Vejo o reflexo do meu eu no espelho que é a água parada na privada.
Por alguns instantes repouso a minha imagem na superfície fina, hospedada por visitantes invisíveis que, a todo instante, tentam me convencer da sua existência.
Durante o dialogo mudo,
O liquido fluido, em cor amarela, aos poucos, jorra do meu corpo como excremento rejeitado.
Trêmulo, meu espelho privado respinga gotas de orvalho anti-lirico e distorce minha imagem na turbulência da água.
O meu espelho, até o instante inquebrável, assume o desconcerto de um ser distorcido, do qual não consegue mais reconhecer a sua própria imagem.
E depois disso, qual será a nova face? E depois dessa, qual será essa nova imagem? Após as últimas gotas posso ver outra face que perde a forma, a cor, o cheiro e, inaprazível, ainda abriga vidas invisíveis.
Aly Soul,
ResponderExcluirKKKKKKKK Adorei man.
A partir desse seu texto eu fico a me questionar: teria como eu admitir, assim como boa parte dos ditos tendenciosos ao materialismo, que o real é apenas o que vejo? O que seria do funcionamento de toda essa realidade se não fossem as celulas, os atomos, as energias, etc? Eu os vejo? Não. No entanto, eles existem? Sim, até por que o que seria de nós sem a invisibilidade concretizando nossa máquina corporea, representativa da realidade? Visível e invisivel são duas coisas ao mesmo tempo.
Outro ponto interessante foi a relação de sua semelhança diante de um espelho que apesar de refletir a integridade de sua pessoa, torna a sua pessoa transfigurada a cada momento que ela se vê refletida nesse espelho. A minha grandeza pode ser refletida nas aguas limpidas de um rio (nesse mundo industrializado, não sei em qual rio), mas pode ser refletida nas aguas amareladas de xixi e de cocô, ou seja, dos próprios restos que fazem parte de mim. Eu sou o que penso e o que mudo seja nas aguas fedorentas do meu lado grotesco de ser, seja nas aguas limpidas do lado sublime de mim.
bjs
Meu caro Allyson torto,
ResponderExcluirUma vez fui muito criticado na Ufs por defender a filosofia da merda. Sempre aqui ou acolá, estamos falando sobre a privada, a bosta, o cú. Ou seja, estamos retomando algo que num primeiro momento parece nojento, mas que no outro parece prazeroso. Nossa relação com a bosta, ao meu ver, é ambígua, assim como é com deus, o estado, a família etc. Bom texto. Espero que a outra face seja após uma boa descarga. heheheheh
Eu pensei no final como a descarga tb kkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirCaralho. Seu melhor texto (para mim). Parabéns!
ResponderExcluirExcelente texto, caro Alysson! Esta foi a cagada mais lírica (ou anti-lírica?) que já vi!
ResponderExcluirBoa reflexão em torno do texto, meu caro Vina. A idéia da imagem trêmula que logo após é surpreendida pelo líquido indesejável que contamina a possível pureza existente na imagem parada límpida acompanha a nossa idéia maniqueista e relação a tudo que existe.
ResponderExcluirMeu caro, Roosevelt espero que realmente após a descarga possamos nos renovar e voltar a realidade, vendo através de outro prisma.
ResponderExcluirMeu caro, Josua!! Foi uma mijada e não uma cagada. Mesmo assim, obrigado pelo comentário.
ResponderExcluir"O liquido fluido, em cor amarela"
ResponderExcluirFoi mal, pareceu-me disenteria!
kkkkkkkkkkkkkkkkkk!
Professor Alysson,
ResponderExcluiracabo de ler pela segunda vez seu poema e preciso dizer o quanto essa reflexão me tocou hoje, um dia ímpar.
Penso nisso, na minha imagem refletida no espelho da vida. Excrementos e existências invisíveis compõem a vida de forma sufocante e opressiva. Não reconheço minha imagem, não a identifico. Há apenas uma vaga identificação com aquilo que vejo e que sei que estou por ali. Antes desse momento, tudo era o reflexo exato; agora, abalado pela humanidade. Não humanidade, significando coletividade. Humanidade, como qualificativo de ser humano. O que distorce os reflexos, as projeções que somos de nós mesmos é a humanidade.
E depois da angústia de não se reconhecer mais, como construir um novo reflexo? A partir das humanidades? Rejeitá-las ou assumi-las?
Não é exatamente um comentário, é uma interação, é um cair no dolorido das palavras que você dispôs...
Reflexões sobre meu reflexo... que susto com o refletido!
Sem problemas, meu Josua.
ResponderExcluirProfessora Renata, Concordo com o que diz no primeiro parágrafo, porém gostaria de ressaltar que a exatidão é transitória para o nosso estado de humanidade. Quero dizer que somos seres inexatos, ainda bem, e que nos deparamos, interna e externamente, com a condição de nossa humanidade. Isso é bom ou ruim? Acredito pode vir a ser bom e ruim. Vai depender de como traçamos o caminho, de como caminhamos, de como vemos o que está ao nosso redor. O Budismo já dizia que os desejos é que geram o sofrimento. Digo mais, as expectativas contribuem bastante para gerar esse sentimento.
Adorei, camará!
ResponderExcluirTem coisas que só uma mijada faz por vc!
Um alívio!
abraços
kkkkkkkkkkkkkk, podes crer, meu caro!!
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