terça-feira, 11 de maio de 2010

Os meninos que fumavam cigarro.

Meu dia começou com um pouco de cansaço em minhas costas, a labuta cotidiana excede muitas vezes a sua vontade de viver, o homem que vive os tempos da revolução técnica-informacional ganha uma vida com o compasso dos carros apreçados. À tarde encontrei um grupo de jovens do meu antigo colégio o CEFET-SE (Centro Federal de Educação Tecnológica de Sergipe) hoje IFS (Instituto Federal de Sergipe). Este encontro me inspirou muito para escrever para o Torto, pois me deparei com outro panorama de público do meu antigo colégio, certo que a batida do tempo é firme e com ela as coisas vão se transformando, porém me deparei com uma mudança drástica para 2 anos que eu me desvinculei da instituição supracitada. Tive contato com jovens de 15, 14, 16 anos que viviam praticamente com sintomas de adultos, bebendo e fumando, porém, sem muitas perspectivas ou quimeras para o futuro. A juventude de grandes ideais de conquistas e mudanças me parece que prenuncia na melhor das hipóteses a sua crise.

Achar a chave dessa questão é um pouco complicado, porém vejo que o problema é sistemático e complexo, pois possui muitas facetas. Uma coisa que podemos apontar é que o modelo de família como mosaico, onde as referencias ao qual o individuo projeta sua empatia e personalidade ficam meio atrapalhadas (famílias monoparentais, com país e mães com outros parceiros e muitas vezes outros filhos), está causando serias mudanças no comportamento desses aspirantes a adultos. Pais omissos por conta do tempo ao qual o mercado lhes pede também pode ser uma chave para essas mudanças. Na verdade a intensidade do tempo que esses pais dão aos filhos não possibilita muitas vezes um investimento narcísico suficiente causando certas fragilidades no processo auto afirmativo dessas crianças ou desses adolescentes. Vejo também que vivemos um período de crises intensas no mundo, ambientais, sociais e etc. Isso a meu ver interferiu muito na visão de mundo e na projeção dos anseios dessas pessoas, corroborando para um sentimento de descrença em um futuro mais solido, dentre outras coisas.

O que indagamos é como esse jovem que está imerso nesse mar de símbolos e valores vai se desenvolver, e quais seriam os pontos positivos disso. Talvez uma tolerância maior a diversidade ou do contrario essa falta de um modelo mais centralizado pode gerar ainda mais estereótipos e grupos cada vez mais fechados e vastos, por conta dessa carência de referenciais. A dimensão dessas mudanças que citamos e que vivemos ainda creio eu, não são certas, o que sabemos é que estamos em tempos de transição para diferenciações drásticas tanto sociais quanto ambientais. Como lidaremos com nossos futuros filhos? Qual seria o tratamento mais correto? Com qual perfil de aluno nós professores lidaremos? Não quero suscitar aqui uma visão apocalíptica, mais pretendo trazer para o torto esse debate que, assim como torto, transcende definições e perspectivas categóricas. Essa é a saga infinda pela tão ufanada identidade, ou como fala a malhação ID.

4 comentários:

  1. Querido Reuel,

    A sua pessoa vem andando muito inspirada nas produções textuais. Muito bom man.
    O dilema que você termina por colocar, eu sinto que é um dilema que tambem podemos encontrar em salas de aula, afinal, o ambiente educacional é uma outra familia, familia essa que possui um aspecto mais formal.
    Cabe a nós tentarmos encontrar um jeito mais sensato, se é que vamos conseguir encontrar sensatez, em nos apropriar dos dois lados da realidade. Enfim, em possibilitarmos que nossas estratégias atuem tanto no campo da subjetividade e respeito a diversidade, e tambem no campo das regras, dos limites, da centralização dessa liberdade.
    Em uma cultura como a ocidental na qual a prática hierarquizante ainda se encontra muito evidente, infelizmente ainda encontramos uma certa dificuldade em mostrarmos aos alunos o quanto se é possivel, porem, não tão fácil, estabelecer um jogo entre a liberdade e o limite, entre a amizade e o profissionalismo.
    Penso que isso no ambito familiar se torne algo muito mais complicado, levando-se em conta as mobilidades e as mudanças de papeis que percebemos na isntituição familiar atual como você bem observou. O grande problema é que ainda somos muito maniqueistas, então a opção termina sendo muito simplista: ou a total proibição ou a total liberdade, e isso termina se refletindo na prática educacional na qual o melhor professor termina sendo aquele que impõe medo. Enfim: acredito que isso é uma caracterisitica claramente cristã que trazemos em nossa bagagem cultural.

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  2. Ou seja, o medo construindo o respeito e a admiração. Dando a liberdade, somos tirados muitas vezes como otários. Articular um plano e outro e tarefa dificil, uma vez que somos extremistas em nossa educação familiar e social. Ou eles entendem uma coisa ou entendem outra. A nossa cultura de forma geral ainda se encontra com muitas dificuldades em saber entortar.

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  3. Apartar-se das convenções por completo é impossível. Creio que essa busca por referencial todo mundo busca de alguma forma, mesmo que seja anti-convencional. A sociedade passa por uma pulverização dos valores, em que segue um caminho de revisão e critica desses valores, no entanto, ainda não encontrou o caminho para adequar essa realidade aquela anterior.

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  4. Exato meu caro aly soul, por isso que deixei bem claro que muitas dessas inseguranças e abalos emcionais digamos assim existem pq estamos em uma etapa de mudanças bruscas, q fatores politicos, ambientais, culturais, eticos estão sendo digamos assim metamorfozeados.

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