quinta-feira, 30 de agosto de 2012

SENTADA

Ela esteve sentada por todo o percurso. A paisagem fazia belo o vazio de meu peito. O desejo de dizer foi menor que o de sentir. Sentir a presença de uma alma desconhecida. - Uma viajante aparentemente sem destino! Ela estava ali quase indiferente a minha existência. Parecia invisível, insensível, intangível. O carro com dificuldade seguia a viagem. E eu, o curso da estrada. Terra dura, sem asfalto; a poeira voa alto. No verão, o ar rarefeito, nos faz pensar na volta, quando a tardinha chega mais fria. As garças dançavam bem organizadas sob olhar suspeito da lua. O sol, ao longe, despia o resto do dia de suas vestes coloridas. - Uma mortalha preta estava lá aguardando a serra sumir na escuridão. No escuro, todos são iguais! Os morcegos podem nos dizer sobre isso! O preconceito é doença, é ferida! É distância de criança, é brincadeira, é herança mal dividida. É uma senda esburacada; Uma mente atrapalhada. Uma faca de dois gumes! - Só, não diz de si, um vagalume! Ela se levantou e eu passei. Ela se ajeitou, e eu pelo corredor apertado daquele veículo mal encarado, deslizei com dificuldade. Desci, desci, desci... Tomei outro caminho. Nele vi uma figura amiga. Despida! Nua! A pele estava crua! Andava na rua e dizia somente a verdade...

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