foi criada para auxiliar na proteção de informações e elaboração de estratégias militares durante a guerra fria entre EUA e URSS. Com a diminuição da tensa relação entre os dois grandes blocos, a internet ganhou outras utilizações não menos políticas, mas bem mais diversificadas. Por permitir interação com diversos lugares do mundo e apresentar possibilidades que vão desde o entretenimento até a mobilização em prol de causas políticas, sociais e culturais, a internet passou a ser a companheira de muitas atividades e pessoas, o que representa a dedicação de boa parte de nossas horas semanais a essa ferramenta para diversos fins.

Por esse motivo, venho tratar de um aspecto em destaque a um bom tempo na internet que são as redes sociais. Parto do principio que nesses portais de relacionamento são criados subespaços com dinâmicas temporais especificas criadas para diversas finalidades.

A internet modificou a forma de nos relacionar e, com isso, também maneira de como lidamos com a nossa subjetividade. A quem diga que essas tecnologias distanciem o contato real e criem indivíduos co dificuldades de se relacionar com os outros. Por outro lado existe a complementaridade entre o mundo real e o virtual, onde conhecidos ou desconhecidos se conhecem marcam encontros, trocam informações, constituem grupos de discussão, fazem amizades, transam, namoram, casam, enfim, reproduzem o que os comportamentos do mundo real.

No universo virtual as subjetividades ganham maior espaço, já que, nesse mundo, as regras morais possuem caráter transitório e fluido. As sociedades criam condições para a que os indivíduos possam amparar as suas subjetividades em um terreno firme traduzido em comportamentos e códigos compartilhados. Com isso, as subjetividades encontram instituições prontas que procurarão conduzir a formação da personalidade desses indivíduos em princípios morais e culturais cultivados pela sociedade da qual faz parte. Portanto, temos a veiculação da relação espaço, tempo e subjetividade, já que esse sujeito buscará as respostas para a sua conduta e visão de mundo nas convenções. A internet, por outro lado, abre o leque para que as subjetividades possam se afirmar por meio da busca de suas preferências por meio de relações intersubjetivas virtuais. Essa característica pode ser verificada também pela relação que estabelecemos com a tecnologia.

Os computadores domésticos foram projetados para serem utilizados por apenas uma pessoa. É apenas um teclado, um monitor, um mouse... Além da proteção de informações pessoais que podem ser acessadas por meio de senhas. Essas características da parte física e de programação dos computadores criam condições para a privacidade o que pode levar a busca por preferências comportamentais, políticas, culturais e mesmo de fantasias sexuais que o mundo “real” ou “objetivo” não permitiria.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Cetim

No instante um instinto
Teus sopros, em mim
Supôs ser meu bailarim
Não suponha, ressinto
Em cena, és o arlequim
Incense meu véu, enfim

Por um mero troféu
Um tecido e um engano
Não encene, nem torne-te réu
O ter sido cigano
Borrou meu carmim
Mas vem, aceito o cetim

Haja Compaixão!

Há um homem que, ritualmente, irrompe-se em minha frente, pára, deita a cabeça para o lado e me observa como que pedindo comiseração. Ele é branco, curto, sua barba e seu bigode lhe ultrapassam a boca e a face, o que me faz associá-lo fisicamente a minha pequena cadela. Não que as semelhanças por aí sobrestivessem, pois o que vislumbro em meu pequeno e dócil animal, que empreende o mesmo ritual, é a mesma clemência por compaixão.

O que acaba de fugir ao ordinário é que hoje me tomaram de assalto pensamentos sistemáticos acerca de tal ritual. De qual dos dois devo eu mais compadecer-me? Comecemos pela regra mais geral aos que têm vida – a dor. A capacidade cognitiva superior que dá àquele homem, enquanto indivíduo da espécie, a capacidade de prolongar o seu prazer, e, por conseguinte, sua necessidade, é a mesma que multiplica infinitamente sua dor em relação à cadelinha.

Ora, aquele homem está tanto em desvantagem com relação a ter um inconsciente depositário, quanto em pensar o futuro. Não lhe é dada, como o é ao animal, a possibilidade de desfrutar plenamente do presente, pois o homem encontra até mesmo gozo em ter preocupações, em ver o barco do futuro afastar-se, bem como ver a sombra deste aproximar-se, tal horror gera penoso gozo. E o pior, quando se sobe ao barco, nada foi como sua preocupação fazia imaginar ser, e ainda, não se aproveita de todo a estada no barco e sim se planeja e se preocupa com a chegada ao porto. Sem contar que o futuro vive a nos pedir escolhas, e estas não vêm senão em detrimento de algo.

Como se isto não bastasse, ainda temos as feridas do passado que tanto nos geram sintomas, a cuja verdadeira fonte na maioria das vezes certamente nunca chegaremos. Qual impedimento nos são nossos rancores, nossos arrependimentos etc. O animal é, tal qual disse o sábio Schopenhauer, a corporificação do presente. Seu gozo é pleno. Pois a vontade se esbarra no conhecimento. Tanto é que, mais bruto o homem, mais acha que é feliz.

Apesar de tais conclusões, a ficha acaba de cair-me. Tanto o homem, quanto o meu animal me olham contemplativamente. É isto! No final, eles que se sentem compassivos em relação a mim, que não posso simplesmente parar e observar, e sim enjaular-me cada vez mais nestas elucubrações incessantes.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Espaço e tempo ou corpo e espírito

Sim, foi o passado, e se tudo foi se perdendo e se refazendo é para deixar que ele fosse oculto e não desaparecesse, por isso tem que renascer em outras palavras. É com pesar que hoje a essa cidade retorno, parecendo que o destino aveludou as lembranças que eu tinha daqui, mas agora que estou perto Mariana, a casa que aqui ao lado nós estamos é ruína. O que foi demolido foi o sentido, mas a casa, para mim hoje não é nada, nem a cidade, nem o resto, não são mais o que eu sou. Fingir que ela não existia foi esse adiamento da dor, agora que estou aqui, a casa que eu queria que estivesse oculta e a casa presente se fizeram uma. Em minhas memórias recrutava meus amigos para jogar contigo, recrutava a chuva que misturada com a areia cheirava forte, e essa poética era minha liberta prisão. E considero agora que devo parar de saudar essa dita saudade, o menino está pronto para ganhar o diploma, perto e no peito variadas sensações de fazer fazer.

Mariana era minha doce companheira, se espantava com os passos desse velho que sou. O bocado de traças, um bocado de Brasil, uma coisa que ela mesma se perguntava se existia, um homem que parava o tempo em sua morada, fazia que as árvores ganhassem tentáculos e fala. Ela sempre teve medo de mim, mas com o tempo foi percebendo a intersecção entre os nossos espíritos, algo demasiado humano. Ele era de Oxossi ela era de Oxum, talvez por isso tínhamos similitudes que desafiava os séculos. Em nossa juventude éramos pessoas que as esperanças tinham dó, possibilidades irrisórias para configurar uma possível união. Hoje temos uma relação, e deixo que a palavra tome a incumbência de traduzir nossa vida, é isso que mantemos, uma relação.

Estou aqui para me fazer bem a ela, para tratar da minha luta intraduzível. Por isso digo a ti, tomei coragem pra vir porque foi tudo reescrito por causa do samba, que me fez ver a dor sem espanto, e por melodia, assim, tratando o medo com ternura. E para chegar a entender o que me triturava é que um belo dia, ela em um gesto despercebido de sua profundidade, me disse para descer para estrada, a cidade onde dizia que pescava os peixes fora da rede.

Vim então parar aqui, e o que eu esperava eu encontrei, aquela rua onde passava eufórico, para jogar meus barquinhos de palito de pirulito nos córregos, que mesmo chovendo corríamos até o fim da rua para vê-lo navegar, a pipa, a menina do começo da rua, lembrei dos esconderijos regados a beijinhos tímidos. Foi daí que fiz gelidamente o crime que tinha que ser cometido, matei a criança que via, degolei-a em euforia, até me ver caído na rua, com o sol em minha cara e Mariana congelada no tempo. Nesse momento, levantei do meu corpo, vi Mariana congelada, vi também tudo em minha volta se fazer de uma forma diferente, psicodelicamente as cores foram se modificando, tudo ganhou um tom peculiar as minhas fantasias, e eram dois, o espírito e o corpo físico, agora estavam em conflito, assim como dá vez que o espírito deixou de habitar o corpo de menino. Num segundo momento, vi meu espírito se duplicar, agora ele era fantasmagoricamente eu e eu menino, comecei a dialogar com essa sombra. – Menino por que deixamos a carcaça antiga e mesmo assim me manobra feito uma marionete? A falta de sincronia me deixa achar que em outro corpo habito.

O eu menino parou e não falou nada a respeito das minhas indagações, olhava pra mim como se não entendesse nada do que estava falando. Em um certo momento quando já estava por demais espantado com tudo isso, o menino virou o rosto, e levemente o corpo dele se deslocou para um canto da rua onde estava minha casa, e surpreendentemente, vi a árvore que ficava no fundo de minha casa, era uma goiabeira. O menino falou pra mim – Desça da árvore, está na hora, dessa da árvore, alguém te chama na porta!

Voltei a mim, estava cansado, parecia que havia deixado séculos em débito. Beijei Mariana e retornamos a Aracaju. Fiz um chá, olhei bem fundo em seus olhos e transamos como nos tempos de juventude. Após os deleites disse: Laroiê Bara! É o tempo e a carne, na sombra do tempo há arte, é descaminho o caminho que acerta o giro. É minha carne alimento, é o que a terra pede ansiosa, alimentemo-nos. Salve a terra, salve o tempo. Estou amanhecendo, e qual motivação teve o tempo em minhas marcas não sei, mas salve o tempo, salve a terra, deu seu giro tardio.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

palavras ordenadas

Eu nao consigo por em ordem
ordenar as palavras
as ordens das palavras
ordem
palavras
or- dem
pala, lavras
nao, nao, nao
consigo
por as ordens
na pa
lavra
palato
lavras
ordens
nas palavras.
sem ordem
nenhuma
ordem

As mulheres e os robôs

Reflexão e ação andam juntas A partir do instante em que refletimos, agimos criando estratégias capazes de atingir os resultados pensados por nossa reflexão. Mas o que eu observo é que em se tratando da educação recebida entre homens e mulheres, aos homens se é mais estimulada a prática da reflexão, e para as mulheres, prepondera-se um estímulo maior à ação.

Apesar de não estarem separadas uma da outra, para mim existem traços que distinguem a reflexão da ação. Enquanto a reflexão implica em uma capacidade do sujeito inventar, extrapolar o limite do óbvio, ocorrendo um contato maior com a abstração; a ação já resulta de um comportamento mais prático, mais direcionado, ocorrendo o contato maior com o concreto.

Digo isso, pois pelo menos em minhas experiências, em geral, as mulheres tendem a restringir suas conversas a assuntos corriqueiros, isso por que são educadas ao mundo da ação. Com uma maior freqüência, sinto pouca disposição das mulheres de debater. Não quero dizer que as mulheres são inferiores, e sim, que a educação recebida por elas é diferenciada.

Sabemos que a mulher atualmente possui uma independência maior do que antes. A sua entrada no mercado e sua autonomia financeira a tornou mais livre, e devido a sua maior experiência na esfera pública, ela tornou seu comportamento mais político, exigindo também mudanças morais mais desvinculadas dos regulamentos rigorosos da moral machista.

No entanto, apesar da autonomia econômica e moral, nós sabemos que as mulheres ainda tendem a ganhar menos, e ainda sofrem com o machismo, apesar do machismo muitas vezes se encontrar por parte delas também. Além dessas questões ainda não resolvidas, vale observar que a sociedade ainda traz toda uma educação diferenciada entre o homem e a mulher.

Acho que a maioria das mulheres ainda é preparada para administrar o lar. Mesmo entre as mulheres que disputam espaços com os homens no mercado de trabalho, existe uma formação cultural que se preocupa em torná-las obedientes, centralizadas, responsáveis, práticas, voltadas à família e pouco voltadas para o devaneio, para a dispersão, para a descentralização, etc.

Na educação masculina nós encontramos uma tendência à liberdade e na feminina, encontramos a limitação. Se percebermos bem, as brincadeiras femininas se voltam para a ordem e para o cuidado com a casa como vemos nas velhas casinhas de bonecas. Já entre as brincadeiras masculinas encontramos o direito à bagunça, à expansão além dos muros de suas casas.

No entanto, acho que essa educação provoca um comportamento muito mais decidido entre as mulheres por elas aprenderem desde cedo a lidar com suas responsabilidades e por terem sido educadas pelo critério da organização. Para mim, isso faz com que em geral elas possuam uma tendência em fazer escolhas de forma muito mais consciente e determinada.

É por isso que eu acho que as mulheres ainda conquistarão mais espaços, afinal, como a educação delas se encontra mais voltada à ação e à prática, ou seja, a algo mais ordenado, elas tendem a tomar posições decididas ao invés de se perderem em indagações, e em um contexto marcado pela racionalidade como o nosso, vai saber lidar com ele os práticos e decididos.

Porém, a praticidade em excesso como frequentemente encontro nas mulheres não proporciona muita coisa, afinal, organizar e direcionar não vale de nada se não repensarmos essa organização e essa direção. É necessário unir contemplação e praticidade, e praticidade as mulheres já possuem. Resta a elas tornarem o debate algo mais corriqueiro em suas vidas.