O MST é um movimento de luta pela reforma agrária, que surgiu a partir de ocupações de terra na região sul do Brasil. Sua fundação ocorreu no 1° Encontro Nacional dos Sem-Terra em Cascavel, Paraná que ocorreu entre 20 e 22 de janeiro de 1984. No seu processo de institucionalização o MST contou com o apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que articulou os camponeses que ansiavam lutar pela aquisição de terras. O MST tem como característica geral a organização política em prol da reforma agrária e efetua a ocupação de latifúndios como forma de denunciar à sociedade e ao Estado da existência da subutilização da terra, para que se efetue a desapropriação.
Na tentativa de fazer uma leitura conceitual do movimento social exposto, é salutar entender quais são os espaços que são produzidos através da ação desse movimento, espaços ao qual permite este se territorializar. A princípio entendo que a comunicação é um elemento fundamental para ligar as pessoas, é por onde se troca vivencias, informações variadas, e onde se engendra o que poderíamos chamar de socialização, criando corpo e organização para um grupo. É através deste olhar que acreditamos que “o espaço comunicativo é a primeira dimensão do espaço de socialização política” (FERNANDES, 1996, pg. 228).
No seio da práxis da luta pela terra, podemos observar o espaço comunicativo, ele existe nos vários acampamentos ao qual o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) se territorializa, e é através deste que se realiza a socialização das varias realidades dos sujeitos, bem como de como o grupo se situa, como por exemplo, expropriados pelo capital monopolista. O espaço comunicativo é uma dimensão que permite o aprendizado, possibilita o grupo organizar a forma ao qual resistem e irão dar cabo da luta. Não obstante a matriz discursiva do movimento reflete o discurso das instituições envolvidas com o Movimento. Como podemos observar na fala do entrevistado, a empatia da matriz discursiva desse individuo, da sua realidade, bem como de fatos que ele observou o direciona para o movimento, da mesma forma engendra através do espaço de comunicação ações para o grupo.
O espaço interativo é outra dimensão do espaço de socialização política (FERNANDES, 1996), nele residem agentes com uma consciência de sua condição mais sedimentada, ou seja, com um discurso crítico já cristalizado.
Com base em vivencias e leituras, nas autobiografias, através da interação dos agentes nesse processo, o símbolos e códigos hegemônicos são avaliados e ressignificados, criando assim uma matriz discursiva combativa. Contudo, outros agentes na dimensão organizativa do movimento o influenciam, outras matrizes políticas como a Igreja Católica, os Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STRs). Com isso os discursos desses agentes acabam influenciando também o movimento, criando inevitavelmente uma pluralidade no mesmo, no caso divergências internas, mostrando assim que como foi mencionado, o espaço interativo é também político, portanto suscetível a conflitos, a mudanças. E é nesse processo de interação, sem a pretensão de se engendrar “massas”, com que os sujeitos criam possibilidades de confronto com o que foi historicamente construído, ou seja, esse modelo econômico que os expropria. Vale ressaltar que é o processo de espacialização que permite o movimento se territorializar, está atrelado aos processos de conquista da cidadania.
Existe outro processo espacial que podemos destacar com relação à ação do MST, que é o espaço de luta e resistência, é onde a luta se torna pública. Esse é o espaço da conflitualidade onde enfrentamentos por vezes sangrentos ocorrem, porém é o que permite o movimento se territorializar. O espaços de luta e resistência se manifesta quando os sem terra, exemplo, ocupam um latifúndio, ou quando invadem prédios públicos.
Por fim entendemos que os agentes centrais que compõe esse movimento, são as pessoas que passaram por uma exclusão sócio-espacial material e simbólica. É a partir de suas historias de vida similares, as empatias para com a causa da luta, a sede por efetivação dos seus direitos sociais, que vai sendo construindo os diferentes espaços do movimento, permitindo sua territorialização.
*Este texto é um fragmento do meu relatório final submetido ao programa de bolsas de iniciação cientifica PIBIC/CNPq/UFS.
Na tentativa de fazer uma leitura conceitual do movimento social exposto, é salutar entender quais são os espaços que são produzidos através da ação desse movimento, espaços ao qual permite este se territorializar. A princípio entendo que a comunicação é um elemento fundamental para ligar as pessoas, é por onde se troca vivencias, informações variadas, e onde se engendra o que poderíamos chamar de socialização, criando corpo e organização para um grupo. É através deste olhar que acreditamos que “o espaço comunicativo é a primeira dimensão do espaço de socialização política” (FERNANDES, 1996, pg. 228).
No seio da práxis da luta pela terra, podemos observar o espaço comunicativo, ele existe nos vários acampamentos ao qual o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) se territorializa, e é através deste que se realiza a socialização das varias realidades dos sujeitos, bem como de como o grupo se situa, como por exemplo, expropriados pelo capital monopolista. O espaço comunicativo é uma dimensão que permite o aprendizado, possibilita o grupo organizar a forma ao qual resistem e irão dar cabo da luta. Não obstante a matriz discursiva do movimento reflete o discurso das instituições envolvidas com o Movimento. Como podemos observar na fala do entrevistado, a empatia da matriz discursiva desse individuo, da sua realidade, bem como de fatos que ele observou o direciona para o movimento, da mesma forma engendra através do espaço de comunicação ações para o grupo.
O espaço interativo é outra dimensão do espaço de socialização política (FERNANDES, 1996), nele residem agentes com uma consciência de sua condição mais sedimentada, ou seja, com um discurso crítico já cristalizado.
Com base em vivencias e leituras, nas autobiografias, através da interação dos agentes nesse processo, o símbolos e códigos hegemônicos são avaliados e ressignificados, criando assim uma matriz discursiva combativa. Contudo, outros agentes na dimensão organizativa do movimento o influenciam, outras matrizes políticas como a Igreja Católica, os Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STRs). Com isso os discursos desses agentes acabam influenciando também o movimento, criando inevitavelmente uma pluralidade no mesmo, no caso divergências internas, mostrando assim que como foi mencionado, o espaço interativo é também político, portanto suscetível a conflitos, a mudanças. E é nesse processo de interação, sem a pretensão de se engendrar “massas”, com que os sujeitos criam possibilidades de confronto com o que foi historicamente construído, ou seja, esse modelo econômico que os expropria. Vale ressaltar que é o processo de espacialização que permite o movimento se territorializar, está atrelado aos processos de conquista da cidadania.
Existe outro processo espacial que podemos destacar com relação à ação do MST, que é o espaço de luta e resistência, é onde a luta se torna pública. Esse é o espaço da conflitualidade onde enfrentamentos por vezes sangrentos ocorrem, porém é o que permite o movimento se territorializar. O espaços de luta e resistência se manifesta quando os sem terra, exemplo, ocupam um latifúndio, ou quando invadem prédios públicos.
Por fim entendemos que os agentes centrais que compõe esse movimento, são as pessoas que passaram por uma exclusão sócio-espacial material e simbólica. É a partir de suas historias de vida similares, as empatias para com a causa da luta, a sede por efetivação dos seus direitos sociais, que vai sendo construindo os diferentes espaços do movimento, permitindo sua territorialização.
*Este texto é um fragmento do meu relatório final submetido ao programa de bolsas de iniciação cientifica PIBIC/CNPq/UFS.
Meu caro torto,
ResponderExcluirQuando eu ouço as reinvidicações dos sem-terra, fico a ponto de chorar. Mas depois eu penso nos sem-escola, sem teto, sem casa, sem hamburguer. E aí, me surge na mente um pensamento: Se todos os "sem" forem tomar na porrada dos que têm, a coisa vai ficar feia. O estado de Goiás, Mato Grosso, e outros devem estarem cheios de terras da União sendo griladas nesse momento. Que tal dá uma de Hobin Wood: Ladrão que rouba de ladrão tem cem anos de perdão.
E por que os grandes latifundiários não são ladrões? Eu mesmo conheço um aqui em Sergipe que expropriou tantas terras desde a escravidão que ainda é possível encontrar forcas em Malhada dos Bois...
ResponderExcluirReuel,
ResponderExcluirComo eu havia dito, foi formidável a sua capacidade em enxertar a geografia cultural dentro de um tema que tende a ser tão seco, tão meramente politico-estrutural como o MST.
Não podemos pensar um movimento sem as ações dos indivíduos, ações essas que são frutos da subjetividade de cada um, pois implica motivações, vingança, e outros sentimentos a mais. Não podemos esquecer, assim como você bem observou, que dentro desse espaço, nós encontramos formas de comunicação, de multiplos interesses e de códigos entre os agentes.
Apesar de haver um objetivo do Movimento que é a luta contra o latifundiário e a desapropriação de terras improdutivas, não podemos negar as pluralidades contidas nele. Como você observou, existem outras instituições envolvidas nesse processo, e essas instituições nem sempre compactuam com a opinião dos despossuidos, e isso gera conflitos.
Enfim, qualquer movimento significa grupos sociais envolvidos, e por haver grupos, existem formas de socialização que se dão através de entendimentos mutuos e de disparidades também. Nota-se nesse texto o quanto o MST, por mais institucionalizado que seja, possui uma complexa rede de relações e interesses em seu ambito interno.
A partir disso, eu gostaria de deixar uma pergunta: pra você, qual a comparação que a sua pessoa pode fazer no que se refere a configuração do MST com o torto? Enfim, se possivel, proporia você até a fazer um texto comparando esses movimentos, pois apesar de eu encontrar um código que norteia o movimento torto, assim como o MST, o movimento torto é recheado com suas diversidades de opinião, inclusive a respeito do próprio torto.
ah, seria legal que você colocasse as referências abaixo do texto, uma vez que você se utiliza delas para justificar pontos sobre o seu argumento.
abraços
Mero caro torto, salve a mente torta!
ResponderExcluirNão desconheço esse fato, todos sabem como andou a questão das terras no Brasil desde Cabral. Mas, a minha posição é até que ponto tudo isso vai levar a uma equação que equilibre o fiel da balança. Se MST realmente quer fazer reforma agrária, como ele fará usando esse modelo sovietico, Stalinista de "vamos tomar e está feito". Acho que muita bala vai rolar e muito otátio vai morrer de graça. Eu prefiro uma cerveja bem gelada.
Ah, lembrei, dizem que o cara do MST mora numa mansão, não sei. Mas O nosso Fidel mora numa como Edi Macedo. hehehehehehehe
ResponderExcluirVina, que bom que entendeste minhas ideias. E com relação a sua pergunta vejo que o aspecto torto (encarando o torto como um paradoxo harmônico), do MST aqui em Sergipe séria o seguinte: o MST no estado de Sergipe apesar de levantar um bandeira socialista, o mesmo abriu-se para um politica neoliberal, que é efetuada pelo governo federal mas segue a cartilha das grandes instituições financeiras supranacionais, que levantam a bandeira do neoliberalismo no mundo. Obviamente, um movimento social ele é um complexo, e obvio que o MST não é apenas um invasor de terras, pelo contrario, existe todo uma organização, com até universidade que se chama Florestan Fernandes, organização institucional consolidada, alianças a nível internacional que é a Via Campesina, alianças com outros movimentos sociais. Isto então, legitima a causa entende? E faz com que também deliberem ações flexíveis como a aderência a esse programa neoliberal supracitado, que se chama Credito Fundiário.
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