terça-feira, 3 de agosto de 2010

Andarilho

Andava sozinho na rua, chutei a lata que apareceu risonha ofensiva, matei meu último cigarro. Naquela noite a cidade dormia, esperava eu que ela nunca acordasse do sonho mórbido do dia. Ofendido xingei a morbidez da calada noite, não tinha mais fôlego para aturar a casta rua. Atravesso um beco, caio em outra rua, subo desço minha barriga enjoada vomita poesia e essas casas tão caladas incógnitas feias, medonhas, sei que se parecem com o enigma da vida. Chego em casa tomo meu copo de cachaça, a solidão me engole até as reentrâncias do meu ser, a santa etílica me envolve suprime a minha vergonha existencial. Estava cansado por demais para me vingar da noite e ainda estou cansado desta poesia fingida, destas filosofias: Hipertensas
Velhas
Caóticas
Impessoais
Fugidas

Continência meu senhor cheguei pontualmente para bater este ponto.
Palavras sempre comedidas vulgares.
Cérebro me escuta por alguns instantes vê:
A ruína
Imprópria,
A hostilidade
Brasileira!


06/05/08

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