segunda-feira, 10 de maio de 2010

Paquerando e entortando

Semana passada encontrei dois conhecidos. Um assunto que foi prolongado, referia-se à relação imprevisível da mulher em relação ao homem. Eles disseram o seguinte: ou o homem ao paquerar a garota, aproxima-se manifestadamente dela e ela o rejeita, ou o homem assume um distanciamento claro, e ela termina por olhá-lo unicamente como amigo.

Depois dessa conversa, percebi o quanto o exercício de se entortar é importante na paquera. Não é minha intenção mostrar um modelo de como se paquerar, até por que isso não existe em uma perspectiva tão imprevisível como a do torto. Vários fatores contribuem em um momento desses como as escolhas estéticas de cada um, o estado de espírito das pessoas no momento, as várias personalidades dos indivíduos, etc.

Neste texto eu me proponho a falar sobre as paqueras heterossexuais do homem em relação a mulher. Gostaria de analisar o jogo entre os sexos opostos, pois, apesar das mulheres terem conquistado seu espaço em relação as suas igualdades jurídicas, culturalmente elas ainda de certa forma são educadas de forma diferente dos homens e isso implica comportamentos diferenciados entre eles na sociedade.

É devido a essa diferenciação que eu percebi que os homens tendem a reclamar da falta de autonomia da mulher no ato da paquera, mas eles próprios condenam a postura das mulheres quando elas agem de acordo com os discursos prezados por eles. Os homens cobram a liberdade feminina, mas quando elas agem de forma desligada das convenções, eles tendem muitas vezes a encará-las de forma pejorativa.

Por outro lado, as mulheres necessitam externar um discurso liberto das expectativas preconceituosas dos homens, mas por outro lado, intimidam-se em agir de acordo com a liberdade que elas externam. Não estou querendo romantizar as mulheres, mas temos que convir que uma boa parte delas ainda se sente acuada em agir livremente, uma vez que a sociedade ainda é machista.

Eu acredito que a melhor forma do homem em lidar com a paquera deve ser de forma torta. Como assim? Bom, se os homens agem com uma aproximação declarada, as mulheres podem recuar por achar que eles estejam desrespeitando-as. Se os homens agem com um afastamento declarado, as mulheres por não perceberem o investimento masculino, podem encará-los apenas com um olhar de amizade.

A perspectiva torta vai encarar a paquera de forma instintiva e cultural. Enfim, inevitavelmente as mulheres possuem tesão, mas por outro lado, elas necessitam se preservar diante das convenções. Acredito que os homens devem manter uma aproximação afastada e um afastamento próximo para que as mulheres manifestem seus reais desejos, mas que não sintam seu espaço ameaçado.

O ato da paquera implica uma associação entre interesse e confiança. Se o homem ao paquerar uma garota, mantém uma postura não tão descarada, ele pode propiciar uma confiança nela, por outro lado, o homem, ao estabelecer um laço de intimidade com uma garota, possibilita com que ela deixe seu interesse transitar, visto que a confiança já foi construida na relação entre os dois.

Obviamente que isso não significa uma certeza da conquista. Como dito no inicio do texto, existem várias variáveis que podem interferir no ato da paquera. No entanto, acredito que a melhor forma de estabelecer uma estratégia tendo como fim a pegação, deve partir por essa perspectiva, afinal, desejos e restrições andam de mãos dadas. É necessário se entortar.

5 comentários:

  1. "Acredito que os homens devem manter uma aproximação afastada e um afastamento próximo para que as mulheres manifestem seus reais desejos, mas que não sintam seu espaço ameaçado." Eu entendi isso! Funciona exatamente assim. Acrescento: essa bipolaridade comportamental as causa um caos psicológico que é a essência da atração. Vencê-la é ser mais confuso que ela.

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  2. Concordo com a sua analise Vina. Inclusive, argumentos bem abordados com um estilo leve e provocativo. Porém, creio que necessita de um aprofundamento maior. A idéia foi lançada. Essa dicotomia é bem interessante, pois me fez lembrar um livro de João Ubaldo Ribeiro chamado A casa dos Budas Ditosos, em que uma senhora de sessenta anos conta das suas aventuras sexuais. O mais interessante são as formas de ela driblar as convenções no tocante a satisfazer seus desejos sexuais diante daquele contexto opressor.
    As mulheres realmente vivem nesse limiar de ir e buscar a satisfação de seu desejo e por outro lado, ela precisa adequar a satisfação desse desejo por meio de estratégias que estejam coniventes com as convenções ou que ela possa driblar sem ser percebida. Lembro da estratégia da ex-namorada de um amigo, que só deu para ele depois que ele a pediu em namoro. Até então eles ficavam em situações de intensa vontade e até mesmo sozinhos numa casa, mas ela não cedia. Ou seja, a idéia de que a mulher precisa desse recato.

    Caro vina, gostaria que você explicasse um pouco mais acerca desse trecho:

    “Acredito que os homens devem manter uma aproximação afastada e um afastamento próximo para que as mulheres manifestem seus reais desejos, mas que não sintam seu espaço ameaçado”

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  3. Caro Alysson,

    Quando me referi ao afastamento próximo e a aproximação afastada, eu quis dizer que em um ato da paquera, é importante nós nem invadirmos tanto o espaço do outro, ou seja, a aproximação manifesta; nem nos ausentarmos tanto(afastamento manifesto) para q nossa vontade seja visibilizada pelo outro.
    Enfim, é importante invadir sem ser invasor e se afastar sem se manter afastado. Um meio termo, um jogo entre o tão perto e tão longe. Um entortar.

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  4. Querido Lou,

    Um caos como essência da atração, adorei! E isso mesmo.
    Porém, mesmo compreendendo seu comentário, gostaria de observar um termo que eu acredito não se enquadrar na perspectiva que eu trouxe que é a bipolaridade. Bipolar para mim significa um OU outro, ou seja, os dois existem, mas se encontram em universos divorciados entre eles. Prefiro acreditar em uma transpolaridade, pois esse termo tende a aceitar a separação, mas não de forma separada, e sim, como forma que serve apenas para diferenciá-los. Na prática a transpolaridade extrapola as linhas limitrofes definidas desses universos, fazendo-os transitar, mesclar, conflitar, romper, reajustar

    abraços

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  5. E vai de frente, entortando, paquerando, rebolando até o chão... Vai de bundinha remexendo a cinturinha sem deixar cair no chão...

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