segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sexualidade, pós-modernidade

A política da sexualidade se configura consoante aos interesses da estrutura social vigente de uma dada época. Dentro dessa política, os "corpos", pensando na concepção foucaultiana, são fabricados, artificializados para articular em prol do maquinário social. Remeto o sentido de sexualidade, não de ordem sexual apenas, mas o fenômeno subjetivo do indivíduo social e ontológico.

Esse fenômeno parece não está muito longe dos tempos atuais. Mesmo depois de grandes revoluções, como a sexual dos anos 60, terem triunfado sobre os valores tradicionais da modernidade, a sexualidade continua sendo um ponto sensível em nosso cotidiano. Permanecemos com os nossos desejos engessados e as nossas fantasias invertidas. No plano dos desejos, no sentido de vazão para o sexo, nós estamos alienados no fenômeno rítmico que categoriza funções sexuais como padrões a serem seguidos. No que se refere às fantasias-desejo que se pretende realizar, no entanto se sublima- elas são produzidas por um dado de realidade proposta pela nossa cultura.

A cultura que proporciona aos “corpos” como eles devem ser transitados, movimentados e domesticados. Ainda se encontram em processo de transição para uma possível “liberdade”, uma falsa noção ao indivíduo de que ele é livre em funções dos seus desejos. Na verdade, nos encontramos aprisionado, não mais pelo controle disciplinar, mas o desejo advindo da super exibição feito objetos expostos em vitrines de consumo. As nossas escolhas sexuais- tanto com o parceiro que escolhemos, como no nosso comportamento estão sob o controle da nossa vontade, acredito eu, regida pela Sociedade de consumo de Baudrillard. Onde o princípio de relações, no sentido geral, vigora não mais um com os outros, mas o indivíduo inserido numa panacéia fantástica de objetos, não percebendo o outro enquanto subjetividade, mas o outro enquanto sujeito funcional em um dado momento.

A partir daí, questiono sobre algumas naturalizações que são colocadas sobre a sexualidade. E que a partir disso, os nossos desejos são canalizados em prol da indústria contemplativa dos corpos em exibição, contemplador de fantasias fabricadas do mundo mediado pelos meios midiáticos, principalmente no canal publicitário.

2 comentários:

  1. Corpos, bens culturais, sorrisos, imagens, artefatos, grifes, música... etc e tal. Parece que tudo vira espetáculo.

    Mas o que impressiona de fato é como o corpo deixou de ser um corpo íntimo para tornar-se público, sem que seja promíscuo no sentido sexual. Por outro lado, ele tornou-se promíscuo na esfera da sexualidade e, contrariamente ao que foi desejado pelos movimentos feministas e da contracultura, o corpo libertou-se não para formar um novo o sujeito social, mas para formar um sujeito midiático.

    Body space! O corpo flutua pelos recantos da publicidade, e deixa os ares naturais escaparem. No entanto, aqueles poucos que percebem sua(s) auto-identidade(s), tem retomado o corpo romântico, mas sem a submissão às normas sociais e à hierarquia homem-mulher. Sinônimos dessa conturbada e contraditória pós-modernidade. De um extremo ao outro.

    belo Texto, Maíra.

    abraços

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  2. Maíra,

    Veja bem: lembro-me muito bem que já discutimos pessoalmente esse assunto várias vezes, e confesso que ainda encontro em sua perspectiva, apesar de sempre crítica, uma mágoa talvez pela sua condição enquanto um sujeito submetido a um corpo feminino diante da sociedade do desejo voltada para o consumo.

    Realmente eu concordo que não conquistamos porra de liberdade nenhum da forma como quer nos seduzir o discurso publicitário estuprador. Porém, acreditar que voltamos nossas representações para o corpo por sermos controlados por essa midia, eu acho um tanto exagerado. E cade a possibilidade do agente em também ser capaz de requestionar a condição da midia? Sim, nós somos levados também por ela, mas nós consumimos esse discurso por também nos encontrarmos predispostos a aceitar essa condição. Devemos lembrar que a midia, assim como qualquer fenômeno implicado em uma cultura, é reflexo dessa cultura, como assim foram as ladainhas sacralizadas pelos homens santos poderosos da idade média. Lá não se tinha televisão, nem radio, nem jornal, nem BBB, mas o discurso foi imposto, mas também foi aceito pela predisposição valorativa de um tempo. Tanto foia aceito, que quando aquele discurso envolvido compulsivamente pela fé não conseguia mais atender aos interesses do contexto superior, a fe medieval caiu por terra.

    bjs

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