Apresento aos leitores do Torto, o escritor Heitor Lima. Nosso Primo, neto do escritor cearense Wilson Vieira.
O Momento
Então, se foi. Na época em que melhor a escrevia, com suas diversas doses de egocentrismo indiscutível, resolveu por desistir de se explicar. Foi narrando seus batentes, até mesmo de uma forma despojada, algo que não fazia parte de sua personalidade singular, por ser um bicho abstrato, totalmente mal interpretado por seus atos, absorvendo nitidamente avalanches de sentimentalismo, rotulado pelo dom de ampliar seus medos, talvez uma dentre as muitas capacidades que não escolhemos ter até saber como lidar com ela e, como quebra de expectativa, se enforca na própria vontade de se livrar disto.
Exclamava para uma nudez auditiva, como se um corpo invisível refletisse aquilo que faria livre suas desilusões, morrendo novamente em sua verdade interminável de ser o mais preocupado de todos, lembrado por um rabisco ambicioso que reclamava, em sua presença, o “por quê”, aparentando um estado psicologicamente obscuro de consciência.
Por nada, animava-se, intacto, afagando seus inúmeros desesperos em corrimentos, esquecia seus sustos, mortos, sempre em um método sem fundamento, amparado somente nele e não entendido por explicações retas, expostas aos montes por tudo o que tivesse menos amor do que seu íntimo. Exercitando o dito anterior, humanamente, lembrou da carne que o apunhalou em curtos dias. Culpa da pressa que tem em mistificar tudo o que passa pela sua vida. Agora, dentro de um interminável abismo exposto em verde, caindo suavemente pela eternidade admirável das inquietações observadas, desta vez, dentro do infinito e, esquerdo, encontrando-se seco, onde as sensações saiam da pele, físicas, entortando na direção da íris em contraste com o resto do momento, quando pode ver seu próprio corpo, alinhado, em uma única união, oscilando distintamente como dois espelhos frente a frente. A medida em que caminhava em direção a recente epifania, ardeu seu olhar pleno diretamente a face total, movendo os lábios rubros entre os dentes, cultivando um espaço vazio, o qual não o permitia sair. Até que estava completamente parado, significando o próprio espírito, paciente, esnobando qualquer acaso que poderia acontecer a qualquer instante.
Algo como uma manifestação do inconsciente no mundo material, incrivelmente rápida, mas eterna, onde a pintura estática do acontecimento descrevido permaneceu congelada em seu ápice, dando continuidade ao trabalho do tempo, que redecora toda a vida mergulhada no destino.
Heitor de Lima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário