Não quero comentar nesse texto nenhuma perspectiva de defesa e nem acusação quanto as atitudes preconceituosas. Também não pretendo ficar em cima do muro, pois definir uma posição é essencial para iniciarmos a discussão sobre esse assunto e para evitar ficar em cima do muro, afirmo que todos nós somos preconceituosos e que não existem pessoas sem preconceitos. Isso é construído a partir de nosso processo de socialização, ou seja, da inserção dos indivíduos as regras sociais, normas e leis que a sociedade em convivemos nos impõe. Lembrando que o processo de socialização é contínuo, ele segue desde os primeiros anos de vida e segue ao longo das outras etapas da vida.
Ouço muitos discursos contra o preconceito de cor, camadas sociais, sobre regiões, religiões, estilos musicais, estilos de vida, entre outros. O discurso do politicamente correto vigora nos autos dos valores a serem cultivados. O preconceito se configura não apenas como pré-julgamento que pode afastar pessoas, mas principalmente traz em si a intolerância com o diferente.
Quero chegar com isso a afirmar que todos temos uma carga de preconceito latente que se manifesta tão logo entramos em contato com o objeto do preconceito. Alguns exemplos: um viajante que vai a outra região do país, ou mesmo, a outro país e que em contato com as especificidades culturais daquele local, sejam elas de costumes, alimentação, aspecto, população que não conheça pode causar estranhamento em relação aquele novo cenário, que pode aproximá-lo, como afastá-lo e, junto a isso, levá-lo a evitar contato.
Outras situações que são comuns quanto as características de etnias, grupos ou raças podem ser vistas no cotidiano. Quando é utilizado como parâmetro características físicas para definir como melhor ou o pior de alguns desses grupos estou fortalecendo o preconceito. Por exemplo, os cabelos crespos são vistos como “ruins” e os lisos como bons, assim como, os narizes afinados são vistos como mais bonitos que os achatados. Com isso, pode-se interpretar como um preconceito que é definido a partir do padrão de beleza que está atrelado aos brancos como parâmetro de beleza.
Outro caso acontece com os homossexuais. Em matérias jornalísticas para a TV, pessoas foram perguntadas sobre o que pensavam sobre esse grupo social. Ao responderem todos concordavam que deveria haver respeito e aceitação, no entanto, quando perguntados se o homossexual fosse o seu filho, o discurso mudou de rumo e o apoio se transformou em dúvida ou embaraçoso por parte dos entrevistados.
Como mencionei no inicio não pretendo me posicionar a favor ou contra ao preconceito, nem muito menos levantando bandeiras que pareça que existem pessoas que estão livres de todos eles, pois acredito que devemos fazer o exercício de buscar o não preconceito, que seria um caminho por onde exercitaremos a tendência de pré julgar as situações e grupos sociais, embora busquemos não expressá-lo, está latente em nós.
Meu caro Allysson,
ResponderExcluirO nosso amigo Vygotsky concorda 100% com sua pessoa, e eu também. Muito boa colocação.
Prof. Alysson,
ResponderExcluirsou mais uma que concorda com você. Às vezes, a gente até acha que não tem nenhum preconceito e de repente descobre que tem. Realmente, acho que faz parte mesmo da sociedade e se a gente não ficar atento, simplesmente reproduz. Penso que é bom refletir sobre nossos próprios preconceitos e tentar não os ter, mas admito que é um exercício.
Abraços
Alysson,
ResponderExcluirGostei de seu texto. Uma coisa que eu não suporto é a imagem que nossa cultura atual tenta passar. É como você bem expôs: o politicamente correto paira em nosso dia a dia, e os ditos humanos insistem em querer mostrar uma desvinculação com os preconceitos que não existem. Eu penso que o maximo que podemos atingir é uma postura menos excludente, pois se levarmos em conta que o preconceito faz parte inclusive de nossas escolhas construidas na cultura e na nossa forma de ver o mundo, como posso cobrar de mim uma ausência de preconceitos? Se fomos educados a encarar o viado, a potcha, o gordo, o preto, dentre outros como algo que não condiz com os modelos de padrão de conduta e de beleza, por que eu tenho que me ver obrigado a dizer que aceito sem distinções essas categorias anteriormente elencadas por mim? Obviamente que a mim não cabe assumir um discurso simplista em dizer que essas categorias devam ser menosprezadas e excluidas, visto que o que temos que exercitar é a posição de respeito diante dessas categorias, até por que já se esta provado que a bicha, a baleia, o preto são tão importantes para a construção de valores na sociedade quanto os outros, assim como também são capazes de exercer muitas vezes as mesmas funções que qualquer outro. Outra coisa que eu critico do politicamente correto é a necessidade de criar termos mais amenos para apaziguar a carga pejorativa encontrada em determinadas palavras. Eu acho assim: brega é brega pois inevitavelmente temos uma representação do que convencionamos como brega em nossa cabeça, assim como o gordo não deixara de ser gordo mesmo que se crie uma infinidade de termos para amenizar a palavra gordo, enfim, inevitavelmente preto e branco são distinções de cor, então se eu quero falar sobre determinado negão, mesmo que eu não use a palavra preto, eu bem sei que para mim, ele é preto, pois eu tenho em meu horizonte cognitivo que o preto é preto porque não é o branco. Bom, é isso meu caro. Parabéns pelo texto.
bjs
Agradeço pelos comentários e gostaria de me aprofundar em dois aspectos colocados por Vina.
ResponderExcluirO primeiro, quanto a condição social de formação do preconceito. Concordo quando comenta que esse é formado e reproduzido em sociedade e que não se trata apenas de tirá-lo ou não, pois ele é construído durante o processo de inserção as regras sociais. Afirmo como exercício, pois, se trata de uma busca que devemos ir adequando de acordo com aquilo que a gente realmente acredita. O discurso do politicamente correto pode esquecer de vir acompanhado do mesmo conteúdo, o que faz com que essa condição fica numa abstração ou como as palavras que se adequam ao perfil do homem ético desses tempos.
O segundo aspecto do eufemismo, eu até concordo que possamos mudar os termos, no entanto, que esses acompanhem o sentido que a palavra possa significar, pois o que acontece é a mudança de termos e a permanência da mesma prática.
bjos, meu querido
Concordo em gênero, número e grau. Afinal, não conheço quem crie conceito do nada. Vejo necessária também uma educação maior da vítima de preconceito quando num momento de autodefesa. Não estou legitimando o ato de preconceito, mas atento para o fato lógico de que estas manifestações não surgem ao acaso e é preciso sempre dar mais valor à reeducação do que à mera punição reflexivamente estagnante.
ResponderExcluir