Os últimos acontecimentos no mundo árabe suscitaram diversos comentários pela impressa. Esse é o assunto da moda, principalmente, depois que os levantes populares chegaram à Líbia. Parece que Muamar Khadafi tinha muitos inimigos, pois apareceu um monte de desafetos logo após os levantes populares. Além do mais, tem a velha tônica: é inimigo dos EUA é inimigo do mundo.
Algo curioso é a tentativa de prognósticos. O jornalista chama especialistas e professores de relações públicas, de Sociologia, de Ciência política e pede para que pensem numa resposta de como ficará a situação na região. Piadas à parte, o que os jornais também ventilam é a libertação do povo árabe da opressão de autocracias e domínio religioso. Os jovens de lá parecem que alcançaram a iluminação e agora estão seduzidos e imbuídos a desfrutar do que uma sociedade democrática liberal pode oferecer. Mesmo a democracia sendo um regime político que permite uma maior liberdade às individualidades, conseguirá ela diminuir a insatisfação dessas populações? As liberdades civil/política e econômica já demonstraram em vários países que a idéia de liberdade é um bom conto do livro da carochinha.
A democracia liberal carrega os princípios da liberdade, igualdade de oportunidades, ascensão social e direito a escolha. A cada protesto popular ou invasão a países do Oriente Médio, África e Ásia, os discursos promulgados, principalmente, pelos EUA são o de levar a liberdade aos povos que por motivos outros, em seus regimes, estão supostamente aprisionados. Mas quem disse que a democracia liberal pode garantir liberdade? Assim como outros regimes, a democracia possui as suas restrições à liberdade, caso contrário não existiriam manicômios, prisões e nem relógios. A democracia nos oferece outras prisões, a dos limites das relações direito/deveres, o da escolha e o da proteção. A diferença da passagem de uma autocracia para uma democracia, por exemplo, é apenas o modelo da gaiola.
Há um texto de Drummond intitulado “Passeio na Ilha”, em que a liberdade somente pode ser alcançada no campo da subjetividade, representada pela ilha. Inclusive nesse texto, existe uma passagem bastante interessante que diz: “Em geral, não se pedem companheiros, mas cúmplices ... E este é o risco da convivência ideológica. Por outro lado, há um certo gosto em pensar sozinho. É ato individual, como nascer e morrer. A ilha é, afinal de contas, o refúgio último da liberdade, que em toda parte se busca destruir. Amemos a ilha.”
Mesmo os discursos ideológicos promulgados por regimes políticos visam uma unidade por vezes amorfa e com espaço apenas para a supressão das subjetividades. Isso é necessário, caso contrário a nossa sociedade seria bem diferente dessa que conhecemos. O fato é que procuramos a todo custo convencer os outros das nossas verdades particulares. Ou serão ideologias já introjetadas e reproduzidas?
Atualmente a democracia é o regime político dominante no mundo, como foi o absolutismo monárquico em tempos outros. Os discursos continuam a aprofundar a crença de que a democracia é o melhor regime que já existiu. Com o cultivo de valores universais, pensamentos contrários podem facilmente ser retaliados de forma diplomática, basta não manter mais relações comerciais. Afinal de contas, essa é a tônica democrática: se não está do meu lado, falo mal para o mundo inteiro e não compro nem vendo e ainda por cima convoco outros aliados para fazer o mesmo. Armas só ao esgotar das negociações. Diante do regime das liberdades, os guardiães da democracia definem qual o caminho que deve ser seguido. Só espero que ainda reste um pouco de liberdade de expressão para criticar a democracia quando ela se tornar um regime um pouco mais tirânico.
n vejo como moda o aconteciemnto da libia , pelo fato desse ser 12 em produçao de petroleo do mundo e um fato que pode afetar todo o mundo economicamente entao fatos geopoliticos de natureza economica macro nao sao moda .
ResponderExcluirbom gostei do teu texto . se der respondo mais sobre ele .
alan
Caro Alysson, coma irreverência de sempre, você trouxe mais uma análise antológica para o nosso Torto.
ResponderExcluirÉ muito interessante, de fato, a sutileza do que a priori parece ser diferente, e a posteriori é potencialmente igual. A liberdade da democracia, como você muito bem destrinchou, está sob moldes padronizados, em que se prescreve um ser e um dever-ser cuja não aceitação implica sanções que por vezes são sutis demais para parecerem de fato sanções.
Parabéns!
Olá, Alan. Quando me refiro a moda, não me refiro a situação da Líbia, mas indiretamente é uma ironia com a imprensa que interfere e transforma em fatos geopolíticos ou históricos. Coloquei dessa forma, pois as manifestações no Egito e na Tunísia não ganharam tanto apelo por parte da imprensa. Outros países como o Iêmen, Barein, Arabia Saudita, Jordânia, porém nesse momento as atenções estão voltadas para a Libia. Aproveito o dado trazido por você sobre produção de petróleo na Líbia e indago. Será que não é isso que chamou a atenção da imprensa e do mundo para esse país? Me parece que é isso. Já que a situação de pobreza e dificuldades econômicas é uma das características em comum dos países do Norte da África e do Oriente Médio.
ResponderExcluirObrigado Josua pelo seu comentário. Quero deixar claro que dos regimes políticos que pude conhecer, ao menos teoricamente, a democracia é o que mais me apetece. A democracia liberal é o regime político/econômico predominante no planeta. Qualquer outro regime se torna uma espécie de ameaça não apenas aos princípios democráticos, mas ao mundo. A liberdade de escolha e de expressão de diversas naturezas tão promulgada e defendida internamente por esses países se transforma em estratégia de uma espécie de tirania para a soberania e as escolhas de regimes políticos alternativos. talvez isso ocorra, pois a tal liberdade tão ventilada pela democracia demonstra a sua fragilidade para ideologias que a contrapunham, que o diga Hitler quando chegou ao poder na Alemanha, ou Hugo Chavez na Venezuela. Eles foram eleitos seguindo os tramites democráticos.
ResponderExcluirneste quesito vc esta certo a impresa transforma fatos geopoliticos e historicos em moda . vc tem razao ao falar o que atrai a midia na Libia e o petroleo e o seu jogo de informaçao e contra informaçao afim de contribuir para a derrubada do ditador kadafi por este nao deixar a vontade as multinacionais , . entregar o
ResponderExcluirpais a vontade as multinacionais
paises e o que os rebeldes querem , agora tem os inocentes no meio dos rebeldes e n sabem os interesses por atras dessa revolta contra o ditador libio .
coitadinho desses inocentes estao sendo destroçados por metranhadoras
alan
Só não acredito que a democracia, por definição, tenha alguma vez já existido. É possível que quando seja aplicada da forma como foi/é teorizada, seja o melhor regime, de fato. Mas seria utópico pensar que haveria algum regime livre de corrupção e que possuísse um povo educado o suficiente para decidir rumos coletivos de maneira prudente - o que torna, no fim, todos os regimes praticamente idênticos. De toda maneira, a longo prazo, nada (até então) esteve livre dos movimentos de ascenção e queda.
ResponderExcluirÓtimo texto.
bom o anarquismo realmente e muito dificil de existir na pratica ,apesar de considerar o anarquismo como o unico sistema que pode levar prosperidade com serhumano e a natureza .
ResponderExcluirmas para ele existir e necessario uma catastrofe enorme com toda humanidade . tambem concentraçao urbana torna praticamente impossivel o anarquismo pelo seu carater de ambiente descentralizado e campestre .
axo que nao preciso definir anarquismo, ja defini de + .
a longa noite do neoliberalismo esta chegando ao fim . mas sei la o que acontecera com brasil , so sei que crise financeira e petrolifera ira se acentuar rapidamente gerando mais desemprego e fome nas grande potencias mundiais .
alan
esqueci de completar com isso , os indios eram coletivistas em sua maioria .
ResponderExcluiralan
Se pensas em seu povo e não abre mão do que é seu, vá saquear outros povos indefesos, tome o que for deles e divida-os entre si, como escravos. É uma modalidade torpe de coletividade.
ResponderExcluirAs palavras coletividade, igualdade, fraternidade etc. só fazem sentido se direcionadas ao gênero humano em absoluto, o que as torna, vide experiência histórica, conceitos sem contexto.
O que posso dizer sobre os índios é que eram um povo primitivo (bélica e estrategicamente ao menos), que acabou por ser dominado por culturas mais sanguinárias e ambiciosas.
e lou vc esta certo . realmente existe uma enorme diferença entre a coletividade dos indios com o anarquismo , o anarquismo elimina o culto a deuses de que algo metafisico determina a vida do ser humano alem dele msm , concordando com sua fla , o indio vive em coletividade especialmente aqui do brasil , mas ele acredita em deuses e tbm dominam outras tribos e como vc disse escraviza outras tribos indefesas ou que foram derrotados em uma batalha .
ResponderExcluirao comparar anarquismo com coletividadedos indios , modo de vida chines na antiguidade , grecia , etc e preciso ter muito cuidado , cmno caso dos indios eram coletivistas mas eram tbm competidores de quem dominava outra tribo e ate com casos de escravidao . o anarquismo surgiu como forma politica na modernidade com o livro contrato social de proudhon e foi se desenvolvendendo com por outros anrquistas malatesta , kroptkin , etc .
o anarquismo fala que a religiao e a prisao do humano acreditando que algo imaginario determina a sua vida por esse ser imaginario ser absolutamente superior e sua vida humana ser rigida pela vontade desse deus imaginario . nao e toa que o estado absolutista se desenvolveu no mercantilismo com varias disputas reLigiosas na europa e o estado diretamente ligado a religiao . E A MAIORIA DOS INDIOS FORAM DESTRUIDOS POR ESTE ESTADO . os indios nao chegaram a desenvolver um estado pelo menos aqui no brasil .bom mas harmonia de uma forma geral sempre existiu tanto na civilizaçao indigina como na europeia estou flando do cotidiano desta 2 , as 2 isoladas somente como seu povo .
obs : o estado se torna laico com o positivismo em 1800 e pouco , mas napoleao ja deu os primeiros passos na sua ditadura de estado logo apos a revoluçao francesa
alan
o ser humano n precisa de deus , ele msm pode se auto governa
ResponderExcluiralan