segunda-feira, 30 de julho de 2012

Entre os dentes e as cinzas









Para os adoradores da vida,
as cinzas do desalento,
e os ossos da alegria.
Fumar pode ser preciso,
Pensar, as vezes, quase
que desnecessario.




























* Pintura de  Vicent Van Gogh, Skull with Cigarette (1886)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A VITRINE

Eu me levantei cedo aquela manhã de segunda feira. O natal estava chegando. As pessoas encantadas pela fada natalina transitavam para todos os lados no centro comercial da cidade modelo do Brasil – Aracaju – A princesa do Nordeste. Os anos noventa não foram muito bons para a minha humilde pessoa. Engordei, minha mulher saiu de casa e foi morar com um conterrâneo de Carira. A mulher me deixou na mão, sem filhos, sem companhia, e o pior, parece que perdi a fé que vou arrumar outra. Ninguém olha para mim. Será que sou tão desagradável assim? Será que a feiura fez morada nesse filho de Dores? Meu trabalho não ficava distante de minha residência. Por isso eu não pegava ônibus. Ademais, morar no centro me dava a chance de sempre dar uma pequena caminhada pela cidade mais mimosa do Brasil. A Aracaju dos anos noventa crescia na direção sul. Tudo de bom ia para o sul da cidade. Os maiores prédios, os melhores condomínios, as ruas urbanizadas e bem drenadas. O sul de Aracaju se tornou uma referência de qualidade de vida. Contudo, para mim, nada substituía o velho centro. O velho centro me dava ar para respirar. Sempre apreciei caminhar por suas ruas e me sentar em suas praças e ver o povo passar. Como dizia, acordei cedo aquela segunda feira. Tomei a Rua lagarto até a esquina já avistando a praça da matriz. Segui em frente em direção ao meu trabalho no Instituto Histórico. Aquela região tem muitas lojinhas. Todas elas com suas vitrines enfeitadas. Na época do natal ficam ainda mais bonitas. Em uma loja de eletrodomésticos havia uma moça na vitrine limpando tudo com muita atenção e força de vontade. Pela fisionomia da jovem, ela realmente fazia o que parecia estar fazendo. Não sei por que, mas, fui agraciado com a benção de vê-la. Ao chegar ao Instituto, antes de abrir o portão de ferro, levantei a minha cabeça e olhei adiante, por acaso, olhei para rua. Lá, do outro lado, estava a pequena deusa na vitrine cheia de filmes e câmeras. Ela olhou na minha direção. Pensei que ela correspondeu o meu olhar. Então disse eu para mim mesmo: “Certamente você sai às seis. Quem sabe a gente se ver?” O dia no Instituto passou muito rápido. A única coisa que achei chata foi a conversa da zeladora que entrou em minha sala contando-me uma história muito esquisita. Ela disse que saiu na televisão que as pessoas estão morrendo de depressão. Essa doença, segundo a zeladora, vai matar muita gente. - Até os cachorros, seu Elpídio, tem depressão. O cachorro da minha vizinha ficou sem latir dois meses. - É uma coisa muito estranha dona Josefa. Até os bichos têm alma. O relógio de parede do salão principal deu seis horas. Levantei-me, tranquei tudo, e sai em busca do rosto que me deu um dia de alegria. Olhei a vitrine. A moça não estava mais lá. “Perdi o dia então”. Caminhei de volta para casa. Meu corpo estava pesado e meus pensamentos vagos. Nem percebi o transito ou as pessoas. Tudo que queria era chegar a minha casa e tomar um banho frio. Os pardais amanheceram cantando na manhã de terça feira. A Rua Lagarto estava cheia de pessoas indo e vindo. O dia seria longo para muita gente. Rapidamente me troquei, tomei café e segui caminhando para o trabalho. Logo percebi que as ruas estavam quietas. As pessoas passavam com o olhar vago. Eu vi um homem que conversava sozinho, em pé, olhando para um prédio alto. Eu tinha alguns minutos, então, decidi ver o que havia naquele prédio. - Moço por que o senhor está olhando e falando sobre o prédio? - Bom dia! - Moço houve alguma coisa? Quer que eu ligue para a delegacia? - Bom dia! O homem disse bom dia até eu me irritar e segui rumo ao prédio para dar uma olhada. A entrada do edifício não tinha funcionários. Um gato preto deitado sobre o balcão dava as boas vindas aos visitantes. A porta do elevador principal estava ao lado do balcão. Entrei nele, subi uns andares, sai do elevador, e iniciei minha busca. Cada sala tinha uma porta e uma vitrine. A vitrine ocupava o espaço de quase toda a parede. Algumas estavam fechadas outras abertas. Sobre a porta da sala havia um número. Xab89ztw1 era o número da vitrine onde havia bonecos humanos representando um parto, a criança tinha a cabeça exposta saindo do canal vaginal. Seu rosto melado de sangue me chamou a atenção. Afinal, o que é isso? Que loja é essa? Resolvi entrar para ver melhor. Um homem velho, de cabelos espalhados pelo rosto me atendeu. - Bom dia! O rosto pálido do estranho senhor enrugou-se diante de mim. - Bom dia! O amigo passa bem? - Sim, o que o cavalheiro deseja? A voz do homem parecia a de fita cassete com o cabeçote sujo. - Eu estou só olhando. Vocês vendem o que mesmo? O homem tentou explicar, mas, seu rosto enrugava muito. Ele reclamou de algumas dores. Então eu disse: - Ah, entendi. Muito obrigado! Na verdade não entendi nada. O homem falou algo sobre... Sobre o que mesmo? Esqueci o que ele falou. Sua face sofrida me tirou a atenção. O encontro com o senhor rugas me fez lembrar a moça da vitrine. Aquele rosto bonito e moreno de sol se fixou na minha mente. Toda vez que ele aparece, meu coração acelera. A outra vitrine tinha animais de bonecos de espécies variadas. Uma águia bem grande nos dava as boas vindas da vitrine. Havia alguns animais empalhados. Isso me deu náuseas. Abri a porta da sala. Logo na entrada vi um homem sentado numa cadeira de rodinhas de costas para a porta. - Bom dia! O senhor não me respondeu. Tentei novamente. - Bom dia! A mesma coisa. Caminhei na sua direção e vi seu rosto virado para um aquário que estava sobre uma pequena mesa. Sua boca estava cheia de algodão. Seus olhos estavam tão fixos no aquário que as pálpebras não piscavam. Não ouvi respiração no homem. Corri até a janela para vomitar. A janela estava travada. Vomitei no chão. O enjoo parou. A terceira vitrine tinha uma boneca feminina. Ela estava com a boca aberta mostrando os dentes superiores como que estivesse conversando. Aproximei-me da mesma para ver melhor e para minha surpresa o rosto da boneca era idêntico ao rosto da moça da loja de eletrodomésticos. “Mas, como?” “Eu não entendo”. Entrei na sala para falar com alguém. Não havia ninguém. Resolvi então esperar alguém surgir. Sentei-me em uma cadeira defronte o birô e esperei. - Sim, moço? Em que posso ajuda-lo? Uma voz feminina me desperta. O sono me dominou devido o silêncio do prédio. Naquele lugar as pessoas eram totalmente indiferentes ao meio externo. O outro se tornou em uma coisa na sala ou no quarto ao lado. Levantei minha cabeça e vi que a moça que falava com minha humilde pessoa; era a boneca da vitrine, ou, melhor dizendo, era a moça. Será? Tenho que admitir: “Eu não sei?” - Bem, eu vi um homem lá embaixo e decidi ver o que estava acontecendo. Entendeu? - Não! Seja mais claro? - É, Olha! Eu já vou, eu não queria incomodar! Tentei me levantar da cadeira, mas, aquele rosto me grudou de volta nela. O rosto exercia uma força incontrolável sobre mim. “Mas, que coisa linda!” Pensei. - Por que tem um homem empalhado ali na outra sala? - Não, não há homens empalhados aqui. Não vendemos esses produtos. - Você não é a moça da loja de eletrodomésticos? Limpei a voz rouca duas vezes antes de perguntar. - Não, quem você pensa que eu sou? - A moça da loja de eletrodomésticos. - Que loja de eletrodomésticos. A cidade tem tantas lojas de eletrodomésticos e tantas moças. Por que eu seria ela? - É. Pensando desse jeito. É mesmo. Então, já vou. Minha timidez sempre me atrapalhou. Eu queria ficar lá, mas, o meu medo de falar besteira dizia: “Saia da aí!” Ela sorriu para mim. Aqueles lábios rosa me davam água na boca. Aquele cabelo de índia, totalmente natural, sem pintura ou chapa, que beleza! E a fragrância que emanava de seu corpo escultural me prendeu novamente à cadeira. - Temos vitrines de todos os tipos. Até de agência funerária. Aqui fazemos negócios. - Então não há nada de errado aqui? - Não! Acho que não. Nós dois nos olhamos por um instante. Ela me olhava como que me conhecesse e eu fazia o mesmo. A moça se levantou deu a volta no birô e se aproximou de mim. Fixou seus olhos em mim e disse: “Você é real não é?” “Claro!” A moça tirou sua roupa cuidadosamente e sensualmente investiu sobre mim. A cada parte de seu belo corpo desvendado perante meus olhos, o meu velho coração acelerava, e um calor acompanhado de desejos entranháveis esquentava o corpo gordo desse filho de Dores. Ela me abraçou com o desejo determinado de me ter. Eu não resisti aos instintos e cedi ao fogo da paixão. - Seu Elpídio! Seu Elpídio! - Sim! Elpídio passou a mão no rosto, abriu bem os olhos e viu dona Josefa com a vassoura na mão. - Seu Elpídio, já escureceu. Você não vai embora? Elpídio passou pela vitrine onde a moça estava. Não havia ninguém. A loja estava fechada. Elpídio voltou para casa. Tomou banho, comeu alguma coisa. Depois foi para a televisão: “Seca em Sergipe”. “Chacina no Hospital João Alves – Morreram três pessoas”. “O Governo Federal anuncia corte nos gastos públicos”. “A Organização Mundial de Saúde diz que, em 2012, cinco milhões de pessoas morrerão de depressão no mundo”. “O que mais causa a depressão é a solidão segundo a Revista Psycology de Londres”.

Decisão

Estou saindo do torto definitivamente.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Aracaju: a Cabeça Transplantada

Caros companheiros, este é uma nova versão de um texto que já foi lançado há alguns anos neste site. Será o primeiro nesta prática de revisitação que pretendo empreender de vez em quando aqui no Torto.

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Rios Sergipe e Poxim: ei-las aorta e femoral deste lugar de epopeias ainda não captadas. Por onde o sangue, nervoso, trouxe os mais estranhos corpos; e para um deles fora construída a Ponte do Imperador. Hoje, entrar por este portal que morreu na praia, é dar de cara com a praça Fausto Cardoso, início do painel de controle desta aeronave que navega lenta, mas estonteante em cores e particularidades, como a arara que lhe inspira o nome.

E para além do triângulo amoroso que se inicia nessa praça e une executivo, legislativo e judiciário, eis que emerge pontiagudo o mais proeminente dos poderes, a catedral metropolitana: a chaga indelével de uma moralidade, de um padrão estético, de um plano não-laicizado.    

Tudo isto introduzido na cabeça de um irmão não tão novo, mas além de o menor, o mais influenciável de uma família presumidamente unida chamada Brasil. Essa cabeça, porém, já foi transplantada, e a ideia de fazê-lo talvez tenha surgido nas idas e vindas dionisíacas (no bom sentido) entre os doutores João Gomes de Melo e Inácio Barbosa.           

Na verdade, a cabeça rolou Colina do Santo Antônio abaixo e veio a se espatifar mais precisamente no local em que se erigiram os supracitados poderes. Sebastião Pirro, homem de retidão, projetou quadrado por quadrado deste lugar pensado para que o açúcar melhor fosse escoado (rimas acidentais). Talvez uma insinuação de que toda metrificação rígida faça o que há de mais doce se esvair? Vá lá! Talvez a Europa, um território que àquelas alturas por vezes já tinha passado borrachas e usado corretivos em seus quadrados precisasse de algo menos acre e mais tropical para continuar resignificando.

E apesar de haver, em dias como os de hoje, conterrâneos que ainda guardam uma genética fidedigna ao nosso projeto (só concebem suas quadradices), devemos detectar neste nosso tabuleiro algumas lacunas entre reis e peões, cavalos e torres.         

Sim, Aracaju padece de imensas lacunas, mas estas podem ser vistas por um lado extremamente salutar: pedem significação, pedem participação ativa de seus usuários/leitores. E é por ser a cidade que não coube em tantas quantas figuras geométricas se pretendia que nos convida à mesa enquanto atores de seu destino; e não meras estátuas contemplativas. E é por isso que talvez não estejamos ainda autorizados a decretar que "acabou-se o que era doce".

terça-feira, 24 de julho de 2012

Aviso

Caros Tortos,

Desculpas pelo atraso, mas nao tive e nao terei chance de postar meu texto essa semana. Abracos a todos.
Maira Lima

terça-feira, 17 de julho de 2012

Os casais

Maria vinha de uma família extremamente católica. Desde menina, o seu sonho era ter filhos e constituir famílias. Ela se casou com Cássio que, assim como ela, era extremamente católico. Contudo, Cássio se cansou de Maria por ele não conseguir ter um filho com ela. Maria já não sentia mais aquele antigo impeto de Cássio na cama. Na verdade, devido ao resíduo do machismo, Cássio não suportava a ideia de não dar um filho a sua esposa.

Cássio e Maria tinha um casal de amigos de quem eram muito amigos. Eles se chamavam Pedro e Marta. Diferente de Cássio, Pedro tinha uma pica muito boa pra gerar filhos. Em quatro anos de casados, o casal já estava na espera do terceiro. Porém, assim como Maria e Cássio, Pedro e Marta estavam em crise. Depois que entraram os filhos em suas vidas, o casal já não se procurava.

Desesperada, Maria resolve recorrer a sua amiga. Resolvem se encontrar em uma sorveteria a sós. Chegando lá Maria desabafa acerca da condição estéril de seu marido, e com sua voz cansada e frustrada, cai no ombro da amiga e começa a chorar descontroladamente. Marta aproveita a situação e deságua um choro profundo e começa a contar sobre o declínio de seu casamento.

No meio do desabafo, Maria resolve tomar uma decisão: iria abdicar de seus valores religiosos e realizar seu grande sonho que era ter um filho. Para isso, ela resolveu contratar alguém para inseminar um sêmen. Com relação a Marta, ela resolveu conversar seriamente com Pedro e dar um tempo em seu casamento.

No entanto, essas decisões não foram fáceis para ninguém. Ao falar sobre a inseminação artificial com Cássio, este como um legítimo católico, não suportou a ideia de ser pai de uma mulher que não geraria um filho através da união entre o esposo e a esposa. Além disso, o machismo fazia ele se martirizar em pensar em um outro homem fálico colocando o sêmen em sua mulher.

Por outro lado, Marta ao falar sobre sua decisão em pedir um tempo em seu relacionamento com Pedro, provocou um reboliço em sua relação maior do que o que já estava. Pedro não aceitou, jogou seus filhos contra a ela, e alimentou na cabeça dos pivetes que Marta era uma mulher indigna de ser chamada de mãe. Não teve jeito. Marta saiu de casa.

Até que Cássio tentou encontrar energias para compreender a sua esposa, mas não havia jeito. Ao encontrar com seus amigos nos grupos da igreja, não suportava as piadas que eles tiravam com a sua condição. Quando não tiravam piadas, Cássio sentia que olhavam-no de uma forma que mais parecia pena do que qualquer outra coisa. Cássio decidiu pedir um tempo em seu relacionamento.

Maria, Cássio, Pedro e Marta ficaram desesperados. Tanto Pedro e Cássio, como Marta e Maria, encontraram-se várias vezes e começaram a inverter a situação: Cássio e Marta, assim como Pedro e Maria começaram a ter a necessidade de se encontrarem. O único jeito que as esposas conseguiriam entender seus esposos era se encontrando com eles e vice e versa.

Passado algum tempo, Cássio em um café no shopping recebe a notícia de que Maria estava em processo de parto. Quem lhe deu a notícia foi o seu amigo Pedro. Segundo Pedro, ao ir visitar uma amiga sua no hospital, por coincidência soube que Maria estava para parir. Também como que em uma coincidência, Pedro estava no café batendo um papo com Marta. Ela foi comprar um vinho para tomar com uma amiga e terminou encontrando Cássio por lá.

Na hora em que a criança é exposta através dos vidros do hospital, Cássio se desespera em um choro compulsivo. Marta se senta com ele no banco, encosta sua cabeça em seu ombro e começa a acariciar seu rosto molhado de lágrimas. Continuando a ver o o bebê através da janela do hospital, Pedro começa a chorar. Maria deitada na cama ao ver o amigo derramar lágrimas também começa a chorar.

- Lindo seu bebê Cássio. Diz Pedro já indo embora do hospital

- Você tem uma mulher maravilhosa Pedro. Diz Cássio olhando para Marta

Antes de segurar a mão de Marta, Pedro novamente olha pra trás e enxerga Maria deitada na cama. Ela te sorri, pisca o olho, ele retorna o piscar de olhos e vai embora.

Antes de segurar a mão de Pedro, Marta novamente olha para Cássio, vai até a ele e beija sua cabeça. Ele alisa os cabelos de Maria e beija também a sua cabeça. Ambos se olham frente a frente e começam a sorrir.

Até hoje em dia os casais vivem bem. Sim. Os casais...








segunda-feira, 16 de julho de 2012

Fios de fumaca

Maos de Mao
Orelhas soturnas
polvora dissinuante
olhos vidrados
a fumaca alheia.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O SUJEITO DIALÓGICO NASCE DA LEITURA DE MUNDO

Meu caro Mestre, A Sociologia sempre andou apegada a pedagogia por isso nem podemos dizer da contribuição dada por essa união. Nosso velho Durkheime disse em uma de suas obras que a educação mudou muito. O pensador acreditava que a educação mudava com os homens. E que mesmo tendo o homem a ideia de educação perfeita, a ideia aplicada seria aquela que servisse ao ideal de homem produzido e crido por uma dada sociedade. Assim, falar de educação sem antes falarmos sobre o homem e quem ele é, é um erro sem perdão. “Elas partem do postulado de que há uma educação ideal, perfeita, apropriada a todos os homens, indistintamente; é essa educação universal a única que o teorista se esforça por definir. Mas, se antes de o fazer, ele considerasse a história, não encontraria nada em que apoiasse tal hipótese. A educação tem variado infinitamente, com o tempo e o meio”.1 (Durkheime) No curso de Pedagogia ouvi muitas coisas sobre o Pedagogo Francês. Fazemos leituras diferentes de uma mesma teoria. Isso é muito comum. Pois, vejo nas palavras dele o que muitas vezes conversamos nos bastidores. Ora, se não é o meio que determina a educação! Afinal, o que é o meio? Se considerarmos o indivíduo apenas um organismo e separar de seu encéfalo a mente dicotomizando-o, então, o meio muito será parecido com o espaço físico e todas as impressões físicas advindas dele. Mas, se tomarmos o homem em sua dinâmica de ser então consideraremos o animal um ser-sujeito, assim, seu meio será o somatório de todos os estímulos a que ele foi e é submetido. Desta forma, pensar a educação se torna algo muito interessante. Fazer do ser-sujeito um mero animal que aprende por estímulos do mundo físico é muito pouco para o homem sapiens. Esse animal conseguiu a façanha de ser um sujeito individuado. Ele consegue ser e se ver fora do contexto do todo, e depois se torna parte dele e interage com ele com todas as suas capacidades herdadas e adquiridas. Por essa causa a educação ideal existirá na mente dos homens, pois, ele nunca deixará de ser um ser-sujeito. Enquanto sujeito o homem se transmuta em muitas formas o que faz com que ele sempre apresente uma nova educação na esperança de ser a Educação. Estou humildemente dizendo que a educação muda com os homens assim como o meio muda as formas que estão ao nosso redor. A educação é um discurso eternamente contraditório e complementar, pois, ele dialoga com o homem - uma mutação natural e eterna. É sábio de nossa parte dizer que não existe teoria da educação perfeita e permanente. As teorias surgem ao sabor da necessidade de se dizer do homem, e da proposta que temos de homem naquele dado momento no mundo das formas. É como se, fazer a educação fosse estarmos constantemente lendo o mundo e aprendendo com ele: “Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavramundo2””. (Freire) Freire não descarta a fé no sujeito aprendente que passa de uma visão micro de mundo para uma visão macro. O micro e o macro mundo. Educar para Freire exigia essa ruptura constante, uma vez que, espera-se do sujeito essas rupturas com o seu real. O sujeito tende naturalmente à consciência assim como na sua natureza estar a tendência à alienação. Durkheime nos diz que não devemos nos iludir com o ideal de uma educação perfeita, pois, na sociedade existem as especificações, as instrumentalidades, as profissões. É muito óbvio que a educação de formação profissional exista e é sobre tudo necessária. Assim em uma ideia de educação podem existir várias outras educações presentes; o que dever ser sempre o motor de qualquer modelo é a ideia de homem critico e capaz de ler o seu mundo – um crítico leitor do mundo – um sábio. Freire se via como um vermizinho se rastejando no seu micro mundo. Esse pequeno animal rastejou juntamente com as suas impressões sensoriais até conseguir fazer uma leitura de seu micro campo humano e natural: Papai, mamãe, a árvore, os pássaros, eu; até que ele conheceu a palavra oral e depois a palavra escrita. Ora, Freire me fala do homem que diz - do homem dialógico. O que é a leitura senão um diálogo silencioso que fazemos com palavra escrita ou com as linguagens que nos cercam? Assim meu caro Mestre, se a educação é mutante como o homem, o pensar a educação não pode ser unilateral, ou estático, cristalizado num modelo só. Educar é propor alternativas, é apresentar duvidas, é cooperar no debate sobre o mundo é estar entre leituras e andar no meio delas e encontrar inevitavelmente a sua. Citações: 1. Durkheime, Emille. Sociologia e educação. Página 27 2. Freire, Paulo. A importância do ato de ler. Página 9

terça-feira, 10 de julho de 2012

Arte de vanguarda na educação: obstáculos e alternativas

Como professor, sinto que os alunos possuem uma relação bastante acomodada com a arte massiva. Infelizmente o que eu posso verificar é que a cultura de massa se encontra diretamente associada ao mero entretenimento, ou seja, a uma evasão, uma fuga, ao invés de uma ferramenta capaz de proporcionar uma maior emancipação do sujeito com o mundo.

No entanto, eu insisto em acreditar que, mesmo o consumidor se usufruindo de forma passiva, ele possui subjetividades. Não há como anularmos a capacidade que cada sujeito tem de criar. Mas daí me surge a indagação: como possibilitar isso? Acredito que a aplicação da arte de vanguarda tem muito a contribuir para uma leitura mais crítica do discente acerca do produto massivo.

Antes de dar início à discussão, eu faço a seguinte questão: qual o papel da instituição educacional? Ora, gerar uma educação emancipatória que faça com que o discente tenha autonomia em desvendar o mundo de forma crítica. Contudo, essa crítica só surge no instante em que o aluno se depara com as contradições. Sem elas, o discente não é capaz de questionar a realidade a sua volta.

Por isso que acho importante se pensar a aplicação da arte de vanguarda na educação, uma vez que essa estética tem o objetivo de provocar no sujeito um contato com novas formas discursivas que fogem dos modelos convencionais, revelando a esse sujeito que o discurso oficial não está livre em ser questionado, e que dentro do aparente caos, existe a possibilidade da produção de novos sentidos.

Porém, antes de articular a arte de vanguarda na educação, tentarei responder a seguinte questão: como os indivíduos têm se apropriado da arte? Vivemos em meio a um contexto que tem como característica a otimização do tempo, a reprodutividade. Por se interessar pelo lucro, submete o sujeito a uma produtividade exagerada fazendo com que ele perca a dimensão de sua vivência com o mundo.

Isso termina por comprometer a forma como o sujeito se apropria da arte. Em um contexto marcado pela produtividade, a fruição com a arte, antes de se manifestar enquanto estranhamento e compreensão do sujeito com o mundo, passa a ser apenas um intervalo para que ele dê continuidade à sua labuta, fazendo da arte um mero entretenimento, isto é, um lazer alienado.

Eu noto que os alunos estabelecem com a cultura massiva esse lazer alienado e reduzido ao entretenimento por serem reflexos de um contexto produtivista, rotineiro, mecanizado e previsível. Infelizmente a maioria dos alunos revela uma acomodação por esperar apenas o mais do mesmo. É nítida a falta de curiosidade deles no que diz respeito à busca por novas linguagens estéticas.

É devido a isso que eu acredito que a arte de vanguarda receberá inúmeras resistências por parte do alunado. Como sua proposta é provocar novas construções discursivas, o discente, por se ver viciado no rotineiro discurso massivo, repudiará a linguagem da vanguarda, mas como eu atentei no inicio do texto, o uso dela é muito interessante para uma nova forma de olhar a cultura de massa.

Gostaria de mostrar o porquê a arte de vanguarda se torna interessante enquanto prática no cotidiano escolar. Vejamos: a arte de vanguarda com o intuito de questionar os modelos discursivos ditos tradicionais, estimula o receptor a potencializar sua subjetividade através de novas combinações sígnicas. Para isso, a arte de vanguarda expõe a esse receptor uma estrutura semântica diferente.

Ou seja, a arte de vanguarda objetiva estimular a criatividade do leitor da arte fazendo com que ele mesmo assuma uma posição atuante, construindo sua própria interpretação. A necessidade de fazer o leitor produzir seu próprio sentido decorre da necessidade que a arte de vanguarda tem de fazer o sujeito explorar ao máximo possível a sua subjetividade.

Percebemos com isso que a arte de vanguarda, diferente da arte massiva, não tem como interesse a redundância discursiva, muito menos a utilização recorrente de signos já desgastados. Essa estética não se interessa em fazer da arte uma mera repetição das formas. Ao contrário. O que ela se propõe é provocar rupturas e gerar uma abundância de significações construídas pelo leitor.

Portanto, para que a arte de vanguarda possa estabelecer um diálogo com a arte massiva na educação, primeiramente se faz necessário que o educador traga o discurso massivo geralmente consumido pelo discente, provoque debates sobre esse discurso, faça com que o aluno reconheça a sua capacidade de produzir sentidos a essa arte ao invés de se limitar ao mero entretenimento.

Fazendo o aluno reconhecer a sua capacidade subjetiva, o educador deve mostrar ao alunado que o discurso, diferente do que se revela na arte massiva, não se encontra cristalizado, e que ele inevitavelmente é alterado devido a subjetividade do receptor. Ou seja, um discurso pode ser construído sob diversas formas, não se limitando a repetitividade como se expressa o discurso da arte massiva.

Acredito que seja importante que na sala de aula o educador recorte as palavras do discurso massivo apresentado ao aluno e pegue aleatoriamente algumas palavras que foram recortadas e proponha uma nova produção textual. O aluno perceberá que até mesmo o discurso considerado por ele como "certo" e "normal" pode ser desmembrado e que ele pode passar por um novo processo de construção.

A arte de vanguarda ao dialogar com a arte massiva, pode mostrar ao aluno que os discursos podem ser reformulados através de suas subjetividades gerando novos sentidos. Isso é válido para que o aluno, tanto possa perceber o quanto o discurso não se limita ao óbvio como se expressa o discurso na arte massiva, como abre espaços para que o discente questione acerca dos prós e contras contidos no discurso massivo.

Além disso, a grande valia do uso da arte de vanguarda na educação está no fato dela permitir com que o aluno se reconheça como parte de uma subjetividade e capacitado em construir seus próprios sentidos, para que com isso ele tente romper com a ideia da arte vinculada a modismos, deixando de se guiar pelo consenso e pela necessidade de consumir o que a maioria consome.

Conclui-se, portanto, que a proposta da arte de vanguarda, mesmo tendo características que vão de encontro a mesmice da arte massiva, pode muito bem se adentrar em uma realidade do discurso da cultura de massa. Para isso, cabe colocarmos a arte de vanguarda em uma função pedagógica emancipatória, sem que passemos a reduzi-la a uma mera alegoria esvaziada de sentidos.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

imas e moscas.

imas sem
rimas,

palavras que se calam.
apenas ruidos produzidos
pelas asas da mosca
no calor
cinzento
do meio dia.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

HOMO LOQUENS E EDUCAÇÃO - Um breve ensaio.

HOMO LOQUENS E A EDUCAÇÃO, Um breve ensaio. No momento não me sinto muito a vontade em dizer sobre educação sem antes pensar um pouco no sujeito. Pois quando falamos em educação estamos nos referindo a educação de sujeitos e não de animais desprovidos desse tipo de epifania. A epifania do sujeito nos permite observar sua realidade objetiva na natureza. Desde os dias idos da filosofia grega que se entende que o ser se manifesta na matéria e nela deixa suas impressões. Devo dizer que a potência que move o sujeito é a vontade. Sem a vontade nenhuma pedra sairia de seu estado de inércia. Assim entendo que a vontade é a potência prima, a primeira forma de epifania do sujeito no mundo. Não é justo de minha parte se queixar inteiramente de minha vida, pois, esta tem muitas marcas de minha vontade. Ora, se a vontade é a força primeira que me arrasta no mundo, então, meu mundo, em grande parte é constituído pela epifania de minha vontade no mundo. O telos e o acidente convivem no mesmo sujeito e nele se expressam naturalmente. O segundo se constitui de falsos julgamentos que o sujeito faz de si e do mundo. Os olhos do sujeito julgam o mundo. Eles são os juízes da cidade. Nem sempre a razão a priori está em paz com a realidade objetiva. O mesmo podemos dizer da razão a posteriori, mesmo sendo sabedores que ela é responsável pela constituição do sujeito crítico e construtor de novos sonhos. Ora, se o sujeito tem a tendência de criar mitos, ele é um contador de histórias inveterado. Assim, se meus julgamentos são errados, minha vontade caminha em terra estrangeira e não o percebe. Sofro, inevitavelmente, os retornos de meus juízos – São meus acidentes. O telos nasce em minhas entranhas bem antes que haja em mim a consciência do sujeito que sou. A vontade principia no estado instintual do ser. Essa é uma vontade natural que não deveria se arrepender de existir. Depois que o ser caminha na terra, a sua vontade passa a ter um componente sociocultural determinante de sua existência – Essa é a vontade possível. Aqui o ser se epifaniza e se esconde do olhar dos outros. É sabido que houve um tempo em que o ser foi considerado um ente acabado, pronto a decidir por sua eternidade. Hoje, não é justo dizer assim. O sujeito volitivo existe enquanto experimento da natureza. O sujeito é alguma coisa em si mesmo e nada pode ser fora daquilo que é. Ele é uma eterna experiência de ser. A história contada pelos homens que viveram antes de nós nos ensina que existimos como experimentos da natureza. Aquele que é sujeito se veja como uma experiência, e aprenda no mundo. Alguém disse então, que a história, a ciência, a arte e a filosofia são epifanias do sujeito. Nenhuma delas existiria sem a vontade que move o sujeito. Todo sujeito é constituído, sobre tudo, de vontade. E esta só cessa seu trabalho no óbito do sujeito. A maior e mais digna vontade é a vontade de viver. No entanto, a vontade nascida de um juízo fosco sobre si e sobre o mundo produz a vontade de não viver. O suicídio é a vontade de autodestruição do sujeito. Ele pensou que podia implodir, que poderia, simplesmente, desaparecer do mundo das formas e ser alguma coisa viva em algum lugar. O ser sonha – O devaneio é marca explicativa do ser e atividade encefálica. No início do século XX, os homens de entendimento disseram que o sujeito é constituído pela interação cotidiana com o meio, e que essa interação era mediada pela linguagem. O termo linguagens seria muito mais valioso para nós, pois, o encéfalo percebe o mundo mesmo que o sujeito não traduza o estímulo em linguagens vernáculas. Não podemos negar que muitas são as coisas que nos deparamos no dia a dia e que não temos nomes para todas elas. Desta forma, se somos seres-sujeito no mundo, e que o mundo nos modela cotidianamente, e que essas coisas nem sempre são conhecidas por nós, então, o sujeito é, em certo sentido, um estrangeiro dentro de si. O velho oráculo délfico aparece novamente: “Homem conheça a ti mesmo”. A presença objetiva do sujeito no mundo está em função direta à expressão de sua vontade ou de suas vontades. A vontade, por sua vez, depende dos julgamentos que o sujeito faz no mundo. Somente os instintos – Formas viscerais de vontade, não precisam de julgamento para aparecer. Desta forma, a vontade se constitui um motor do sujeito, mas, ela não existe por si própria. A vontade do sujeito é constituída por duas naturezas, a primeira nos remete ao animal e suas funções orgânicas, a segunda a sua história socioeconômica e cultural. Sendo assim, a volição humana é tão animal quanto seu corpo e tão social quanto suas linguagens e representações do mundo. O outro é quem diz do sujeito. É a vontade do outro que me diz de mim mesmo e da diferença que existe entre nós. Pois somente no outro consigo ver nitidamente o que sou enquanto sujeito. “Isso eu não faço!” “Ah, comigo seria diferente!” O olhar do outro empurra meus olhos para mim mesmo. E, inevitavelmente, passo pela humilhação de ser por causa do outro que é um tão ser-sujeito, tão sujeito como eu. Assim, o lugar da vontade, seu lócus maior, caso alguém pergunte, é o lócus dialógico. O homem está, enquanto sujeito, em diálogo com o outro, assim em diálogo com o mundo. Pensar a educação sem considerar o sujeito-educando e sua condição de diálogo com o mundo é um equívoco sem precedentes. Pois, o ser-diálogo é, também, e não poderia deixar de ser, um ser político. Fazemos políticas o tempo inteiro, uma vez que o diálogo carrega nossa vontade até o outro. A vontade imperiosa, que rege sobre o outro e cria possibilidades e restrições é política. Ela nos fala do domínio do homem sobre o homem. A sociedade poderia ser descrita como a vontade da maioria sobre a vontade da unidade. O indivíduo que ousar fazer algo contra a vontade coletiva será fatalmente esmagado pelo todo. Pensando assim, não podemos fazer educação sem considerar que o real e seus discursos são expressões de vontades humanas que ora tendem ao domínio e a hegemonia, e ora falam de rupturas e mudanças na estrutura matriz das coisas postas no mundo. Pensar educação sem ensinar o sujeito que a melhor via é o diálogo, a negociação, pois, a natureza íntima da linguagem sinaliza o jogo, a escolha, a melhor expressão, é se prender às formas e não à luz inaudita do conhecimento que liberta. Pensar educação sem considerar a formação semiótica do sujeito social e que seu psiquismo é constituído por discursos hibridizados cheios de verdades e mentiras, de mitos e ciências, e de objetividades e quimeras, é voltar à era do silêncio quando os homens enterraram Deus com seus dogmas escabrosos. Ressuscitemos Deus, e com Ele o sujeito que fala; que diz de si, e de seu mundo, que pode dizer além dos ditos que estão na ordem do dia. Alguém um dia disse: “Deixe seu filho longe da escola o máximo de tempo possível, pois, a escola deforma”. Eu, no entanto, digo: Não há nada dentro da escola que não haja na sociedade. Não há lugar para se colocar a criança. Exceto, no seu lócus dialógico – Seu habitat natural. Põe teu rebento para dialogar com o mundo e dele terás um sábio! Assim como o ser infantil não pediu licença para aprender a falar, o ser adulto não deveria pedir licença para se tornar um sábio, aprender a pensar. Sim meu caro Mestre em Sociologia, este humilde cavalo dos Orixás preferiu mostrar por meio desse breve ensaio que assim como o ser nasce de uma relação dialógica com o mundo, o sujeito epistêmico, também, brota pela via dialógica. Se quiseres pensar o ensinar, o educar, comecemos pela estrutura dialógica do sujeito, pela antropologia da alma humana – O homo loquem.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Palavras em aberto

Dedicado a Roosevelt Vieira


Quando escrevo, organizo
Pra me fazer entendido,
Mas quem sente sempre arrisca
Não tem jeito eu me excedo.

E você que compreende
Nesse instante está pedindo
Novamente um sentido
Porque não está me entendendo

Cada regra na escrita
Traz a fuga de um rebento
E a palavra traduzida
Nos põe logo no relento

Mas se eu digo e você entende
Logo você faz sua trilha
Interpreta do seu jeito
E eu continuo me relendo

Cada dito entendido
É um teto sem abrigo
É o certo no escorrego
É a busca do escondido.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Embolia do sono



Sono dilatado nas profundezas do recondito inconsciente absolutamente relativo pela materialidade inexistente da percepcao sistematica do real.


*`Spider of the evening`` (1940)- pintura do artista surrealista catalao Salvador Dali (1904-1989)