segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Por uma pornografia poética

Ao falar pornografia poética, eu me refiro a uma pornografia mais interessante para mim. Obviamente que eu, como um torto que admite que existe uma pluralidade de valores, sei muito bem que a poética implica a forma como cada olhar enxerga o mundo. O titulo deste texto pode soar com algo tendencioso, e é, afinal, eu como torto, sei que tenho minhas escolhas, e é por isso que me entorto.

A poética para mim vai implicar uma construção de sentidos na forma como cada um faz a representação do coito. Agir na poética implica no agir da nossa vontade de acordo com nossos sentimentos. Podemos em um dia fazer sexo convencional encaixando a doida reta em uma posição só, podemos fazer sexo de forma agressiva, no sofá, no bujão, e por ai vai.

Podemos querer comer alguém meramente pelo tesão que encontramos nesse alguém, ou seja, por esse alguém ter um rabo gostoso, por acharmos que esse alguém possui tetas magníficas, braços, músculos, etc. Também podemos querer encaixar a dita cuja por relações de fantasias afetivas que construímos sobre determinada pessoa como o encantamento pelo sorriso, pelo olhar.

Devemos também lembrar que o ato sexual é justificado de acordo com todo um processo que nos leva a ele. Apesar de sermos animais cheios de instintos, sabemos que enquanto cultura humana, a foda não vai ocorrer simplesmente por que saímos cheirando a priquita da nega. Nos humanos existe o sentido que damos ao estabelecermos nossos atos, assim como os vários contextos.

O sexo é um misto de vontade de esporrar com fantasia. Só existe motivação para determinado ato, quando uma dada circunstância nos faz criar sentido para realizarmos tal ato. É devido a isso que eu acredito que o sexo necessita de várias situações e vários estados de espírito para ser realizado. Parece que em alguns pornôs não é assim que as coisas funcionam.

Nas tramas dos filmes, geralmente aparece uma gostosona espremendo as tetas em frente à câmera e do nada surge uma picona dura pronta para ser chupada, ou o filme começa com a boazuda dançando ao mesmo tempo em que já aparece um macho na cama com o pirulito no maiúsculo. Existem tantas situações para o sexo, mas boa parte dos filmes pornôs se prende ao fuder pelo fuder.

Eu gosto de assistir ao filme pornô para me enxergar dentro de uma possibilidade em meu dia a dia. Para mim, um filme tem que provocar uma catarse em mim, pois a catarse é o que estimula minhas fantasias. Não consigo me degustar poeticamente de uma trama que não me possibilita flutuar no reino da imaginação, e para mim, sem imaginação, nenhuma trama surte efeito.

Não quero impor um padrão de filme pornô, até por que qualquer pessoa pode utilizar um pornô para um outro fim, como para bater uma punhetinha rápida, por exemplo. Assim como existem vários tipos de dramas e comédias, existem os vários pornôs, mas chamo atenção para a carência de tramas encontradas por mim na maior parte dos filmes desse gênero.

Eu também vejo lados muito necessários nos filmes pornôs. Certa vez fui fazer um espermograma, e ao chegar em uma sala para jorrar minha porra no frasquinho, estava passando uma foda excepcional com a deliciosa Vivian Mello. Ao ficar salientando meu menino dênis, poetizei legal. O que seria de mim naquele lugar estranho sem a fantasia que me causou aquele rabão...
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24 comentários:

  1. Meu caro Vina,

    É isso aí. Como diz você não podemos dispensar o pornô, pois ele como outros meio são de grande valia para a construção das nossas fantasias. Ver aquelas junções tão escancaradas de corpos induzem aos nossos instintos, não diria adormecidos, pois eles gritam a todo instante, mas amordacados pela nossa moral desvalida.
    Mas compartilho com você a idéia das coleções de cenas tão cansativamente repetidas. O pornô traz o que o erótico desconhece, a sua hiperrealidade. Parece que o erotismo, as vezes, perde seu espaço por ser demasiadamente estendido nas suas relações de prazer. O pornô parece ser mais conivente com a velocidade frenetica do nosso dia- a dia. Pô o que faço com as minhas pulsões ? Minha energia produzidada , canalizada e sublimada dia-a-dia? Creio que não posso descarregar todo o meu gozo com o próximo que aparece às minhas vistas. Talvez aí esteja a funçao da pornô, fazer uma poética enquanto observo massivamente aquelas cenas.

    bjs!

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  2. Li outro texto seu com temática semelhante. Concordo quando diz que o roteiro é, na grande maioria, viciado. Pessoalmente, creio que seja uma tendência de demanda, pois é também produto e visa atender às expectativas mercadológicas. Sabemos, apesar de consumidores, que este tipo de entretenimento, em sua maioria, pertence a uma classe intelectual de poucos requintes.

    Da mesma maneira, tal como não vemos mais pornôs como Garganta Profunda, também não são comuns comédias como as de Woody Allen. Eu poderia afirmar que, ao passo em que evoluímos em termos técnicos, involuímos em criatividade, no intuito de abocanhar o nicho de mercado que se sobressai: o de pessoas culturalmente atrofiadas, limitadas em poder imaginativo, por falta de referências mais amplas e diversas.

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  3. Lou,

    Compreendo quando vc diz que o roteiro viciado serve para fins mercadológicos, mas ai vem minha pergunta: o que faz um filme pornô vender mais por ter um roteiro viciado? Será que as pessoas viraram praticamente máquinas, e por isso os filmes não venderiam se colocassem enredos mais diversificados?

    O que seria uma classe intelectual de poucos requintes?

    abraços

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  4. Linda Mai,

    " O pornô parece ser mais conivente com a velocidade frenetica do nosso dia- a dia." Caralho, muito boa essa sua análise.

    Porém, eu tenho uma questão: para você, a poética de nossas produções pornográficas atuais é justamente a poética que possibilita a descarga instintiva? Como seria essa poética? Ela, mesmo distante, ainda terioa uma certa comunhão com o erótico?

    bjs

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  5. A relação entre os instintos e a cultura ainda instiga discussões polêmicas. Quanto a nossa construção simbólica para com os desejos da carne, vejo uma superestimação do sexo que, para mim, passa a ser uma busca desenfreada por saber quem pegou ou comeu mais gente.

    Por outro lado, no caso do filme porno contraria, no meu ponto de vista, a visão mais holistica, vamos assim dizer, do corpo e passa para um outro leque cheio de fantasias e significados que as convenções não admitem.

    Mesmo com as suas tomadas quase que uterinas, os filmes pornos mexem com alguns elementos que fazem parte da nosso contexto imaginário: a dos corpos perfeitos seguindo o padrão de beleza convencional, a virilidade dos homens de eternos paus duros e que demoram séculos para gozar, ou das performances em posições inimaginaveis. É isso. bjos

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  6. Alysson, esqueceu apenas das atrizes sempre transbordando risos e gemidos satisfeitos. Para mim, isso é o mais atrativo no pornô: é a utopia deste contexto que mais me regozija.

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  7. Vina, tem razão. Creio que fui um tanto tendencioso.

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  8. Lou,

    Quando eu coloquei o que seria uma classe intelectual de poucos requintes, eu não estava questionando se isso foi tendencioso ou não. Na verdade eu gostaria de saber de vc qual é a definição que você dar a esse público. Quais indivíduos que para você pertence esse público? Enfim, continuo deixando a pergunta: O que seria uma classe intelectual de poucos requintes?

    Quanto aos risos no pornô, por que geraria uma utopia? O sexo em si ja não implica uma felicidade, uma vez que gera prazeres? A não ser quando o coito implica uma ação involuntária como um estupro, etc.

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  9. Olá vina!

    eu creio que tudo é motivo para descarga instintiva, seja nas produções pornográficas ou nas construções de grandes projetos arquitetônicos. Quando vc demanda tempo para algo, o principio de realidade se converte constantemente com o principio de prazer e vice- versa. Se eu assisto um filme porno, ao mesmo tempo que me excito, consumo uma realidade tão propagada pelos momentos atuais. Acho que a pornografia ela tem uma estetica que se alia perfeitamente ao nosso dia a dia, de mais um dia de cansaço e que fazer com tanto tesão? satisfazer na base das nossas imaginações é incrivel, mas confessemos que a imagem fabricada nos dá uma forcinha. Não sei até que ponto mas as fronteiras que dividem o erótico e o pornografico é bastante tênue, sutil. Há téorico que criticam o porno como meio de satisfação gratuita e subversão do prazer, como disse o Baudrillard e Barthes. Há tb quem defenda que enxergue o porno não como estética estanque da politica do erotismo defendinda por Susan Stong. Talvez ela tenha razão, porno é mais uma estética que antes de ser alienante, ela tem sua própria consistuição um pouco parecida com o Pop Art de Wandy Whrol. O kitsh, o consumo, a banalização das imagens reprodutivas se tornam paródia em meio de um discurso crítico de que essas manifestações de arte, o porno se inclui tb, engole a todos sem distinção de classe ou intelecto. Tanto eu, quanto vc, o milirionario do ano, o pop star mais gostoso, todos nós curtimos uma putaria. Nos excitamos com gemidos ,sussurros, frases chulas e algo mais.
    Acho que o que nos horroriza ao ver um filme porno e nos vermos ali, nos indentificamos o que o erotismo nos poupa talvez disso.
    Vejo que muitas pessoas confundem o porno e o erótico, acreditam que o erotismo é uma concepção mais refinada da sexualidade. Se pensarmos no sistema sadiano, das suas frases tão subversivas, percebemos que em longos momentos em sua citação ele se torna inconfudivelmente erótico.
    posso ver que uma das caracteristicas do erótico e o poder do não dito, do secreto, da sacanagem compartilhada com um alguem que está compartilhando comigo no meu circuito "afetivo". ele esta nas entrelinhas, no adiamento constante da minha realização do prazer.
    ontem sem querer vi uma entrevista do Tom Cruise no you tube, aí logo imaginei, quando é que eu poderia esta na cama com ele, um sonho de consumo de ter um pop art debaixo dos meus lençois, seria um desejo meu, erótico pornografico ou pornografico erotico?

    Um beijão!!

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  10. Vina, primeira: considero de poucos requintes aqueles que não estudaram um pouco mais. Segunda: há algumas mulheres mais frígidas, na realidade, que nem sempre encaram o prazer com gemidos categóricos e sorrisos maliciosos. Mesmo no pornô, há as mulheres que dizem sentir dor, no intuito de atrair um outro grupo de espectadores, talvez até mais familiarizados com ideias masoquistas.

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  11. Lou,

    E vc acha que o maior consumo dos filmes pornôs se encontra mais no público intelectualizado? Será que de forma escancarada, não seria um outro público, o maior consumidor desse gênero? Pra vc, o que faria com que o público intlelectualizado fosse o maior consumidor do pornô?

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  12. Vina, primeira: tenho dúvidas, mas, dedutivamente, penso que não. Segunda: penso que sim. Terceira: creio que quando a imoralidade sexual for abolida, algo que penso já estar em andamento. Contudo, pergunto-lhe eu, desta vez, o que conceitua como intelectual? Que tipo de comportamento deve ser adotado por um? Um doutorado está proibido de gostar de pornografia dita como chula?

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  13. Lou,

    em nenhum momento eu disse que um doutor não pudesse gostar de uma pornografia dita chula. O que eu acho é que apesar de todos nós gostarmos de cair de boca na chupeta, a dita intelectualidade, com o seu pudor construido historicamente, nega-se em admitir, pelo menos claramente, o gosto pela putaria. Agora, o que eu posso dizer é que você ainda não me respondeu claramente o porquê a intelectualidade é consumidora do gênero.

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  14. Vina, eu não disse que pensava isso dos doutores, apenas indaguei o que pensava sobre o que é definido como deve-se comportar um doutor. Quanto à questão, respondi que não sabia dizer, mas que pensava que consumiam, como qualquer outro sujeito, pois despertava-lhes também sentimentos prazerosos, enquanto voyeurs virtuais. É tudo que posso dizer. Ademais, gostei do debate. Gostaria que os membros debatessem sempre assim. Abraço!

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  15. Lou,

    Realmente é muito interessante provocarmos debates como esse, porém, continuo enchendo seu saco hehehe: veja bem, vc disse o seguinte: "Sabemos, apesar de consumidores, que este tipo de entretenimento, em sua maioria, pertence a uma classe intelectual de poucos requintes".
    Eu queria saber por que vc acredita que essa categoria é uma categoria consumidora desse gênero em sua maioria

    abraços

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  16. Mai,

    De forma muito inteligente, assim como todos os seus comentários, ao se refirir ao erótico vc disse o seguinte: "ele esta nas entrelinhas, no adiamento constante da minha realização do prazer. Adorei!
    Porém, eu fico com uma duvida muito grande se o pornô nos desagrada por trazer elementos mais "chulos" do fenômeno do coito, ou se é por termos uma tradição de pensamento que tende a repudiar tudo aquilo que esteja associado a industria.
    Por falar em industria, achei bastante interessante sua forma de recolocar uma perspectiva de estética em relação a forma como o pornô expoe o sexo. Enfim, achei salutar a forma como você trouxe a relação da industria com a capacidade do receptor em construir um olhar performatico que é reflexo do nosso massacrante dia a dia rotineiro. Isso que você colocou vai de encontro ao olhar de Adorno que tende a colocar toda a arte adaptada à indústria, como uma arte pobre, sem poética, ausente de sentidos mágicos

    bjs

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  17. Aly Soul,

    Realmente o sexo, principalmente se tratando da relação com o macho, tende a ser quantificável, isto é, no sentido da autoafirmação do falo. Mas deixo uma pergunta: será que o sexo trazido pelo pornô traz aspectos mais reais com relação ao coito, ou será que a facilidade como se desenrola a cena, mostra um lado totalmente fora de um contexto mais esperado na relação entre individuos que investem posturas sedutoras para a nossa cultura? Afinal, se tratando de uma relação entre heterossexuais pelo menos, em um ato que leva o sexo, não sei se as garotas comumente aquecem o priquito chamando o macho para a putaria, a não ser que essas garotas já tenham uma intimidade com o macho, o que não é o que as cenas das tramas dos pornôs tentam mostrar.

    bjs

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  18. Vina, como um leigo, concluo que, como é necessário tempo para ter requintes e também é preciso filtrar o que se consome, em termos de informação, acredito que um sujeito comum possua mais tempo para aspectos considerados como triviais.

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  19. Lou,

    E os seres comuns são os intelectualizados?

    Veja: sou da concepção de que o repertório de vocabulário não torna um individuo de merda imortalizado em si mesmo, no entanto, nós sabemos que a sociedade imortaliza justamente os indivíduos pela sua capacidade de complexificar seus dispositivos discursivos. Portanto, a intelectualidade tem o respaldo da nossa cultura, ao menos simbolicamente.
    Por isso eu pergunto: como essa intelectualidade é o sujeito comum, ou seja, intelectuais de poucos requintes? Convencionalmente, eu acredito que o sujeito comum se refere ao povão e que esse povão se encontra no lado oposto à intelectualidade pela representação que aprendemos a construir culturalmente.
    Continuo sem saber em que delimitação eu posso colocar esse intelectual de poucos requintes. Poucos requintes não estaria voltado ao homem comum? O intelectual é o homem comum? De acordo com o seu ponto de vista acredito que não, visto que em um dos comentários vc me disse que "considero de poucos requintes aqueles que não estudaram um pouco mais." (postado em 10 de agosto), mas para mim, os intelectuais, pelo menos da forma como cencebemos, é quem estuda e detem de um conhecimento mais formalizado.

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  20. Vina, creio que tenha se confundido. Em nenhum momento falei de um "intelectual de poucos requintes". No último post, me referi aos que não são considerados intelectuais, aos que possuem conhecimentos considerados mais triviais, seja por falta de acesso ou por "comodismo".

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  21. LOU (03 DE AGOSTO): "este tipo de entretenimento, em sua maioria, pertence a uma classe intelectual de poucos requintes."
    LOU (13 DE AGOSTO):"Em nenhum momento falei de um "intelectual de poucos requintes".

    LOU (13 DE AGOSTO): "No último post, me referi aos que não são considerados intelectuais".

    Ah certo, agora eu entendi.

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  22. Sim, o termo intelectual utilizado no primeiro post referia-se à intelectualidade e suas variações e não propiramente ao esteriotipo de intelectual acadêmico ou qualquer outro tipo, com ou sem requintes. Creio que essas contradições surjam de imbróglios semânticos.

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  23. qndo me referi a palavra chula não que seja negativo mais um termo convencionalizado socialmente. Creio que nos e todo mundo nos horrorizamos primeiramente pelos gestos obscenos mesmo, pois aquilo choca a nossa idealização de moralidade. tipo, uma vez estava conversando com uma amiga sobre sexo e ela me disse " a posição de 4, pelo amor de Deus, isso e posição para animais". Na mesma hora imaginei, que ela adoraria, pois precisou evocar Deus para conter os seus desejos. Acho que quem assisti não vai olhar o tempo todo sob a perspectiva critica de que estamos engolidos pelo mercado e que isso e mais uma de suas estrategias de consumo, até porque não da p viver, e ver qualquer imagem e ficar analisando. Não sei mas primeiramente quando se vai ao cinema o entretenimento e mais forte, mesmo que vc esteja no intuito de criticar o seu olhar vai maturando aos poucos depois de algumas vezes vista.
    Assim como o hiperrealismo nos incomoda o seu exemplo bem tipificado, os filmes pornos, mostra detalhes ao máximo a ponto do grotesco. E a mesma coisa de vc transar se vendo no espelho, pois vc acaba se perdendo com a sua propria imagem numa sensação de fetichismo , voyeurismo e alienação, o outro não importa muito, o que esta a valer e a mecanica , penetração, o sexo na sua exposição máxima. Claro q se tratando de voyeurismo, nós iremos nos sentir excitados, mas nada se compara ao mecanismo político do erotismo, pois uma vezes exposto o desejo se pulveriza.
    Não, não, o porno n vejo como degradação, algo q deve ser banido, se pensassemos assim o Duchamps, Whrol não teriam valor e nem os neos expressionistas. Pois vendo a arte sendo engolida pelo mercado, ou melhor sendo morta, na concepção dos modernistas ortodoxico , neoclassicos greeberguianos, surge novos movimentos pos modernos para que esse conceito caia por terra. Surgiram novos pensamentos para reiventar o olhar de como se deve sentir e perceber a arte atraves da nova geração da sociedade espetacular do consumo, bem pensado por Baudrillard e Debord. O grotesco, a super exposição, os produtos, o cotidiano é posto em exposição não mais em museus onde poucos poderiam frequentar mas em diversos lugares , seja na televisão , cinema ou cartazes publicitarios para que todas as pessoas de diversas classes fossem atingidos. Seja para consumir, seja para reproduzir, seja para pensar. Ou nada melhor do que eu considerar artistico um mictorio invertido, para legitama-lo como arte Duchamps expos em museu.

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  24. Mai,

    O que percebi foi o seguinte: pra vc, o chulo inevitavelmente é tudo aquilo que consideramos desagradável a primeira vista. E se tratando so sexo, inevitavelmente da forma como ele é tratado nos gera repulsa, afinal, perceba que quando falamos de putaria, geralmente caimos no riso como forma punitiva com cara de aceitação, ou caimos na repulsa mesmo.

    Concordo com você quando diz que não conseguimos o tempo todo manter um olhar critico para as coisas, afinal, não podemos deixar de reservar parte dos nossos dias ao nosso puro e escroto amigo chamado instinto que carregamos para todos os lugares.

    Quanto a essa questão do maturar o olhar, lembrou-me do Whrol tão citado por você, uma vez que ele com seus ready-mades, como forma de mostrar o quanto a repetição de um mesmo tema tão explorado pela industria massiva, termina gerando uma banalização tamanha como no caso de nossa discussão, o sexo.

    bjs

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