Conversando ontem com um conjunto de amigos, foi colocado em questão um fato muito interessante. Discutia-se se alguns atos chocantes devem ser considerados como um ato pedagógico, no tocante a gerar pelo choque uma tomada à reflexão e por sua vez a “consciência”. Especificamente o que estava em jogo é o estar nu em público, no lugar estavam alguns estudantes do movimento estudantil da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e um musico amigo meu também estudante da UFS, porém apenas uma pessoa defendia o nudismo como forma de gerar uma ação pedagógica conscientizadora. A partir dessa questão se gerou um debate ferrenho entre o grupo e o colega.
Penso eu que hoje em dia vivemos um momento histórico onde alguns tabus em relação ao corpo estão sendo requestionados, porém o que vi na postura do colega foi algo muito aquém da nossa cultura cristã ocidental, estava clara a falta de noção de alteridade, o que por sua vez oblitera a meu ver qualquer ação que geri uma reflexão no outro, pois a única coisa que geraria era uma estigmatização desse outro e não uma tomada de consciência afinal, o que está imbuído na mente de quem presencia essa ação são valores já sedimentados que muitas vezes não passaram por um trabalho previu para que se gerasse um entendimento do ato, e mais difícil ainda a aceitação. Creio que, não explorando aqui a motivação psicológica de quem comete o ato, essa aceitação parte de um egocentrismo gerado por um ideal de comportamento que só afasta o publico para o qual se pretende efetuar uma tomada de consciência.
Essa situação nos leva pensar que sem um dialogo com a ordem, e com as diversas culturas que se manifesta no seio da nossa sociedade, a universidade viverá em um infinito debate inócuo, adensando ainda mais relações de poder e de estratificação simbólica, mesmo aqueles que buscam um dialogo e um mudança a partir do povo ou da classe trabalhadora, digamos assim. O que não podemos esquecer é que nossa sociedade vive um conflito entre culturas baseadas na oralidade e outras na textualidade, que por mais díspares que sejam não podemos criar aqui uma valoração estratificada, afinal cada uma possui suas especificidades e qualidades diferente, o problema é que não conseguimos enxergar essa diferenciação de forma analítica. Com isso essa elite intelectual que se diz preocupado com o povo, estigmatiza essa classe que ele mesmo defende, crendo que através do choque ou por belos discursos iram modificar as bases dessa cultura. O ideal então se forja no entender cada particularidade entendendo também que você faz parte de uma cultura que possui seu arcabouço valorativo. Assim se torna necessário uma tomada de consciência não só da grande maioria da nossa população que vive em uma cultura baseada na oralidade, bem como da elite intelectual letrada, para que possamos gerar então um dialogo e não um monólogo onde o poder simbólico prepondera.
Penso eu que hoje em dia vivemos um momento histórico onde alguns tabus em relação ao corpo estão sendo requestionados, porém o que vi na postura do colega foi algo muito aquém da nossa cultura cristã ocidental, estava clara a falta de noção de alteridade, o que por sua vez oblitera a meu ver qualquer ação que geri uma reflexão no outro, pois a única coisa que geraria era uma estigmatização desse outro e não uma tomada de consciência afinal, o que está imbuído na mente de quem presencia essa ação são valores já sedimentados que muitas vezes não passaram por um trabalho previu para que se gerasse um entendimento do ato, e mais difícil ainda a aceitação. Creio que, não explorando aqui a motivação psicológica de quem comete o ato, essa aceitação parte de um egocentrismo gerado por um ideal de comportamento que só afasta o publico para o qual se pretende efetuar uma tomada de consciência.
Essa situação nos leva pensar que sem um dialogo com a ordem, e com as diversas culturas que se manifesta no seio da nossa sociedade, a universidade viverá em um infinito debate inócuo, adensando ainda mais relações de poder e de estratificação simbólica, mesmo aqueles que buscam um dialogo e um mudança a partir do povo ou da classe trabalhadora, digamos assim. O que não podemos esquecer é que nossa sociedade vive um conflito entre culturas baseadas na oralidade e outras na textualidade, que por mais díspares que sejam não podemos criar aqui uma valoração estratificada, afinal cada uma possui suas especificidades e qualidades diferente, o problema é que não conseguimos enxergar essa diferenciação de forma analítica. Com isso essa elite intelectual que se diz preocupado com o povo, estigmatiza essa classe que ele mesmo defende, crendo que através do choque ou por belos discursos iram modificar as bases dessa cultura. O ideal então se forja no entender cada particularidade entendendo também que você faz parte de uma cultura que possui seu arcabouço valorativo. Assim se torna necessário uma tomada de consciência não só da grande maioria da nossa população que vive em uma cultura baseada na oralidade, bem como da elite intelectual letrada, para que possamos gerar então um dialogo e não um monólogo onde o poder simbólico prepondera.
relato bem fiel do que se foi discutido ontem.
ResponderExcluirsó como adendo, eu acho que tem faltado também um noção de historicidade pros nossos estudantes adeptos do nudismo anacrônico em praça pública.
taí um dos motivos de um músico estudante amigo do autor do relato não conseguir se sentir parte de um movimento interno de esquerda.
Falaste bem, nudismo anacrônico, e ainda acrescento que certa vez em uma palestra por um dos tortos em uma determinada universidade privada, onde foi apresentado um filme chamado Calígula onde se mostra uma sociedade pré-cristã, com traços ditos por nós grotescos, como o nudismo e o sexo em publico, os alunos UNIVERSITÁRIOS ficaram chocados. Daí podemos ter uma noção desse contexto histórico que vivemos.
ResponderExcluirCorrigindo:
ResponderExcluirem uma palestra ministrada por um dos tortos*
Reuel,
ResponderExcluirDesculpe-me a ignorância, mas não consegui entender a relação que você fez do ato de consciência, com o divorcio da elite intelectual em relação aos setores populares.
No entanto, quero dizer o seguinte: um desvio pode ser frutifero para uma mudança social. Como bem expôs o Durkheim ao falar sobre o crime, este, apesar de condenado pela sociedade, possibilita com que os valores sociais sejam requestionados, além de possibilitar com que os indivíduos se unam, fortificando os laços entre eles.
Mas concordo com você no sentido de sairmos nus por ai. O lance é que neguinho vive imerso em uma mar de carência em uma sociedade individualista e solitária, e confunde o fato de querer se auto-afirmar com algo subversivo. Tudo termina virando apenas um grande e ridiculo espetáculo.
Quer provocar choques sociais? Se mande de sua vida civilizada, vá morar em um pomar e comer maçã todos os dias, levando consigo a sua Eva e sua gulosa serpente, e prove que o mundo civilizatório é uma mentira e que podemos viver a vida inteira comendo apenas maçãs e Eva, vivendo eternamente peladinho, sem precisar das roupas mais chiques das vitrines dos shoppings da vida, e sem necessitar comer big mac e arrotar coca-cola.
Gostei do título, bem alusiva ao seu objetivo no texto.
ResponderExcluirPorém, meu caro Reuel, acredito que esse processo de desnudar-se é uma busca constante, assim como nos diz Weber com a sociologia compreensiva, ou seja, um dos princípios do pesquisador social deve ser a daquele que busca o distanciamento de suas prenoções sobre o fenômeno. Partindo dessa "sacada" de Weber, buscar sempre tirar uma peça dessa vestimenta contribui para apreender a realidade que nos cerca, ou seja, mover-se.
Alysson,
ResponderExcluiro que eu entendi no texto de Reuel é que o ficar nu, é ficar nu mesmo. Não existe esse negócio de metáfora não. É pica e buceta exposta ao mundo mesmo.
Clima e vaidade.
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