sábado, 26 de dezembro de 2009

O torto e a hipocrisia benéfica II

Ao conversar de forma breve com o meu querido torto Josué Maia sobre o texto que publiquei chamado “O torto e a hipocrisia benéfica”, eu percebi que havia deixado um ponto sobre a hipocrisia benéfica ausente em meu debate, mas que venho tentar esclarecer nesse texto revisado.Como bem observou Josué Maia, o fato de entender a hipocrisia benéfica, não quer dizer que toda ação deve ser hipócrita, nem muito menos em afirmar que toda hipocrisia é benéfica.

Mesmo eu insistindo em dizer que o torto em determinadas situações, encara que, as ações devem ser hipócritas, pelo fato do torto ter consciência de que muitas vezes, faz-se de profunda importância estabelecer relações que não provoquem reações conflitivas entre os sujeitos; é claro que nem todas as ações do torto deverão ser hipócritas, até por que, por também prezar sua postura independente de encarar a realidade, o torto sabe que também ele tem que se utilizar de sua própria opinião sobre o mundo.

Uma coisa é optar por não expor a sua própria postura sobre o que ele pensa em relação a determinado valor; outra coisa é o torto ter que se sentir obrigado a anular as suas opiniões em prol de uma vaidade alheia. Não é por que o torto, por ter agido de acordo com que as expectativas exigidas, que obrigatoriamente tenha que se sentir no dever de não expor a sua própria opinião sobre as coisas.

Uma coisa é respeitar os limites dos valores infiltrados pelo outro; outra coisa é se submeter aos valores do outro. Uma coisa é respeitar a condição alheia; outra coisa é ter que se calar por um respeito ao outro. Não é por que na hipocrisia benéfica, o torto busque manter uma negociação mais diplomática com os agentes envolvidos na relação, que necessariamente, ele vai deixar que esses agentes sejam capazes de esmagar a sua forma de conceber a realidade.

Inclusive, posso dizer que, não é por que o torto admite que o outro se encontra submetido aos padrões de conduta e aos tabus, que necessariamente o torto não possa em algum momento, romper com essa negociação. Apesar de reconhecer que o fato de negociar com os valores dos outros de forma altera, implica em uma postura madura de conviver com as diferenças, o torto, assim como qualquer um, tem sentimentos de raiva, de ódio, de cansaço, e que por isso mesmo, não está livre de deixar a hipocrisia de lado para partir de forma explosiva em sua relação com o outro.

Um comentário:

  1. Uma vez que o torto admite que a construção da maturidade se dá, também, parafraseando suas palavras, no "errar pra ser correto", é de imensa importância discorrer sobre o nosso lado invetivalmente humano demais tb. Ótimo texto.
    abração!

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