quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Hierarquia

Correntes, tapa olho, Paulada
Cadeira elétrica, facada, um tiro
Chuva ácida!

A orquestra não para!

Sorrir?

Sorrir! Não fique triste,
Vamos dançar outra vez!

"...é tudo contrário, é tudo uma ilusão"

Atropelo, câncer, pus e batida
Tsunami, terremoto, um cometa
Tornado!

A orquestra não para!

"Está tudo em ordem"

Vamos dançar novamente, querida
A valsa nos conduz

A mordida, o gozo reprimido, o chingamento
Uma violência! O chicote, a prisão
Um belo punhal, talvez um cassetete
Quem sabe outra guerra

Sorrir?

Sorrir!

"Não fique triste”

Dançar, dançar, um aperto de mão!
Não escolha, deixe-me exercer a vontade sobre você
Permita-me te sufocar! por gentileza (ouve-se "te dou um beijo')
A liberda...Não consigo terminar de exprimir essa palavra.
É algo de poucos, almejam a natureza e o homem
O todo como poucos desejam ser e ter controle
Dos únicos aos poucos aos outros poucos aos outros poucos...
Por fim, os demais!

Sorrir?
Sorrir! Não fique triste...

"Está tudo dentro dos conformes"




http://www.hacasoseacasos.blogspot.com/

3 comentários:

  1. Miguel,

    De fuder seu texto. Ao lê-lo, fiquei a pensar em alguns pontos. O primeiro diz respeito a nossa dança em meio a um salão confuso, entupido de elementos soltos e ao mesmo tempo concantenados ao nosso redor. Seguimos os passos mas não nos encontramos neles de forma suficiente. O segunto ponto foi acerca de sua cordial ironia ao mostrar a necessidade de sorrirmos diante de tanta imprevisibilidade que nos provoca tantas tensões. Um mundo que nos clama por leveza enquanto nós nos encontramos em meio a esse tornado pesado e sólido de levezas contemporâneas. Cobram-nos uma atitude de fé e de esperança e uma postura dócil para encararmos nosso bendito falido sistema. Temos que nos ver exigidos pela ordem, pela cordialidade, pela satisfação em meio a uma ventania marcada por desejos frustrados, por grosserias silenciosas dos discursos de todos nós, humanos-demonios-santos desocupados, e por uma desordem guiada pela vassoura higienica dos ditames mercadológicos que nos instigam e nos apavoram com sua face mostruosamente sedutora.

    um bom texto

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  2. Parabéns Miguel! Acho que esse texto tem muitos pontos em comum com meu texto da semana passada que postei aqui no Torto. Acho que vc transmitiu de forma muito viceral esse imperativo higienico que a nossa sociedade nos impele: Pense positivamente! Abra um sorriso! E é claro não polua MEU ambiente! Sorria sorria sorria sorria!

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  3. Pois é isso meus queridos,


    A cada dia que passo como estudante das humanas, meu saco de conteúdos e pensamentos giram em torno de problemas, problemas, problemas. A tendencia é esse saco de problemas crescer, por mais que os autores emcontrem saidas, não temos o poder de manipular nosso objeto de estudo como um físico, um químico, ele é autônomo de transformações em sua totalidade. Ou seja, me vejo como um eterno frustrado, e pobre tbm.

    Com relação ao economomico é isso mesmo...
    Somos exigidos constantemente, cobrados, avaliados. Por exemplo, existem trabalhos em que vc não pode ser gordo, nao pode fumar, não pode ter nenhuma doença, a pele tem que ser bonita( sem cicatrizes), além das capacidades intelectuais e psicologicas e de saúde geral...
    Isso para ser o mais ralé possivel da hierarquia (seja professor, padre, policial, enfermeiro, bancário) esse são alguns dos critérios que encontrei não só em editais de concurso mas, em sua maior parte são cobrados no "querido mercado de trabalho"...


    Como txufs toca no "imperativo higiênico", o Bauman fala na sociedade da beleza, da ordem, do controle, p ela se auto-gerir dentro da lógica do consumo, o mundo gira em torno dessa referencia de "beleza", não só um modelo a seguir, mas algo causador de uma grande contigente de excluídos, de "estranhos" desprovidos das capacidades exigidas do mercado, seja pela educação, saúde, estética. O modelo belo (atrelado ao ideial do consumo) é necessário ser amado pelo excluído para ser sustentado, ao mesmo tempo frustrando os desprovidos(desemprego, violencia) e impondo medo aos que estão dentro, defenderem seus postos. Tenho um tio representante de um laborartório de remédios, o cara não pode ter cabelo branco, vive fazendo cirurgias plásticas, faz acadêmia e vive na neurose de perder o emprego, pois, já aconteceu isso com os antigos colegas de trabalho dele. é a neurose condicionada.
    E no outro dia, tem que trabalhar com o sorriso na cara, pois ele "deve ser feliz" por ter um emprego, ou cai fora.
    p o sistema se manter, nada pode sair do eixo, apesar de que esse eixo do capitalismo jogue muitos pra fora. A propaganda, a empresa e o estado cobram, mostram e exigem a felicidade do vácuo estranho e excluido


    Grande abraço!

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