domingo, 16 de maio de 2010

O Ser e o Eterno (Por Miguel Ângelo)

O que sente e finge crente
aquilo que percebe e não acredita
ama da mais absurda à sublime escolha
da sua trágica fraqueza oculta
e a trai com a própria vontade
reconhece a pequenez
e os inimigos com a sua leve sinceridade
o que não se surpreende
que leva tudo ao eterno ser
e ignora o “ter-de-ser”,
a razão, o imaginário, os valores, o belo,
o fútil, o virtuoso, o bem, o mal,
a regra, a poesia dita bela,
a cosmologia simbólica e a moral
possui a liberdade de não querer,
não se arrepender, não ganhar, de buscar,
vencer, perder, superar,
se espremer e gritar
rir da miséria da alma
abraça e espanca o eidos da existência,
o espírito liberto
rompe os juízos de valores
que nos caracterizam meus senhores
levando-o ao infinito dos próprios atos
com o qual está no mesmo universo eterno a girar no existir !

4 comentários:

  1. Acredito que o individuo que assume a postura de querer se entortar diante dos valores, vai passar por esses percalços e ao mesmo tempo por essas libertações, ou seja, entre o ganhar e o perder, entre o previsivel e o contingencial, mas que no final das contas estamos sempre a girar, levando tudo ao eterno ser. Eterno ser esse que se por um lado quer descobrir a si mesmo para ser alguma coisa, por outro lado se encontra em um espaço inatingível de seu próprio ser. Enfim, cada um acredita se representar por si mesmo, mas no final das contas cada um vive correndo atrás de si mesmo, tentando a cada instante desvendar mais uma camada de sua complexidade que só aparentemente parece ser definida, mas que não passa de uma intimidade alheia.
    Aproveitando essa sua viagem, recomendaria que você lesse meu texto produzido no torto chamado" A perspectiva estética do Rei Bosta".
    abraços

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  2. No que tange o conceito do Manoel de Barro sobre o que é a poesia - que diz que a poesia é uma forma de expressão artística onde a palavra deve se sobressair ao sentido - acho que esse seu poema conseguiu lograr êxito. Quanto ao sentido do poema, preferi não interpretar, pois achei-o obscuro e subjetivo demais para eu adequá-lo à forma das minhas interpretações - o que não quer dizer que o poema é ruim.


    abrs,


    João Paulo dos Santos

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  3. entortar - aparentemente - por um lado e por outro - si mesmo... palavras chaves de Vina hehehe

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  4. Adoro esse tipo de tema, Miguel. A brincadeira com a eterna recorrência, os conceitos adversários, enfim, faço meus, em termos de complemento, os dizeres do caro Vina.

    Abração! Você tem talento!

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