Olho através de um vidro e não os vejo. São como microrganismos, invisíveis até para as minhas lentes vivas. Mas sei que são muitos e que estão ali... caminhando, correndo, comendo, reproduzindo, parasitando e, até mesmo, paradas, talvez observando os que não estão parados.
Nesse instante faço um exercício de imaginação. Tento me aproximar mais do vidro para ver melhor, mas as nuvens atrapalham, mas a altura atrapalha. Mesmo assim me coloco como observador perspicaz que não quer deixar escapar detalhes. Mas daquela altura complica. Opto por admirar o que nunca senti. Me distraio por alguns instantes e sem esperar, luzes surgem. Parecem enfeites para uma árvore natalina, muitas delas, incontáveis, de várias intensidades e cores, e tão pequenas, combinadas, formam uma grande malha iluminada que se perde sob a contemplação do manto negro que acima assisti a tudo.
Tento mais vez uma mudança de posição, mais uma vez em vão. Vejo se aproximar outro cenário: e o que parecia invisível começa a tomar forma e o que era distante a se aproximar; o dentro passou a ser fora e o que era ar passou a ser terra.
Por agora sou parte daquela imensidão invisível a olho nu.
É a primeira vez que leio algo que escreveste sobre si, sobre suas experiências, sensações.
ResponderExcluirNão sei se tu costumas escrever poesia ou mesmo música, mas tens grande talento. Explore-o.
Até breve!
Luciana,
ResponderExcluirFantástico, Perfeito, à medida que eu lia podia entrar no imaginário, já tive reflexões parecidas, mas nunca as coloquei por escrito. Muito obrigada,
Abraços, até mais
"Por agora sou parte daquela imensidão invisível a olho nu."
ResponderExcluirA imensidão é invisível ou você é invisível na imensidão? A olho nu? Então, quais são os olhos que te veem? E se eles te veem, também o fazem em meio a imensidão?
Um pouco melancólico, prof. Alysson...
http://poeticspasm.blogspot.com/2009/01/devaneio-urbano-i.html
ResponderExcluirOlhando de perto toda subjetividade é gigante demais para ser de todo apreendida, embora sejamos ínfimos e desprezíveis em proporções universais.
ResponderExcluirBelíssimo texto, prof. Alysson!
Josué Maia
Josua, essa idéia da imensidão e estar imerso nela, faz parte das posturas que assumimos durante a vida. o jogo de posições contrastantes das assumimos não são por completo confortáveis, por vezes, nos colocamos em situação de observadores dominantes em determinadas situação e, por outras, a fragilidade nos apresenta como pesados fardos difíceis de carregar e de se desfazer. Daí a idéia se saber lidar com as situações é um componente também particular do contato desse individuo com as experiências e com o conhecimento.
ResponderExcluirObrigado, Profa. Renata pelas suas instigantes perguntas. Buscarei respondê-las de forma objetiva e clara. Caso exista mais alguma dúvida pode perguntar.
ResponderExcluir"A imensidão é invisível ou você é invisível na imensidão?"
São as duas coisas. A imensidão de que eu falo por ter proporções gigantescas que a minha capacidade visual não conseguir alcançá-la. E, por outro lado, o sujeito do poema se torna invisível, pois ele sai da posição de afastamento que lhe dotava do ver de fora e, num dado momento do texto ele passa a ser parte dessa imensidão. Ou seja, ele fica imerso e tudo isso é acompanhado por um outro sentido. O olhar nu corresponde a um dos sentidos que é estimulado para captar essa sensação e ele.
"Então, quais são os olhos que te veem?"
São todos os olhos que podem e escolhem me ver.
"E se eles te veem, também o fazem em meio a imensidão?"
Sim. Eles fazem mesmo sem me ver, e eu faço o mesmo, sem os ver. Como a dimensão é enorme, seus contatos serão como coisas mais próximas de onde reside , é uma opção. o olhar de perto e o de longe assumem nesse caso posições diferentes. .