sexta-feira, 13 de agosto de 2010

REPOUSO NO REFLEXO

Vejo o reflexo do meu eu no espelho que é a água parada na privada.
Por alguns instantes repouso a minha imagem na superfície fina, hospedada por visitantes invisíveis que, a todo instante, tentam me convencer da sua existência.

Durante o dialogo mudo,
O liquido fluido, em cor amarela, aos poucos, jorra do meu corpo como excremento rejeitado.

Trêmulo, meu espelho privado respinga gotas de orvalho anti-lirico e distorce minha imagem na turbulência da água.
O meu espelho, até o instante inquebrável, assume o desconcerto de um ser distorcido, do qual não consegue mais reconhecer a sua própria imagem.

E depois disso, qual será a nova face? E depois dessa, qual será essa nova imagem? Após as últimas gotas posso ver outra face que perde a forma, a cor, o cheiro e, inaprazível, ainda abriga vidas invisíveis.

13 comentários:

  1. Aly Soul,

    KKKKKKKK Adorei man.
    A partir desse seu texto eu fico a me questionar: teria como eu admitir, assim como boa parte dos ditos tendenciosos ao materialismo, que o real é apenas o que vejo? O que seria do funcionamento de toda essa realidade se não fossem as celulas, os atomos, as energias, etc? Eu os vejo? Não. No entanto, eles existem? Sim, até por que o que seria de nós sem a invisibilidade concretizando nossa máquina corporea, representativa da realidade? Visível e invisivel são duas coisas ao mesmo tempo.

    Outro ponto interessante foi a relação de sua semelhança diante de um espelho que apesar de refletir a integridade de sua pessoa, torna a sua pessoa transfigurada a cada momento que ela se vê refletida nesse espelho. A minha grandeza pode ser refletida nas aguas limpidas de um rio (nesse mundo industrializado, não sei em qual rio), mas pode ser refletida nas aguas amareladas de xixi e de cocô, ou seja, dos próprios restos que fazem parte de mim. Eu sou o que penso e o que mudo seja nas aguas fedorentas do meu lado grotesco de ser, seja nas aguas limpidas do lado sublime de mim.

    bjs

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  2. Meu caro Allyson torto,
    Uma vez fui muito criticado na Ufs por defender a filosofia da merda. Sempre aqui ou acolá, estamos falando sobre a privada, a bosta, o cú. Ou seja, estamos retomando algo que num primeiro momento parece nojento, mas que no outro parece prazeroso. Nossa relação com a bosta, ao meu ver, é ambígua, assim como é com deus, o estado, a família etc. Bom texto. Espero que a outra face seja após uma boa descarga. heheheheh

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  3. Eu pensei no final como a descarga tb kkkkkkkkkkkk

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  4. Caralho. Seu melhor texto (para mim). Parabéns!

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  5. Excelente texto, caro Alysson! Esta foi a cagada mais lírica (ou anti-lírica?) que já vi!

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  6. Boa reflexão em torno do texto, meu caro Vina. A idéia da imagem trêmula que logo após é surpreendida pelo líquido indesejável que contamina a possível pureza existente na imagem parada límpida acompanha a nossa idéia maniqueista e relação a tudo que existe.

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  7. Meu caro, Roosevelt espero que realmente após a descarga possamos nos renovar e voltar a realidade, vendo através de outro prisma.

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  8. Meu caro, Josua!! Foi uma mijada e não uma cagada. Mesmo assim, obrigado pelo comentário.

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  9. "O liquido fluido, em cor amarela"

    Foi mal, pareceu-me disenteria!

    kkkkkkkkkkkkkkkkkk!

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  10. Professor Alysson,

    acabo de ler pela segunda vez seu poema e preciso dizer o quanto essa reflexão me tocou hoje, um dia ímpar.

    Penso nisso, na minha imagem refletida no espelho da vida. Excrementos e existências invisíveis compõem a vida de forma sufocante e opressiva. Não reconheço minha imagem, não a identifico. Há apenas uma vaga identificação com aquilo que vejo e que sei que estou por ali. Antes desse momento, tudo era o reflexo exato; agora, abalado pela humanidade. Não humanidade, significando coletividade. Humanidade, como qualificativo de ser humano. O que distorce os reflexos, as projeções que somos de nós mesmos é a humanidade.

    E depois da angústia de não se reconhecer mais, como construir um novo reflexo? A partir das humanidades? Rejeitá-las ou assumi-las?

    Não é exatamente um comentário, é uma interação, é um cair no dolorido das palavras que você dispôs...

    Reflexões sobre meu reflexo... que susto com o refletido!

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  11. Sem problemas, meu Josua.

    Professora Renata, Concordo com o que diz no primeiro parágrafo, porém gostaria de ressaltar que a exatidão é transitória para o nosso estado de humanidade. Quero dizer que somos seres inexatos, ainda bem, e que nos deparamos, interna e externamente, com a condição de nossa humanidade. Isso é bom ou ruim? Acredito pode vir a ser bom e ruim. Vai depender de como traçamos o caminho, de como caminhamos, de como vemos o que está ao nosso redor. O Budismo já dizia que os desejos é que geram o sofrimento. Digo mais, as expectativas contribuem bastante para gerar esse sentimento.

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  12. Adorei, camará!

    Tem coisas que só uma mijada faz por vc!

    Um alívio!

    abraços

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  13. kkkkkkkkkkkkkk, podes crer, meu caro!!

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