terça-feira, 27 de abril de 2010

É hora de contradizer o TorTo.

No Brasil a questão agrária é um fato antigo, desde o período colonial com a política das sesmarias, onde os lideres das capitanias hereditárias elegia seus sesmeiros para indicar as sesmarias para os “bons cristãos” a coisa anda “preta”, afinal as porções de terra ao qual se intitulava sesmarias ao contrario de como ocorria em Portugal tinha um caráter hereditário e não vitalício como era de ser. Assim no Brasil foi se criando uma casta de donos de terra, a apropriação do território brasileiro foi altamente concentrada uma vez que a posse das propriedades ficava séculos nas mesmas mãos e tendo em vista que esse modelo acabou no séc. XIX no fim do Império Colonial não é de se estranhar a nossa situação. Hoje temos uma realidade fundiária altamente concentrada onde o capital estrangeiro já se introduz nesse cenário comprando porções absurdas de terra, um exemplo é empresa multinacional Ford. No Brasil temos hoje 231,3 milhões de hectares de terras improdutivas e 25 milhões de pessoas passando fome.

Não só o Governo Cardoso como também o governo Lula fizeram planos de reforma agrária tímidos, até o governo Cardoso, por exemplo, o Estado tinha assentado apenas 605 mil famílias, isso é exatamente 27 milhões de hectares. Já até o final do primeiro governo Lula estavam assentadas 825 mil famílias com números um pouco maiores que o de Cardoso, a área desapropriada aumentou para 41,3 milhões de hectares. Visualizando o dado acima percebemos que verdadeiramente a reforma agrária brasileira é bastante tímida, a propriedade da terra se concentra enquanto um massa de miseráveis invadem as casas dos “bons cristãos”. Bem entendemos o problema como um problema sistêmico, não só em relação a divisão da renda no campo do Brasil que seria alcançada através da redistribuição das terras, mas também os problemas urbanos estão totalmente conectados com o campo, os camponeses desterritorializados do campo incham as cidades em busca de emprego e moradia e os preços das sestas básicas aumentam também.

A reforma agrária entendida por alguns intelectuais hoje como território da política lida com demandas especificas e não com políticas estruturais, justamente para conter as reivindicações dos movimentos sócio-territoriais do campo que são responsáveis por grandes parcelas das propriedades improdutivas desapropriadas para a reforma agrária no Brasil. Entendemos por propriedade improdutiva como um território sem função social, ele apenas está á deriva da valorização do mercado. Outros países pobres como o México e a Colômbia já possuem reformas agrárias muito mais adensadas do que o Brasil que tem um índice Gini agrário de 0,85 (o índice Gini é um índice que mede desigualdades é o número máximo dele é 1).

Porém a grande questão é entender qual o caráter do Estado enquanto conceito, pois se vermos a questão dentro de uma dimensão sistêmica veremos que sim, a bancada ruralista que defende os interesses do agronegócio tem um força incrível, ou seja, aquela velha dicotomia ao qual o estado defende os interesses da classe dominante, agora pensamos também que os micro-poderes possuem um influencia neste contexto, as relações de consumo e da forma como se lida com esse Estado. Porém entendo que tenho que aprofundar meus estudos sobre o Estado.

20 comentários:

  1. Sinceramente, não vi nenhum discurso que viesse a contradizer o torto. Apesar de temáticas como a que você trouxe não terem sido debatidas com grandes exaustões no movimento, eu não acredito que essa perspectiva venha a contradizer o movimento.
    Até por que em nenhum momento os tortos andaram dizendo que são a favor dos latifundios, em nenhum momento, o movimento partiu de encontro aos interesses dos dominados. Pra falar a verdade, em nenhum momento o torto tendeu a levantar uma bandeira a favor ou contra a uma determinada posição de classe em especifico. Não me recordo do torto ter dito que a realidade é perfeita e igualitária, e que a realidade fundiaria brasileira é o paraíso.
    Pensei em encontrar alguns levantamentos mais pertinentes a respeito das idéias até então elaboradas pelo movimento. Enfim, pensei que você iria trazer uma postura que fizesse repensar algumas pontuações trazidas pelo movimento.
    Concluindo: contradizer o torto? Prefiro acreditar em refutar as contradições do torto, pois contradizer isso aqui, é tentar dizer diferente fazendo a mesma coisa que tem sido feita desde o surgimento do movimento.

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  3. Então, reconheço que o termo foi mal empregado, mas afirmo que apenas coloco perspectivas de analise e algumas perspectivas políticas diferentes das que são encontradas no Torto.

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  4. ah certo, agora está mais claro.

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  5. Não entendi o porquê do título, caro Reuel.
    Mesmo sendo torto, eu me interesso em conhecer toda sujeirada comandada por Kátia Abreu e seus comparsas. Aliás, hoje a vi ao vivo na televisão defendendo uma mobilização cristã contra o “Movimento criminoso” – o MST.
    Quem disse que os tortos não têm uma posição crítica frente a isso? Eu penso que seria melhor dar uma lida com carinho no texto direita canhota, esquerda destra do caro Vina Torto para ter um exemplo disto. Mas você quer propor o que concretamente; que matemos os ruralistas?
    Quanto ao teor informativo do texto, parabéns, texto super claro e denso.

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  6. Caro Josuá, com relação a proposta do titulo eu já esclareci logo acima. Obrigado pelos adjetivos.

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  7. postagem removida no torto . isso e uma coisa na qual torto n pratica remover postagens ?!

    os debates e os conteudos realmente eu estou axando bom no torto . qualidade para mim existe no torto
    Alan

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  8. Pelo que pude apreender em relação ao torto a sua postura é de um entortado, tendo em vista que o concordar e discordar são dois lados e existem outras moedas. Partir do seno, para o coseno e deslizar pela tangente faz parte do torto.

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  9. "!mas afirmo que apenas coloco perspectivas de analise e algumas perspectivas políticas diferentes das que são encontradas no Torto"

    Quais?

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  10. Bom texto Reuel...

    O estado se comporta, imagino da seguinte forma metaforicamente conjectural, como um vendedor de pizza, com uma única pizza (a terra), disputada por 2 pessoas (classes) das quais, sendo que essas mesmas pessoas discutindo com o vendedor pela única pizza (implicando a posição do estado, a disputa pela terra, a reforma agrária, digamos que também as implicações do próprio capital nessa questão). O estado, mesmo em sua campanha tendo prometido ajudar x classe que o colocou no poder por ser a maior parte em número de eleitores, mas contou com N empresas que são de Y classe, para se engajar financeiramente na campanha, sempre será cobrada por uma dessas classes que se supõem contraditórias. É a única pizza (terra e direito) disputada por duas pessoas que se relacionam com o vendedor e fizeram-no estar na profissão (O estado).
    O vendedor tem que decidir com quem a pizza vai ficar, se é com a pessoa que possui mais dinheiro e já pagou, ou se é a outra pessoa que contribuiu menos, mas por sua vez é amiga mais próxima do vendedor e ajudou o vendedor a trabalhar na pizzaria também, além de ter tido a pizza como promessa (classe baixa, proletário, e trabalhadores do campo sem campo, maior em número, “etc. e tal”). O vendedor com a única pizza (estado e território) encontra-se acuado, e pressionado pelas diferentes pessoas que disputam a mesma que se sentem donas da pizza, uma pessoa pagou e a outra foi prometida (reforma agrária). O que o Pizzaiolo pensa então, perco o cliente ou perco o amigo?
    O que decide fazer o pizzaiolo, que já estava com o amigo puxando a pizza que tinha sido prometida a ele, o cara que já tinha pagado ela e por sua vez já estava com ela na mão, pressiona o vendedor também. Então o pizzaiolo propõe uma negociação entre o cliente e o amigo, O cara que “pagou” vende um pedaço da pizza ao amigo do vendedor, mas o mesmo amigo estava sem dinheiro, o vendedor emprestou o dinheiro pago pelo comprador ao amigo para comprar o pedaço, o comprador da pizza (terra e “direito”, o que é direito nisso aqui eu não sei.) vende um pedaço ao amigo do vendedor parcelando com juros que voltaram ao comprador como lucro. Mas o amigo do vendedor está com muita fome (MST) não se contentou com o pedaço que fornecido e negociado, pois o pedaço além de ser pequeno, pouco recheado e pago, ele continua persistente na negociação. Conclui que o vendedor amigo (estado) apenas quis não passar por ruim em nenhum dos lados e tentou resolver o problema paliativamente, mas o amigo ainda sente-se injustiçado...
    Ressalvo que não defendo nenhum dos lados em questão, apenas imagino a problemática como o estado nessa tentativa de “ordenar” essa contradição mediante os diversos fatores, que essa minha escrita carece e muito, posso estar muito equivocado, mas fica ai essa compreensão inicial...

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  11. Querido Alan,

    Tenha certeza que nós autores do torto, não removemos postagens.
    Antes de você afirmar coisas sem comprovação mais esclarecida dos fatos, procure saber com a pessoa que removeu a postagem dela.

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  12. hum ... procurei ja saber . ja estou esclarecido q n foi o torto k removeu a postagem . mas e bom questionar , para ficamos ligados hehehe
    Alan

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  13. Quando esclareci esse ponto Josué falei DIFERENTES e não antagônicas... E também já afirmei que me equivoquei no uso do termo, eu acho que não tem muito motivo para polemizar isso, seria bom discuti o conteúdo do texto. Abraço.

    Ass.: Reuel Astronauta

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  14. Reuel,

    de fato, concordo com Josué. Mesmo você ja esclarecendo sobre o termo dado no texto, eu acho que dizer que debate perspectivas DIFERENTES do torto, é um tanto equivocado. Acredito que o melhor seria: " assuntos não abordados até então pelo torto", pois parece que você está dizendo que o torto é incapaz de compartilhar com a perspectiva exposta em seu texto. Ah, e acho que isso é debate sobre o texto também. Na verdade, não só debate, como um requestionamento sobre as perspectivas trazidas ate então pelo torto.

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  15. Reuel,

    Vou me posicionar a respeito da perspectiva trazida pelo seu texto.
    De forma breve, eu acredito que seja um absurdo encontrarmos essa disparidade de acessos de renda entre os humanos. Realmente eu acredito que essas terras improdutivas deveriam ser mais exploradas, e gente pra isso não falta.
    Porém, preciso dizer uma coisa que para os leitores mais apressados, pode parecer absurdo, mas em algum caso, não sou a favor de invasões de terra não. Claro que nós sabemos que uma boa parte dessas terras são frutos de corrupções, de dinheiro sujo, e que por isso mesmo é do dever do Estado adquirir pedaços dessas terras a pessoas que não tem acesso a elas, no entanto, tambem sei que existem grandes faixas de terra que não foram adquiridas pelo meio ilegal, e sim por meios de acumulo de trabalho. Ai eu pergunto: que culpa têm os donos delas?
    Lembre-se que a propriedade privada, não quero entrar aqui na discussão se a propriedade privada é certa ou não, mas ela existe e está na lei, então como se achar no direito de montar barracos em terras alheias? Não sou a favor desse tipo de postura. Nesse sentido, aceito o impedimento legal. Agora, tratando-se de terras que são conquistadas por meios que desviam os percursos considerados legais, acho que devemos sim cobrar pelo uso delas.
    E você bem sabe que existem casos e casos de familias que ganham essas fatias de terras e não se usufruem dela, vendendo para outras pessoas. Fazem isso e continuam se achando no direito de se manter no oba oba dos movimentos sociais exigindo porçoes de terra. É bom pensarmos nisso também.

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  16. Não falei que o torto não poderia questionar esse tipo de temática, apenas falei diferente pq ainda não encontrei no torto algum questionamento nessa temática e que tenha uma influencia clara do materialismo histórico.

    Bem, o latifúndio também não é respaldado pela lei, só a denuncia que os movimentos sociais fazem pressiona o estado para a desapropriação. E outra coisa, te pergunto, que culpa têm os agricultores famintos sem-terra por serem atingidos por uma apropriação do território brasileiro totalmente concentrada, que há um pouco mais de cem anos estava absolutamente nas mesmas mãos há séculos? É melhor em minha opinião diminuir a fatia de um a alimentar centenas e com isso atenuar a barbárie social que vivemos do que simplesmente alienar o problema a uma justificativa individual. A questão é que vemos as coisas sempre a curto prazo e não vemos que a distribuição da renda mais equilibrada trás benefícios para todos.

    Ass.: Reuel Astronauta.

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  17. Concordo, Astronauta!

    Eu acredito bem mais no fato de as terras que o MST "invade" sejam as devolutas da União, as griladas, e, sobretudo, as terras conquistadas de forma criminosa. Se vejo invasão ilegal é muito mais por partes dos "honestos" trabalhadores milionários, que possuem métodos bizarros até mesmo de envelhecimento de documentos para que pareçam testamentos de séculos passados. O MST tem, inclusive, aporte intelectual para saber a procedência das terras. A coisa não é tão arbitrária assim.
    Agora, é óbvio que, como em todo movimento enorme constituído por seres humanos há os podres. Mas o movimento em essência vejo como muito mais digno que vilão.

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  18. Rapaz, eu dou créditos as manifestações dos sem-terra, mas acho que invadir terras aludindo a falta de culpa pela fome deles também acho um pouco de classismo revolucionário. E agora os donos têm que pagar por isso é? Claro que existem muitos latifundiários ai sacanas pra caralho, como existem terras da União que merecem ser utilizadas por essa parcela enorme da população, mas existem outros que possuem suas grandes extensões de terra e não têm que pagar pela história da desigualdade brasileira não.
    Bom, em todo o caso, preciso conhecer mais afundo esse movimento, mas pelo meu conhecimento de senso comum, não compartilho com sua posição de forma plena não.

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  20. Miguel, vejo a questão da seguinte forma, o estado não é apenas o presidente, a câmara e a sua bancada compõe este estado tb, de representante de setores sociais, a fatia maior na verdade fica com a bancada ruralista que tem grande aliados com grande montantes de capitais, e não só isso eles possuem maiores condições para bancarem campanhas e etc, já os movimentos sociais tem pouco representação, uma fatia muito menor. Os da fatia menor cabe sua mobilização para pressionar o estado para que os seus interesses sejam cumpridos uma vez que as decisões por número de votos na câmara fica a cabo do agronegócio ou seja dos grandes latifundiários.

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