Preconceito. Pre-conceito. Conceito antecipado, precipitado sobre um juizo de valor. Mas ser amadurecido quanto ao juizo de valor e dificil, muito dificil se pensarmos em situacoes extremas. Indo para uma concepcao individual, Max Weber denominou o preconceito como um sentimento negativo em ralacao a um grupo que o individuo toma. Em um primeiro momento, esse atitude e superficial, estereotipada, quase que um erro.
Esse erro se torna proeminente quando se poe as lentes democraticas aos olhares revolucionario de que o individuo e livre, fraterno e igual. Importante considerar essa atitude abusiva para combater certas desordens sociais, atraves de politicas publicas. Mas antes de criar qualquer politca, faz-se necessario observar a conjuntura do preconceito na atualidade.
Vejo isso marcante nos quatro cantos do planeta, nas principais sociedades democraticas que nos conhecemos e inclusive por aqui. Claro que nao ha uma discriminacao gritante como houve nos tempos de Hitler, afinal a condicao social, economica e politica e outra. Digamos que mais global, uma condicao poliforme- disforme, onde muitas estruturas estao arraigadas em uma matriz desconhecida, sem nenhuma forma aparente. Se hoje, as emissoras televisivas anunciarem uma Terceira Guerra, ninguem sabera, inclusive os grandes cabecoes da ciencia, quem esta ao lado do Eixo ou dos Aliados, pois a rede de interesses e imensa e desterritorializada. Basta pensarmos numa identidade nacional, gastaremos horas a fio num ciclo interminavel de debates.
Apesar de toda essa dificuldade em localizar a conjuntura do preconceito, ele se materializa de acordo com alguns interesses especificos. Citei em linhas anteriores, que o preconceito se pronuncia nos momentos mais extremos ou criticos no processo historico. Vejamos nos tempos de Guerra, para ser mais especifica, na Segunda Guerra, na ascencao de Hitler. A Alemanha afundava na miserabilidade economica e para conter essa disfuncao, Hitler usou de artificios macabros e infundaveis para justificar a desordem alema. O preconceito, juntamente com o racismo, se tornava visivel.
Atualmente, nas sociedades democraticas, tentamos conte-lo atraves de uma Constituicao falivel. O capitalismo e mais forte, portanto, agregar todos e dar condicoes de equidade se torna bem dificil, ao mesmo tempo que criar estruturas engessadas nao e interessante ao capitalismo neo-moderno. A Uniao Europeia e um bloco fechado para estrangeiros e bastante flexivel para os europeus. Esses podem usufruir de alguns direitos, inatingiveis aos que estao fora da comunidade. Ao mesmo tempo que o estrangeiro se torna lucrativo ao contribuir com o Estado a partir do momento que serve a nacao atraves do trabalho, esse e excluido de algum modo do seu proprio servico. A melhor parte da fatia do bolo, cabe ao cidadao europeu. Principalmente, no momento de recessao economica.
A partir da minha pouca experiencia pratica, defino o preconceito na Europa, mais especificamente na Irlanda, como estrutural. Utilizando do eufemismo barato, o preconceito positivo, ou seja, as pessoas sao amigaveis com estrangeiros, ate porque a Irlanda e um pais inundado de pessoas de diversas nacionalidades. Mas quando se trata de aquisicao de direito assim como qualquer cidadao irlandes, sentimos uma dificuldade imensa em conseguir trabalho, equivalencia do diploma e descontos atribuidos nos impostos pelo governo. Aqui estrangeiro e util para mao-de - obra bruta, mas inutil quanto a cidadania plena. Muitas vezes incabiveis, como posso contribuir com as taxas governamentais se e dificil conseguir emprego? Massas estrangeiras sedentas aumentam para adquirir o minimo de direito o qual e minimizados em sua nacao. Se tomarmos o Brasil como exemplo, aqui se pode viver razoavelmente bem, sem ser roubado, assassinado ou importunado por altos impostos. No entanto, o estrangeiro sempre sera considerado como um `scum`- escoria, que desintegra e fragiliza o sistema nacional. De algum modo, esse estrangeiro contribui para a anomia, o disturbio social, o inchaco urbano, a violencia e o desemprego. E devido a essas dificuldades e estereotipias que novas estereotipos sao criados pelo estrangeiro como resposta a discriminacao. As pessimas experiencias, atitudes negativas sao automatizadas para individuos pertencentes a deterinadas nacoes, seja indiano, africano ou polones.
Por isso, essas condicoes sociais trazem alguns impactos individuais.Exemplificando brevemente, se um brasileiro resolver convidar um irlandes para alguns goles de cerveja, em poucos minutos eles entrarao em consenso que o polones e um estupido e que a brasileira e boa de cama. Trocas de preconceito, negativo e positivo. Quanto a mim, nao tenho como negar, concordo com eles. O preconceito nao tem cabeca, nem olhos, nem bracos e pernas. Quando estamos em situacoes limites ou nao limites que o juizo de valor antecipado nos favorecem, perdemos os nossos sentidos, dito apurados, e as nossas defesas. So nos restam as resistencias para evitar o outro, o estrangeiro.
É muito interessante que o preconceito se manifesta de todas as formas as pessoas percebendo ou não. Um belo texto.
ResponderExcluirMai,
ResponderExcluirÉ uma pena que o torto está virando uma lixeira de gente preguiçosa, que até fazendo comentários, não deixa de ser rasa em suas opiniões. Com um texto desse, eu posso dizer que seria um momento extremamente oportuno de provocarmos muitos debates acerca do preconceito principalmente em meio a esse contexto que adora usar termos como inclusão e globalização.
Como você bem falou, pensar em identidade nacional é muito complexo, no entanto, acredito que as fronteiras simbólicas ainda resistem como forma de fazer com que o cidadão se sinta pertencido ao seu lócus. O problema é que a busca por esse lócus se dissolve em uma relação de intolerância com a diversidade.
Sei que você pode se incomodar com a minha afirmaçáo, mas sou extremamente a favor das resistências dos europeus em relação aos imigrantes; como também sou a favor da nossa invasão aí, até por que passamos tempo demais de nossa história sendo explorados por esses filhos da puta e agora é a vez deles receberem de volta.
Contudo, como eu disse acima, eles também estão certos. Porra, se eles são precisam ser naturalizados e ter uma nacionalidade, acho que eles devem receber os prestígios enquanto cidadãos. E isso se aplica ao Brasil. Caramba, por que termos universidades lotadas de professores gringos exógenos e alheios se temos muitos brasileiros aí desempregados precisando só de um momento para mostrarem seus potenciais?
bjs
vina!
ResponderExcluirPrimeiramente peco desculpas por estar lhe respondendo neste momento. Quanto aos seus apontamentos, nao nego, sao bem plausiveis. Sim, concordo com voce quanto a postura endurecida da lei irlandesa perante aos cidadaos não- europeu. E uma politica de contencao que tenta priorizar os irlandeses, pois abarcar uma populacao vinda de fora e, no minimo, uma sobrecarga economica, principalmente no que concerne a sua infra- estrutura. Apesar de ser coerente, essa politica, em varios momentos, responde aos estrangeiros uma postura automatica e estereotipada. Atraves desse texto, tentei refletir mais sobre a problematica do preconceito, pois nao acredito no bom intencionado processo de inclusao. Assim como os estrangeiros, os irlandeses acabam sendo prejudicados pelo sistema. Se muitas leis considerarem a condicao dos nao-europeus, a economica entrara em um retrocesso ainda maior, pois nao faltaram numeros que queiram tirar vantagens desses beneficios sociais. Relativamente, a Irlanda e um dos poucos paises da Europa que facilita o processo de imigracao. E como ja citei, devido a isso a sua configuracao social foi consideravelmente modificada: aumento da violencia e do desemprego. A partir disso, o preconceito surge como defesa a selvageria dessa civilizacao neo capitalista. Identidades sociais sao forcosamente criadas para melhor categorizar o estranho o qual tenta usufrir de direitos que a eles foram negados. Eu sou um deles, que sai de uma terra sem leis onde a exclusao e prepoderante para, de algum modo, tirar vantagem de que a mim pode ser favorecido. E uma situacao absolutamente-relativizante, pois aqui posso usufruir de direitos que a mim foram negados e, aos mesmo tempo, nao pertenco a lugar nenhum. Sou inclusa numa linha de marginalidade proeminente.
Abracos