terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Manifesto por João Maldito
Da égide alvorecida dos que descansam em sonhos ternos, descem ao pequeno inferno das certezas arbitrárias os desimportantes grãos-Tortos desacolhidos por um mundo de reis bobos. Atabalhoamento da consciência formada de acordo com o que fora prescrevido por-não-sei-quem. Refutação das máximas incontestes que servem pra-não-sei-o-quê. Filosofismo pedantesco, não menos que os outros, sobre as reverberações de vento que destoam pelo mundo. Liberdade diminutiva ante as possibilidades essenciais que nos são dadas pelo nascimento. Movimento Torto, duas palavras: tudo e nada. Um criar de pensamentos que, sob circunstancias impostas – impostas por quem? –, cessam; mas criar, pois se deve criar; criar, pois o mundo é em branco, e se cria para não sucumbir ao tédio. Mas há mais tédio que criação, há mais tédio que qualquer coisa, e cada olhar e cada gesto é um buraco negro devido a tanto desconhecimento. Segundo penso, assim como pensa quem vive, o Movimento Torto é uma perspectiva ‘patafísica de se chegar ao meta-cômico através dessas inverdades absurdas. Absurdas, sim, absurdas! Tão absurdas quanto às inverdades que nós mesmos, do Torto, criamos. Tudo quanto possa ser dito é um mendigo que, pelas ruas, esmaece em pena; uma vontade frugal de dizer pelo outro; uma tarde de inverno que vai indo embora; uma menina apaixonada que chora pelo príncipe que não veio ter com o seu coraçãozinho sentimental. Observo que o ser torto é, antes, um ser atordoado, que desmerece a sorte do fulano que sorri por estar sorrindo. Ora, não basta a comicidade do erotismo existencial? Qual alegria o quê! Enxertar no mundo é estar livre dele, repousar a cabeça sobre algum encosto e não conseguir o sossego, pois, o encosto no qual se descansa a cabeça, também é mundo e, mundo, creio, é desassossego. Deleitar-se na insanidade desse pensamento que parece e perece são, enaltecer-se como um Dom Quixote por ter lido as vãs filosofias dos filósofos doidos, muitos dos quais já esquecidos conforme prevê o estado da matéria morta, citar Boileau sem nunca o ter lido. Eis o pensamento que, sob sete palmos de terra, escurece dentro dessas tantas cabecinhas sem memória. Circunscrever rotas que descrevem as trilhas do ego, caminhar procurando o novo e coerente, embora haja o destino: é de se rir e excretar nas calças.
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POR ROOSEVELT
ResponderExcluirO torto não é um movimento novo, nem é um movimento velho. O torto é novo, o torto é velho. O torto é torto, o torto que se endireita a partir da ótica de quem o vê. É sua subjetividade com toda sua tortura inata ou condicionada que fará deste movimento algo novo. O velho torto é o pensar o tempo e as ações dos homens até com certo ton de ironia ou comicidade como diz o profeta vidente vinatorto: é rir do riso. A obra torta tem uma razão de ser como tudo que o bicho torto faz. nós somos tortos e não o percebemos, porque fomos ensinados a olhar o mundo como se tudo tivesse uma forma reta e legítima, abençoada pelo Estado e por Deus. Não somos sofistas, somos maieutas, somos uma tortura no saco! Roosevelt Leite.
Dr Roosevelt, quando falas um pássaro revigora-se em vida no ponto em que lama transgride o amor. João Maldito
ResponderExcluirO dia nasceu um tanto diferente.
ResponderExcluirparece que ele me espera paciente.
como se soubesse que quem vai vivê-lo é gente.
E o verão está muito quente.
Aprendi logo cedo que viver é arte.
O vivente um artista.
E o que se faz seja de um lado ou do outro obras.
mas algo me intriga:
O encanto do otimista,
Aquele que romantiza a miséria.
Ironiza a mentira como se suas verdades fossem eternas.
E descarta as dúvidas como se tudo se sentasse sobre certezas.
Talvez dele,
ou minha,
ou tua,
não sei,
Quando este dia terminar saberemos...