sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Infância

Ao Marivan, onde talvez eu tenha passado os melhores anos da minha vida

O matraqueio de galhos redivivos ceifavam o breu contra o qual dispúnhamos os candeeiros. Ao longe, reduzida a um quadro displicentemente pintado, a extensa trilha de barro, através da qual alcançávamos nossa casa, incandescia à luz sublime da lua lívida, e a contemplávamos extáticos, geralmente sentados sobre a madeira úmida de um banco improvisado há algum tempo, inebriados pelo cheiro quimérico do querosene sendo consumido para alimentar o fogo. Entre uma e outra lenda mirabolante sobre os encantos da cidade desconhecida que existia além do mato e do mangue, lacunas de silêncio necessárias para ouvir o vento frio e litorâneo em cujas correntes se grudavam os eflúvios diversos da fauna, dando àquele entorno os caracteres mais vivos que, logo adiante, se tornariam uma constante póstuma à lembrança de quem os pôde sentir intimamente, todos os dias, no ritual etéreo da vida pobre e simples, repleta de imagens cativantes de que nunca cansamos de sentir sinceras saudades.

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