domingo, 15 de agosto de 2010

Palavras de um Rei Bosta ( Por Reuel Astronauta e Vina Torto )

Tenho medo e um imenso universo no bolso
Tudo que enxergo é grandioso
Mas tenho fome, pois no meu prato, sequer eu tenho osso.
Na minha ilha de desejos, escrevo com um pincel apenas
Pois me deixaram aqui sozinho a ver o mar
De percepções que me trancam na ilha.


Não importa se na ilha posso provar da cajuína ou da mandioca
Na minha oca o que se canta quebra nas pedras da ilha
E no seu mar não ecoa o que se fala na oca
Ilha de ocas repletas de imensidão
O mar o céu dão o seu traço
Mas eu com um pincel apenas
Pinto a minha própria imagem.


O eco é grandioso e tudo é oco
Pois se o que eu acho que é meu se dilui no mar
Afoitas, as ondas sempre refazem a ilha.
O que levo comigo é esse velho pincel
Que eu nunca compreendi por que o tenho.
Na ilha não existe tela nem tintas para pintar.
Nela, ando sempre com um bom amigo
Que já me amou de surpresas e desencantos.

4 comentários:

  1. "Pois me deixaram aqui sozinho a ver o mar

    De percepções que me trancam na ilha."

    Esta foi a passagem mais significativa para mim dentro deste texto belíssimo. As questões do que há de particular no sujeito cognoscente muito me interessam.

    Abraço, meus caros!

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  2. Como processo social, o isolamento diz respeito a figura do indivíduo que se distancia do contato com outros indivíduos de uma sociedade.

    O que o texto me diz é que o sujeito que optou por isolar-se em sua ilha com os seus preceitos, pode escolher fazer isso por segurança ontológica, seja para evitar o contato com as ameaçadoras idéias contrárias a dele ou pela dificuldade de lidar com essas diferenças.

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  3. O mar o céu dão o seu traço
    Mas eu com um pincel apenas
    Pinto a minha própria imagem.

    O homem que constrói seu mundo tende a pensar que ele é o único a segurar o pincel. Roosevelt

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  4. Indefinidos, a pincelar o abstrato e o concreto, perdidos num planeta esquecido de uma galáxia distante, sob o olhar atento da cegueira. Muito bom!

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