Se perguntam para mim: o movimento torto é uma tendência? Eu poderia dizer que o ser torto implica inevitavelmente em algo tendencioso, visto que, o fato de evitar optar levantar bandeiras para um lado ou para o outro, ou de ter inevitavelmente opiniões sobre as coisas, já implica em dizer que estamos tendendo a alguma coisa, porém, essa forma de tendência se manifesta de forma diferenciada da forma como muitas vezes concebemos o que seja uma tendência nos movimentos.
Geralmente ao falarmos sobre tendência nos movimentos, referimo-nos a algo que busca seguir uma linha de raciocínio. Ou seja: geralmente nos movimentos, encontramos um roteiro de leis que delimitam determinadas formas de comportamentos e idéias a seguir, fazendo com que o indivíduo que não compartilhe de suas perspectivas, sintam-se obrigados a sair deles tendo que criar outra tendência.
No Movimento Torto, não existem sistemas de leis e de comportamentos impostos. Mesmo que determinado indivíduo se negue em compartilhar com as idéias do Movimento Torto, ele pode se manter no movimento e criar suas próprias concepções, sentindo-se livre em acreditar no que ele achar ser mais pertinente. Se ele achar que o termo torto não seja adequado com a forma pela qual ele acredita pensar, ele pode criar outras denominações dentro do próprio movimento, sem se sentir obrigado a ter que sair dele. O individuo também pode compartilhar com o torto e não se sentir obrigado em participar do movimento.
Se a palavra tendência for usada como um sistema de pensamentos a ser seguido, posso afirmar que para o torto, a palavra tendência é inadequada. No Movimento Torto não há lideres, nem indivíduos que detenham a verdade do mundo. Inclusive, os próprios tortos se colidem em suas próprias opiniões sobre o torto, assim como vão de encontro às opiniões dos outros tortos, sem necessariamente se acharem na obrigação de ter que sair do movimento.
Que existem formas de condutas as quais somos educados a conceber como verdades, isso o torto não duvida, visto que ele mesmo admite ter expectativas sobre elas, uma vez que ele, assim como qualquer outro, é produto do meio. No entanto, o torto acredita que apesar de nos encontrarmos submetidos a determinadas formas de verdades, cada um de nós é capaz de criar a sua própria verdade, e que essa verdade varia de acordo com as novas experiências que cada um de nós se confronta em nossa história de vida.
Concluindo: levando-se em conta que a perspectiva torta admite que possui opiniões a respeito de determinadas coisas, podemos reconhecer que cada torto, apesar de ser adepto da pluralidade, inevitavelmente possui uma tendência, isto é, uma forma que o possibilita a olhar e a justificar a realidade de forma própria; mas se levarmos em conta que o torto não se acha no direito de cobrar determinadas linhas de comportamentos, uma vez que ele mesmo se perde em suas convicções, poderíamos dizer que não há como pensar o Movimento como uma tendência.
Inevitálmente, meu caro Vina nossa epistemologia torta está sendo construída e as vezes me lembra Bachelard: "Bachelard se apresenta como o filósofo do “não” às teorias tradicionais, do novo estatuto da positividade do erro, filósofo do des-aprendizado, como dirá, soando como um manifesto, no primeiro parágrafo do texto “Surracionalismo”, de 1936: “Para pensar, quantas coisas é necessário inicialmente desaprender!” Não somos tendenciosos como muitos pensam e ~somos como alguns não pensam. o que somos é na verdade pensadores tentando dizer algo que conflite o imposto, mesmo sabendo, como vossa pessoa bem coloca dependentes das regras e conveções sociais. Contudo, somos tortos, gritamos, zombamos, protestamos, e para enlouquecer qualquer, fazemos isso entre nós mesmos, nem o torto escapa do ferrão do torto.
ResponderExcluirPois é meu querido Rossevelt,
ResponderExcluiro torto é um negar apaixonado pelas coisas. Ele as tem, ele as repudia. Ele quer por saber que como qualquer humano, ele deseja, ele constroi valores em determinadas coisas. Ele repudia por ele saber que até aquilo que ele mais adora, não representa a verdade do mundo, e por saber que o que ele gosta agora, amanhã pode não mais fazer parte de suas prioridades.
Veja bem: já pensou se fosse algum artista morador do municipio de Telha que tivesse composto a música "Cálice", tão venerada no repertório do Chico Buarque? Portanto, como eu posso dizer que, mesmo gostando da música Calice e do Chico Buarque, que de fato a música "Calice" representa A música do mundo e Chico representa O cara do mundo?
O torto repensa tudo isso e sabe que o que é vangloriado, muitas vezes se encontra muito mais ligado à oportunidade, ao contexto, ou seja, de que lugar é oriundo esse artista e essa música, do que necessariamente pelo fato de afirmar com toda a certeza que tanto a música quanto esse artista são bons por eles serem bons apenas bastando-se a si mesmos.
Eu fico pensando: se Chico gravasse a música "Imperfeito" do Deilson Pessoa, ou a música "Canção da estrada aberta" do Edizero, será que essas músicas seriam tão indiferentes quanto o são aos ouvidos dos defensores do fetiche? Não, sabe por que? De onde vem Edizero? Onde mora Deilson Pessoa? Os caras são muito bons, mas não estão em um grande centro cultural que projetou um Chico da vida dito tão bom aos ouvidos dos senhores criticos e sensatos da turminha do Mané Reto hehehe.
Penso q o torto é algo ainda muito doido pra mim sabe vina, tipo: o fato de não levantar bandeiras já não é um levante de uma? Por outro lado entendo a necessidade do torto de criar essa identidade em mosaico, como um retalho onde tomamos partidos de varias bandeiras mas não se limitamos a nenhuma.
ResponderExcluir"faz o que tu queres, pois é tudo na lei"
ResponderExcluirMeu querido, Vina, reconheço a pluralidade que se proprõe ao torto, mas sem querer construir amarras e nem cercar em fronteiras teóricas, ainda acredito que o torto é um movimento com objetivos claros. Por exemplo, a idéia de pluralidade é uma característica, a critica é outra, não levantar bandeiras e se contradizer diante de uma antiga idéia é outra. Portanto, acredito que o torto é não é uma tendência, porém ele se configura como uma espécie de movimento fundamentado no individuo, na liberdade e na critica.
Alysson,
ResponderExcluirQue o torto tem seus objetivos, ninguém duvida. Não existe humanos sem intenções.
O que chamo atenção é que, mesmo que algum autor ou qualquer pessoa refute as idéias do torto, nós aceitamos, pois os próprios tortos, pelo menos como imagino, não têm certeza sobre suas convicções, e, portanto, sobre os próprios objetivos do movimento, portanto, que direito tem os tortos em dizer o que é certo ou errado?
Esse seu comentário, por exemplo, chama atenção para um complemento sobre o meu texto, o que nos leva a crer que não é por que você também é autor e pertencente ao movimento, que você não possa ir de encontro as minhas concepções. Porém, sera que os torto precisam fazer uma reunião para decidirem se você deve ou não ficar no movimento? NÃO.
Sabe por que a resposta é NÃO? Porque você é você, e você, assim como qualquer outro humano, reflete por que entorta,e portanto, você, assim como eu ou qualquer outro do movimento, tem suas razões e tem suas idiotices, do contrário seria estático e reto, e com isso, não seria humano hehehe.
Fazer o que quisermos? Não, não acho que seja assim. Acho que aceitamos os vários comportamentos, mas também admitimos que nós, enquanto escravos das convenções, inevitavelmente iremos nos chocar com alguma atitude que se desvie de nossas espectativas.
É por isso que eu sempre digo aos leitores para se sentirem livres para escrever e refutar o torto, mas também aviso que nós tortos não vamos ter piedade se acharmos que as concepções dos leitores venham de encontro às concepções de cada um dos tortos, ate por que nem mesmo nós tortos temos piedade com o outro kkkkkkkk
Tudo é entendivel, mas nem tudo é aceitável, o que não significa dizer que venhamos a tentar proibir determinadas posturas. O que digo é que nós somos humanos, e cada um dos tortos inevitavelmente possui capacidade para exercitar em lidar com as diferenças, assim como não é nenhum criminoso por ter preconceitos e valores infiltrados em formas de tabus.
o torto e uma tedencia pos moderna , em que se muda de forma imediata de pensamento , subjetividade conjunta com sistema economico atual em que sempre tem que se muda , mas infelizmente e confuso . nao digo que e moda o pos modernismo . mas as mundaças de pensamentos se dao pelo aceleramento das modas .
ResponderExcluirAlan
Alan,
ResponderExcluirObrigado pelas construções de idéias que você tem possibilitado no torto, porém, eu não curto muito essa necessidade de nos colocar em classificações. Pós-moderno? Claro que inevitavelmente temos nossas pretensões ideológicas, afinal, cada torto tem sua forma de pensar o mundo, mas acho que essa necessidade classificatória nos limita muito.
Confuso? Talvez sim, mas não por que seja simplesmente confuso por si mesmo, e sim por que, diferente de muitos discursos por ai que se dizem dialéticos, nós de fato tentamos mexer a contradição lá em seu fundo. Não optamos em posturas simplórias de culpados x inocentes, ou em ver a dinâmica da realidade de forma unilateralizada.
Optamos em aceitar todos os lados como forma de analisarmos com menos precipitação suas razões de ser, mas também negamos todos os lados por sabermos que nenhum desses lados detêm a verdade do mundo, visto que jamais determinado ponto de vista atenderá o consenso.
Quanto ao modismo, se você acha que o que você denomina de pós-moderno, é um modismo tudo bem, mas se levarmos em conta que o torto não se classifica como pós-moderno, eu peço que você reveja esse seu conceito de modismo, apesar de reconhecer que o torto tenta ir de acordo com o andamento das coisas, e não se limitando em se apegar a obras empueiradas das estantes do século XIX, mesmo sabendo que não é por que sejam antigas, que sejam inválidas.
vina eu n falei que o pos modernismo e moda , ele e uma tedencia na minha analise e concepçao( agora a grande maioria da sociedade e regida de moda , que sempre muda de forma bastante rapida do que a 20 anos atras , fruto do fator social e cultural pos moderno que vivemos atualmente ).
ResponderExcluirAlan
Posso aceitar a tudo, desde que nada falte, como posso também negar a tudo, desde que nada sobre. E esse renascimento clássico do moderno, de tão arcaico, me faz sentir tédio do porvir, tão imprevisto quanto a rotina de um silêncio tagarela, me enchendo os ouvidos de uma semiótica viciada. E a metafísica, ladra de vácuos, essa vadia, com pernas torneadas e seios graúdos, sem boca e genitália, para que nela atiremos todas as pedras do mundo, regojizantes de um pecado invisível, só serve para nos provar o quanto somos grandes (pequenos) diante da pequenez (grandeza) do infinito.
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