Castidade
Triste e amargurada se foi a pobre e doce criatura.
Não sei qual o seu paradeiro.
Nem foi o primeiro, nem o derradeiro.
Esta é uma estória de herdeiros.
Herdeiros de nada.
A moça se cansou de casar.
Sua doçura derreteu-se como fel.
Escondeu-se sua candura,
Nasceu-lhe uma armadura.
O coração estava brocado.
Desesperado.
Onde está o namorado?
Virou marido.
Atrevido!
Sopa sem sal.
Ela quis sonhar de novo.
Pintou os olhos de lilás
Pos um vestido vermelho.
Bebeu uma taça de vinho tinto.
Atravessou a rua.
Era tardinha.
Charme ela tinha.
Parecia uma mocinha.
Mimosa...
Teimosa...
Cheirosa...
Amou-me até o nascer do dia.
E ele não soube; nem desconfiou.
Nadei em seu mar de rosas.
Senti seu hálito de mulher amorosa.
Tudo foi uma delícia.
E ela não sentiu remorsos.
Eu também...
Imtempéries de uma encarnação embrionária. Mas um dia entenderemos o valor da ordem e da honestidade, tal como aprenderemos a aceitar e respeitar as inquietações de nossos irmãos menos evoluídos, sapientes de que tudo é aprendizado, processo de evolução espiritual.
ResponderExcluirParece que estamos numa semana literária. Reuel, Josua e Roosevelt nos concedem as suas visões poéticas.
ResponderExcluirGostei do seu texto, meu caro. A articulação da idéia de pureza em contraste com a visão madura de uma mulher que sabe e usa o seu poder de sensualidade.
"A articulação da ideia de pureza em contraste com a visão madura de uma mulher que sabe e usa o seu poder de sensualidade."
ResponderExcluirDesculpando-me de antemão pela intromissão, não considero que o descumprimento de uma cláusula contratual no qual é ausente o consentimento entre as partes envolvidas seja sinônimo de maturidade e uso devido de poder. Assemelha-se, exemplificando, à um governante tirano que decide estuprar filhas de camponeses por estar cansado do tédio que o vazio existencial lho causa e, sapiente do poder que possui, não hesita em obliterar consensos ainda enraizados em dada cultura.
Se maturidade significa ignorar as regras (no caso acima, tais a cuja mesmo concordara através de um contrato legal e informal com o respectivo consorte), em prol da resolução instantânea de prazeres quais sejam, sem qualquer discussão acerca do tema e explanação transparente das motivações correlatas, estas, necessárias ao equilíbrio emocional e social, uma vez que evitam represálias indesejáveis e desgastes psíquicos (ex.: depressão, homicídio, pressão social, impotência etc), teríamos de concordar que, de sorte comum, é também maduro que se receba inúmeras chibatadas em detrimento do infrator em questão (ao seguir a lógica insatisfação > traição > punição), o que não me parece razoável, pois a agressão física atropela direitos considerados mais sublimes e socialmente mais aceitos atualmente.
Vê-se no caso, sim, uma atitude egocêntrica, ignorante, que anula caoticamente votos antes aceitos em prol da sublimação de impasses individuais. O que é natural, aceitável, entendível; jamais maduro, isto é, racional.
Um texto altamente imagético, com rimas que fazem a leitura rápida e prazerosa e que trata com leveza de um assunto que nos toma por cotidiano: o cansaço.
ResponderExcluirRoosevelt,
ResponderExcluirApesar de estar casada a mulher não se sentia feliz. Ao se deparar com uma situação que pudesse provocar nela uma sensação a qual ela ja havia perdido com o seu esposo, ela soube muito bem aproveitar. As vezes acho que esse "desvio" é saudável inclusive para o casal. Nada melhor as vezes que você se usufruir de uma situação para voltar renovado ou renovada para o seu conjuge. Essa é a vida amorosa da contemporaneidade: uma mistura de amor com necessidades de mais experiencias, uma necessidade de buscar a rotina com o cansaço da rotina. O lance é sabermos que podemos amar e desejar outros e outras. As vezes uma coisa nao anula a outra.
O grande problema é o discurso dos que ainda querem que eu acredite na monogamia em seu sabor de mingau tradicional hehe. O mais engraçado é que muitos dos que dizem acreditar na monogamia também caem em tentação, dão em cima de quem sabem que não pode, mas não os condeno, afinal, cada qual com seus arquétipos de verdades. Só acho que nos contextos atuais, pensar em permanencia e amor eterno como regra geral, é falta de lucidez ou medo de aceitar que por um instante foi alternado por outro ou outra.
Muito de fuder seu texto!