terça-feira, 27 de julho de 2010

O MSN é uma Cachaça!

Este presente texto visa contribuir com um debate a respeito das relações sociais que são midiatizadas através dos veículos de mensagem direta por internet, especificamente o Windows Live Messenger ou popularmente denominado MSN. Podemos começar a entender o fenômeno a partir do nosso contexto sócio-cultural, ou seja, neste mundo altamente informatizado, com um processo de divisão social do trabalho extremamente adensando, onde as distancias se tornam cada vês maiores, criando assim uma necessidade quase que substancial de veículos que aproximem não só as relações pessoais mas também as relações de trabalho. Não é do nosso interesse aqui debater o Cyberespaço, que é criado a partir da ação dos indivíduos na rede mundial de computadores, mais sim analisar o MSN xD.
Tenho percebido ao longo desses anos que ando mexendo neste programa, que uma hora ou outra acontecem coisas estranhas e que eu me transformo quando o estou usando. A partir daí me surgiram duvidas e perguntas. Cheguei ás seguintes idéias, a primeira é que a ausência do plano pessoal, do olho no olho, consegue liberar no individuo uma ideia maior de impessoalidade deste veículo, uma vez que os artifícios como os gestos e a voz neste momento da conversa é suprimido, e mesmo que estes existam no momento da conversa o contato ainda não é direto. Com isso, o individuo tem o esforço de liberar de si qualquer artifício que consiga expressar seus sentimentos, é aí que para mim a frase “o MSN é uma cachaça” tem sentido, tendo em vista que o individuo se libera mesmo, fala muitas vezes o que não imaginava falar, nesse esforço de se expressar. Portanto talvez através deste tipo de relação os atos falhos consigam fluir melhor.
Segundo, mas ainda dentro dessa perspectiva, podemos imaginar cada janela do MSN na qual reside uma sala de bate-papo pessoal, como um universo, portanto o MSN se torna fecundo nesse mundo “pós-moderno” e o conceito então de fragmentação discursiva passa a ter clareza, uma vez que o que é projetado para cada indivíduo, que no âmbito cotidiano muitas vezes estão desconectados (me refiro aqui aos indivíduos que estão no caso do “outro lado da tela” e não daquele que se dirige a estes), é um fragmento do mosaico que é a personalidade do individuo, proliferando varias identidades, possibilitando o individuo vivenciá-las. Esta ideia se torna mais ainda real em cidades cosmopolitas, ao qual o sujeito está muito mais diluído socialmente. E, além disso, há pessoas que literalmente vivem uma realidade paralela, se relacionando com pessoas desconhecidas, muitas vezes que moram do outro lado do Globo.
Concluímos por fim que os excessos emocionais que acontecem via MSN em partes são reais, porque partem de um pedaço da personalidade do individuo, mas por outro lado inexiste pelo fato de que muitas vezes são tão intensos que o mesmo se esvai no momento, como uma catarse. Acontecendo por exemplo de um individuo conflitar com o outro via MSN e no cotidiano ser absolutamente amoroso com a pessoa. Ainda podemos acrescentar por ultimo que, não acredito que o MSN suprima as relações pessoais presenciais por completo, mas sim é agente de uma mudança nestas, afinal o cotidiano não é moldado absolutamente por um veículo de informação, creio que a realidade calcada no particular é fruto de um contexto muito maior, fruto de relações que se transformaram no tempo.

6 comentários:

  1. Astronauta,

    Gostei muito da observação a respeito dos dois pontos encontrados por você no MSN. Uma posição brilhante eu encontrei tambem na questão referente à critica que você faz aos apocalipticos xiitas que tendem a ver a internet como o fim das relações pessoais. Como voce bem observou, mudaram-se as formas de relações, o que não significa dizer que acabaram as formas de interação antecedentes. Mas eu não acredito que as inumeras personalidades como você bem trouxe em seu texto, inexistam. Eu acredito que elas ficam dificeis de serem captadas em sua delimitação precisa, mas que existem, existem, do contrário, não viveriamos essa pluralidade identitária ao entrarmos em contato com o MSN.

    Abraços

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  2. Gostei mesmo! Tenho só uma questão: o que exatamente seria esse "melhor fluir de atos falhos"?

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  3. vôte! enquanto eu juntava argumentos pra dizer o contrário, vem Astronauta me confundir.
    digo que os mecanismo tecnológicos de telecomunicação [celular e web-mensageiro] de nossa geração mais têm separado q unido pessoas.
    como? eu não sei; nem sei se saberei. é só uma sensação q as relações interpessoais estão se desintegrando.

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  4. Cara, que analogia oportuna!
    Adorei o texto, meu querido!

    Um vá tomar no cu pelo messenger e um grande abraço pessoalmente!

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  5. Vina,

    Sim,apenas falei em analogia, quando digo que inexiste falo socialmente. Que msm assim não é uma afirmação precisa se tratando de ser humano, mas afirmo no geral.

    Lou,

    Falo dos atos falhos pq como a coerção do outro aparentemente se torna mais frágil via msn, o superego dê um saída de escanteio e os atos falhos fluam melhor. Contudo os colegas poderiam explicar melhor.

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  6. Entendi. Como se houvesse uma flexibilidade maior à desvios de personalidade.

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