Por uma estética torta
Por todas essas linhas que escrevo, sou seduzido pela ganância em buscar o meu sentir. Deixo o fluxo em seu transcorrer estético. Ajo assim, pois acho que cada coisa que construo resulta das explosões dos meus afetos. Se o que eu construísse não fosse feito dos meus desejos, sequer o procuraria. É por eu ter desejos que, mesmo vivendo relações de atrito com isso que construo, só o fato de deseja-lo, me faz voltar à sua casa pedindo perdão, mesmo sabendo que novamente lá eu vou me embebedar pelo concreto e por aquilo que me contamina, mas que nunca sei o que é. Se o que escrevo é racional? Ora, eu uso a racionalidade, mas procuro fazer dela um razoar e não uma Razão. Sim, o que procuro é pensar, organizar meu pensamento, mas deixando as vibrações e o pulsar do meu corpo trafegar em meio a mais confusa, deliciosa e profunda sensibilidade. Cada logicidade e clareza que construo, felizmente vem dançante e brincante com o sentir sempre tão generoso com o criar e com a vida que eu levo a imaginar. Seria então o meu texto impuro e não acadêmico? Como quiserem. É da impureza que resgato e descubro o que, pelo menos por alguns instantes, eu acredito ser puro. Quanto ao acadêmico, não sei se sou o acadêmico ou o saci ou o caqui ou o kiwi ou o guri. Não me importo. Definir verdades a partir de classificações me deprime, e, por isso mesmo, não me interessa. Sou o universo, e por ser tão infinito, sinto muitas vezes que não sou nada. Não me alcanço. E é por tudo isso que tudo me parece ser tão estético! Se o que escrevo é ciência ou arte ou verdade ou ficção? Ah... quantas razões eu tenho por chorar e quantos sentimentos me povoam por eu tanto pensar! O que posso dizer é que, as supostas formas que dou ao meu discurso, se devem ás lágrimas e aos ideais que me desabitam e me ecoam, afinal, a cada linha que escrevo, tento libertar esse humano tão perfeito e esquisito que existe em mim.