A busca dos códigos e regras sociais possui um componente vital para o ser humano, já que se esses tratam das formas de como ele, ator social, deve proceder diante das situações que o próprio contexto coloca para eles e que pode funcionar momentaneamente como estabilidade para a instabilidade existencial.
A minha perspectiva de analise caminha na direção de os comportamentos regidos pelas práticas culturais, em especial, dos relacionamentos de amizade, amorosos e familiares povoam o nosso cotidiano e nos fornecem elementos que buscam a estabilidade e o reforço do elemento civilizador (entendo esse termo como a prática regida pelos códigos e símbolos disponíveis num dado contexto cultural que funciona como organizador das ações dos atores sociais) em contraposição a prática instintual ou puramente biológica.
Em outro texto (por dentro da intimidade....) escrevi que os “acordos”, como principio de ajuste de interesses intersubjetivos permeiam os relacionamentos implícita ou explicitamente. Continuo a defender essa concepção, pelo fato de que independente das modalidades de relacionamentos (a dois, a três, seja lá quantos forem) esse método, quase egoísta, propõe reciprocidade no processo de interação, o dialogo é o principal instrumental, porém não é o único, já que as sensações e o processo reflexivo do relacionamento acompanhado pelas subjetividades avaliam se ainda existe ou não o interesse para os atores sociais envolvidos.
Os códigos, as práticas e os símbolos que constituem as culturas buscam o equilíbrio psíquico do ser social no caminho de orientá-lo para um sentido que se propõe estável para a sua vida. Os conceitos são exagerados e colocados como metas dispares a característica das práticas humanas. Por exemplo, a idéia de amor para toda a vida pregada pela monogamia é ideal, pois o correr dos anos transforma aquela força motriz emotiva, chamada de paixão, em uma continuidade conformada, mesmo que seja infeliz, frustrada, ou pautada por interesses econômicos. É sabido que os sentimentos são mutáveis na medida em que entram em contato com outras experiências.
Conceitos que se propõe em seus discursos uma característica supervalorizada geralmente proporcionam aos atores sociais a sensação de estabilidade emocional e cognitiva. Os relacionamentos, no seu sentido de proximidade relacional, da cumplicidade, do compartilhamento de sentimentos e emoções, confiança, respeito e expectativas, ajudam a formar um espírito de estabilidade e a dispersar a condição finita que todos temos. Nessa condição, os atores sociais partem de fórmulas fornecidas pelas convenções na busca de um porto seguro. O acordo como propus em parágrafo anterior, não se trata de uma fórmula reproduzida pelas convenções. Ele é dialogado, reflexivo e pensa na satisfação existencial dos envolvidos. Não chega a ser meramente racional ou afetivo, ele é hibrido, pois emerge da condição de humanidade, grosso modo, combinada entre civilização e instintual.
Aly Soul,
ResponderExcluirGostei de sua abordagem mostrando o quanto muitas vezes os acordos não são nada tortos.
Queria fazer algumas observações: mesmo que eu tenha visto que sua posição no texto não foi contrária a minha,preciso dizer que a meu ver, o torto também se submete às convenções, do contrário, ele não se entortaria, e o fato de entortar implica justamente o constante dilema entre um querer e um negar, e por isso mesmo, jamais prossegue previamente uma determinada linearidade.
O que eu entendi em seu texto, é que os acordos não tendem a ser tortos por eles buscarem convenções que são cobradas para serem cumpridas como Ideais.Portanto, achei bastante pertinente a sua observação referente ao enganamento que todos nós sofremos em querer optar por um ideal que não necessarimante se aplica em nossa prática humana.
É isso. Apesar do torto acreditar que ele, assim como qualquer outro, se encontra sumbetido às convenções e aos códigos,e por isso, não deslegitima a necessidade de acordos, ele sabe que, apesar de termos que cumprir com essas convenções, nós também somos animais sedentos de outros prazeres, e que a monogamia só implica uma forma de construção que serve para canalizar nossa fome de foda para outras coisas, mas que no final das contas, nós como animais, queremos algo muito mais que a calmaria monogâmica de ser
bjs
A negociação entre instinto e cultura é bem complicada.
ResponderExcluirA minha critica sempre segue em direção as fórmulas prontas. Não me atrai pensar em relacionamentos pré-construídos para que dêem naturalmente certo. Para mim funciona como a relação que sempre buscamos fazer ente teoria e prática, a teoria ajuda a você compreender e a se guiar numa determinada realidade, porém ela não deve se impor ao seu objeto de estudo,pois assim, criaremos Frankensteins. Utilizo raciocinio semelhante para os relacionamentos, afinal somos seres com motivações, frustrações,desejos, medos, enfim, somos complexos mesmo. Na minha visão a saída para não cair nas armadilhas das fórmulas é o auto conhecer-se e o diálogo critico diante das convenções. Assim saberemos melhor que somos humanos e nos permitiremos a "imperfeição" da qual insistimos tanto em negar.
bjos