terça-feira, 8 de março de 2011

Mais um blá blá blá a respeito da fragilidade humana

E assim era, uma bola de fogo que foi esfriando, soltando gases que se acomodaram em temperaturas mais baixas e ficaram moles, líquidos, virando juntamente com as coisas duras o alimento da vida. Essa que se desenvolveu e produziu seres que ficam eternamente nauseados com essa bola que habitam, como se tivessem chegado abruptamente aqui e estivessem participando de um troça, de um pilheria infame que não se sabe nada. Encima o céu e uma coisa chamada via láctea, na verdade isso tudo é muito estranho. Afinal, o que vejo é uma bola de fogo encima das nossas cabeças, uma coisa enorme que brilha todos os dias sem parar queimando, com vários pedaços de rocha que não possuem nada além de rocha e gases, coisas demais esquisitas. E ainda nos sentimos normais! No meio de um “vazio” antenados no estoicismo, razão geral predestinadamente guiada pelo cosmo ou o logos divino. É bem melhor mesmo que matemos Deus, pois assim nos sentiremos o mais esquisito dos seres. Criaturas que para si são heróicas diluídas em um abismo que está a um passo da sua porta. Dessa forma, um dia imploraremos para saber dos pensamentos das amebas e mitocôndrias, acharemos importância na ontologia desses seres que por demais nos assemelham.

Penso muitas vezes que aos seres é dado um grau de estabilidade de espaço e tempo, pois se assim for somos apenas elemento de nós para nós mesmos, somos o produto de uma dimensão de realidade, de interligações complexas. Porém, do que nos vale conhecer o universo? Do que nos vale apalpar o que em termos de espaço e tempo somos por eles limitados de compreender e vivenciar? Esperamos, pois, a física quântica e toda a sua relatividade tempo-espacial possibilitar dois olhos ocuparem espaços distintos ao mesmo tempo, poderemos assim entender o sentido das leis universais e do domínio da matéria para então conquistarmos mundos alhures. O que mais é estranho é que possuímos universos em nós que são tão incomensuráveis quanto o espaço sideral, como o mundo das células, do micro e de todo a sua influência, seja política, econômica, cultural e obviamente orgânica. Para captar tamanha realidade deveríamos, pois possuir olhos e cérebros que se desmembrassem e ocupassem espaços distintos.

Portanto penso que podemos ser menos carrascos de nós mesmos, ver o humano como um gato bobo que brinca, sem suprimir evidentemente todo o jogo de implicações das ações humanas, mas criar um estado mental de consciência da sua ridicularidade, coisa que a culpa cristã e sua vocação para criar heróis nos é desfavorável, idéias que estão por demais internalizadas. Além de tudo, temos um instinto que está longe de desaparecer que é o de conservação da espécie, mesmo em tempos que a proliferação da mesma é para alguns sinônimo de sua aniquilação. Afinal a idéia de estabilidade e interdependência temporal, nos faz produto de um sistema e ao mesmo tempo o sistema. Até agora não perdemos o cordão umbilical para podermos criar a própria vida, um sistema que parta estritamente de nossa engenharia mental, que funcione em qualquer atmosfera.

A moral cristã ainda diluída em mim e em você ainda nos fazem o centro do universo, a Terra no centro dominada pelo povo eleito e herdeiro do cordeiro de Deus para dominar todo o universo. Salvemos o mundo antes que os cafés e cigarros não nos mate.

2 comentários:

  1. Reuel

    Não só não nos desvinculamos do cordão umbilical, como nós não somos capazes de um dia nos vermos indeoendente deles. A razão não é algo solto da vida animal, é apenas mais uma forma de bicho-homem se defender, é instinto simbolizado de preservação. Somos animais e apenas criamos eternamente rituais e convenções de comportamentos que muitas vezes nos enganam de que somos de fato algo desmembrado da natureza. Entre a mitocondria e eu, existe uma cortina leve de seda.

    Outro ponto é que mesmo que nós passemos a nos reconhecermos como pequenos, a grandeza da infinitude provocada pelo linguagem e pela cultura a qual estamos submetidos, torna-nos sedentos por encontrarmos sentidos maiores que apenas manter o discurso "tá tudo ai". Mesmo nós reconhecendo a tamanha ridicularidade de tentarmos enxergarmos a infinitude com nossa humilde existência microscópica, inevitavelmente buscaremos o "a mais", pois vivemos porque o que somos é o que nos falta. Somos merdas perdidas e diluidas no grande esgoto ontológico-cósmico, mas somos a nossa própria ilusão de sermos capazes de alcançarmos dimensões maiores do que a que temos. Aplausos para o Rei Bosta.

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  2. o heroi surgiu com a formaçao do estado
    ah 4000 antes de cristo
    alan

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