quarta-feira, 7 de julho de 2010

Santo Amaro de Ser

“Perante o amargo da vida, chimarrão é brigadeiro” (Vina Torto)

Em minha noite caminha a rima
Rumo a não-trilhos, os mais partidos
Rumo a não-rumos, caminhos foscos
Assim sem brilho, assim sem vida


Perante o espelho já tão surrado
Já todo grito custa a refletir
Eu sei que assim suspira minh’alma,
E tanta morte que me faz tão rir

E gritam olhos que não quebram espelhos
Espírito de Deus...

O mal do século é mal do mundo
A convergência de desejos fluidos
Disfarce aberto do ódio mais soturno
Este é o mundo
Este é o mundo

Alivia-me a acidez de ser,
Espírito de Deus!

4 comentários:

  1. Infelizmente a acidez de ser não tem cura, exceto no próprio ser. O poema caminha em linhas tortas rumo a visão cosmológica do ser no mundo, um mundo sem trilhos, sem encantos. Belo poema.

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  2. A idéia de efemeridade das coisas traz o espírito de desalento e de pulverização dos sentimentos. Creio que pautados por esse bombardeio de tendências e, principalmente, de aparências que somos levados a digerir sem degustar.
    Por outro lado, na busca dessas referências, nem sempre acertamos na essência. O ponto de equilíbrio, é construído a partir do processo de (re)construção da nossa personalidade fruto de nossa experiência nesse mundo.

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  3. Josué,

    Gostei muito do poema, parabéns.

    Farei coro com o Alysson e o Roosevelt nos comentários.

    abraços

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  4. Josua,

    É isso mesmo meu querido. Essas flutuações intensas pelas quais temos que passar cotidianamente, faz-nos deslizar em inúmeras referências que nos dão sentidos, mas que não nos dão alvos certos. Diante dessa convergência fluida, assim como você fala, quais sonhos podemos projetar e até quando? Em que podemos nos sentir pertencidos e até quando? Livrai-nos dessa cura envenenada menino Jesus!!!

    Parabéns meu menininho do chimarrão

    bjs

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