O estilo musical denominado de Brega apresenta um conjunto de temáticas, em que a exacerbação sentimental se apresenta de forma “escancarada”. Certa vez ouvi Tom Zé comentar em seus shows sobre agir através de sua música no contemplativo do público. Estimulo estético que atinge a área de nosso cérebro onde se situam as emoções. Ele fazia essa diferenciação com o conteúdo de musicas que agiam sobre o cognitivo, que seria o lado racional, critico e tenso. Tom Zé não está na classificação de artistas Bregas, é verdade, mas a idéia de estimulo das emoções e sentimentos que comumente as canções populares passam é fonte de inspiração para diversos artistas e nessa primeira parte fará parte de nosso debate.
Por meio de uma linguagem direta, permeada de sentimentos que chegam aos extremos da alegria e da dor, situações extra-cotidianas e relacionamentos inusitados para os padrões estabelecidos fizeram do Brega possui grande respaldo entre as camadas populares. Esse estilo musical serviu e ainda serve como rotulo para algo ruim, de mau gosto, fora de moda e por aí vai.
Assim como o Brega outros estilos musicais foram rotulados a quatro décadas atrás, a Bossa-nova, a jovem guarda e o Tropicalismo. A grande necessidade do mercado em descobrir e fabricar produtos na nascente Indústria cultural brasileira também criou estigmas. O momento político e cultural do país contribuiu bastante para que o estilo fosse execrado e rotulado como acrítico, alienado, pobre esteticamente. Naquele momento era promovida uma divisão que redesenhava uma alteridade pontuada pela política e pela cultura, em que uma parte dos artistas da geração engajada de esquerda, filhos e pais do CPC, sentimentos anti-americanos, esquerdistas propunham a união de forças contra o governo militar e esse mesmo grupo fez questão de identificar aqueles que não estavam do lado da libertação do país. Com isso, aqueles que não fizessem canções atacando o sistema eram alienados. Os artistas populares foram automaticamente enquadrados nessa condição justamente pelas composições que falavam de amor, mesmo com a defesa feita pelos tropicalistas e por outros artistas posteriormente. Vale lembrar que a relação de alteridade é sempre delicada e que a história da humanidade também é marcada pela busca de bodes expiatórios para afirmar conceitos, poderes e diferenças.
O paradoxal discurso dessa classe média “esclarecida” seguia os passos contrários aos do “povão”. No campo da música os artistas doutrinados pelo CPC buscavam sua referencia na cultura popular, a resignificavam para ser consumida pela classe média. No entanto, essa arte coletada do “povo” para outras camadas sociais não sensibilizou as camadas populares que se identificavam com os artistas que tratavam de temáticas próximas a sua realidade. Diria que com um conteúdo marginal para a moral-cristã, para a herança iluminista e politicamente duvidoso para os engajados, o gênero musical tocava deixavam cada vez mais confusa a visão cega profética da classe média e embalava os corações das camadas populares.
Embora a sua construção estética seja um hibrido de influencias de ritmos diversos suas letras eram vistas negativamente por conter letras pobres, com rimas abjetas, execução musical simplória sem grande elaboração. O fato é que a estética do brega ainda é um golpe nos rins ou um chute nos quibas (testículos) da classe média. Os outros rótulos MPB e o rock que chegaram a serem vistos com desdem passaram a serem reconhecidos como modelos e/ou sinônimos de “música de qualidade” ou “música boa”, expressões essas que designam claramente uma inclinação de juízo de valor sobre esses estilos musicais. Por outro lado, o Brega, passou a carregar o significado “pejorativo” de “música de mau gosto”. Essa bifurcação valorativa foi intensificada durante toda efervescência cultural dos anos sessenta e setenta, em meio ao surgimento de propostas estéticas e musicais daquela época.
As temáticas passavam e passam por assuntos políticos, como o incentivo do uso da pílula que afrontava o programa de controle da natalidade incentivado pelos militares (música de Odair José), a paixão por uma cadeirante (Fernando Mendes), por empregadas domésticas, além de traições femininas e masculinas escancaradas, histórias de amores impossíveis, homens que resignam a sua postura machista para declarar seu amor a uma prostituta ou por sua ex-esposa que havia fugido com outro homem. O fato é que o Brega é transgressor, pois alcança as subjetividades por meio dos valores morais e culturais, dos sentimentos e emoções, e que incomodam a tentativa hegemônica das convenções de cultivar o moralismo, a ciência, a razão, o engajamento político na busca de estreitar o que é largo. Essa imposição de valores sempre incomodou aos valores e ao falso moralismo da classe média e da sua paradoxal postura política revolucionária alienada totalizante cristã. Na próxima sexta vamos conversar mais um pouco sobre o Brega analisando os seus sentidos e significados em sociedade. Valeu e até sexta!!!
Querido Alysson,
ResponderExcluirConcordo com você no que diz respeito a subversão da música brega. Inclusive, eu acho que a música brega nunca tendeu a ser adorada pela intelectualidade não é por que é uma música alienada que fala de amor. Se fosse por isso, bem mais da metade de todo um repertório musical brasileiro deveria deixaria de ser consumido por esse setor caralhudo das academias e templos do saber.
O que acontece é que os artistas e o universo da musica brega tendem a ser subversivos sem se preocuparem se de fato estão sendo. Enfim, eles desestabilizam o sistema moral da sociedade, sem necessariamente precisar de projetos (no sentido do engajamento intelectual) para desestabilizar esse sistema.
Isso assusta a intelectualidade, até por que a subversão moral espontânea dos bregueiros, provoca uma espécie de concorrência com as hierarquias estéticas da classe média, ameaçando os seus sistemas legitimados de cânones.
Apesar de eu achar que o rótulo brega deve ser preservado, pois ele já encontrou uma demarcação identitária em seu público que ja o tornou autonomo enquanto gênero musical diante dos outros, acredito que a classe média ainda se utiliza do rótulo brega como forma de criar uma espécie de segregação entre outras estéticas que ela não quer que sejam copartilhadas, nem muito menos aproximadas ao seu mundo. Tanto é que a classe média tem medo da concorrência que basta que alguns artistas do repertório brega deixem de ter a intensidade em meio ao seu público, como os artistas mais antigos da musica brega por exemplo, que a intelectualidade se apropria. Odair, Fernando Mendes, Wando, Waldik, são pequenos exemplos diante de tantos outros. Eles passam a ter suas obras revisitadas pois já não oferecem um perigo imediato aos setores intelectuais. Ja as produções como Arrocha, tecnobrega, continuam sendo execradas e denominadas de bregas pejorativamente, isso por que a manifestação provocada por essas tendências estão presentemente vivas em nosso dia a dia, e ai a intelectualidade cospe nelas pois elas ameaçam se aproximar de seus sistemas de cânones. Porém, amanhã é bem provável que se diga: olha, o arrocha e o tecnobrega foram importantes para a construção do legado cultural da humanidade e blá blá blá. Sabe por que? É muito mais facil homenagearmos o morto que já está apodrecendo embaixo da terra, do que homenagearmos o vivo que ainda se encontra atuando e crescendo na vida, ameaçando a todo instante concorrer conosco. É muito mais fácil idolatrar o museu, preservando seus objetos no formol, a ter que virar a esquina, apertar a mão do concorrente e dizer: parabens pela sua música amigo.
ResponderExcluirParabéns pelo texto
Esse tema é muito interessante, quero acrescentar que apesar dos pesares a cena alternativa possui um espaço digamos assim entre dois extremos: seleto e marginal. Seleto pq a memória cultural q prevalece é dos chicos da vida, Cesar, Buarque, Science... Por outro lado é uma parte que de fato recebe pouco incentivo em comparação dos shows de asas morenas da vida que tem um publico gigantesco e toca em qualquer lugar pelo menos do eixo: Sergipe, Bahia, Alagoas e etc. Porém não acredito que como falam muitos alunos da UFS que, quem faz musica alternativa faz por amor pq recebe pouco incentivo e quem toca brega faz pra vender por que o mercado é receptivo. Penso assim pq os artistas de brega muitas vezes começam em botecos da vida, ganhando muitas vezes apenas a cerveja da noite, como por exemplo, as serestas que são organizadas no Bairro que moro.
ResponderExcluirParabéns aly soul heehe inusitado o texto.
Coincidência das coincidências, escuto Tom Zé neste exato momento e tenho uma madrugada apaixonadamente brega programada para mais tarde...
ResponderExcluirE, sim, concordo contigo 'ad extremis'!
WPC>
Reuel,
ResponderExcluirQue nada!!! Esses carinhas que fazem tipo alternativos, na maioria deles, não se diferenciam em nada de qualquer animal bipede. Fazem seu som, assumem a postura excludente e prepotente de avesso ao sistema, gritando ao mesmo tempo em seus discursos, temáticas relacionadas a diversidade e a inclusão, mas sempre reforçando a não-pluralidade e a exclusão.
Basta o sistema amanhã perceber que o som deles pode atingir um publico interessante em lucros, que rapidamente eles estarão ai cantando, pulando, levantando a mãozinha em Lucianos da vida e nos Faustões. Blá bla blá. É só mediocridade de caralhudos prepotentes, excludentes e cults kkkkkkkkkkk
Quer exemplos??? Anote: Nação Zumbi, Rappa e Marcelo D2 kkkkkkkkkkkkkkkk
kkkkkkkkkkk . os alternativos se dizem tao inteligentes mas e cheio de preconceitos assim que nem quem nem os metaleiros e pagodeiros . (obs : pessoalmente n gosto de pagode mas isso e pessoal ) . lembro me conversando com vina no msn que vivi uma parte da minha infancia adolescencia em larajeiras e com minha vivencia vi que a cultura colocada nos encontros culturais reizado , lambe sujo e uma coisa so para algumas pessoas de fora . ou para um grupo de 50 a 100 pessoas realmente aprecia essa musica que moram na cidade de laranjeiras . pq a juventude de la n ta nem ai pra isso . essa coisa de cultura popular em laranjeiras n existe + , so para um grupinho de alterntivos que vao para o encontro cultural e lambe sujo festas que o povo n ta nem ai pra cultura e infelizmente n tem nem educaçao pra saber o que cultura, e vem essas farsa de cultura e resgate cultural n passa de uma farsa . alias se forem pra um show alternativo atualmente na nossa capital e em alguns interiores so tera sempre as msm pessoas e aquela coisa enlatada made in usa mtv
ResponderExcluirALAN
kkkkkkkkk rappa e marcelo d 2 uma vergonha . ( sem falar o enxame de marcelo d2 com maconha agora um cara que vendeu a alma eo que for mais pro mercado) .
ResponderExcluirao colocar o enlatado usa mtv quero dizer ao que esta agora no cenario musical que a predominancia agora e emo e alterntivo , sendo que a mtv e coloca essa bandas de forma massiva .
agora digo bandas de hardcores como karne crua ou black metal como a mystical fire adquiriram um conceito nordestino proprio , o que vejo nas bandas alterntivas e no grupo homogeno que via pra esses shows ( que do nada gosta de samba pra caraio n sei como ) e uma coisa enlatada . acredito nos artistas locais( culturais altenartivos sei la ) axo que noosa cultural tem como sim se desenvolver numa forma ampla diversificada , so precisa deixar de lado essa coisa enlatada que esta , ser original e n so fazer uma musica voltada pra intereses artificias . nosso cenario sergipano tem força sim para desenvolver movimentos originais bem msm .antigamente( uns 6 anos atras por ai ) tocava junto varios estilos de musicais juntos metal (em seus varios estilos , punk , alternativo , pop e rock classico ) agora e que ta essa coisa dividida . um evento bacaninha que tinha era o punka
Alan
Mestre,
ResponderExcluirTe darei meu feedback pessoalmente,em sua proxima aula.
Eu coaduno com a posição do Alysson, sobremaneira por ver que a questão levantada, ampliando um pouco o nosso campo de análise, diz respeito também, por exemplo, à literatura de massa. Ainda tomando como referência o artigo, que diz que a suscetiblidade da uma classe intelectual e engajada a esse tipo de música não existe, ou existe em pequenas proporções, exponho que, mesmo na França, lá pro século 19, quando Balzac escrevia um livro a cada 15 dias, este sofria com o assentimento dos intelectuais em relação à sua obra, porque o geógrafo da alma feminina escrevia sobre temas baixos, sem a postura idealista e romântica dum Chateaubriand ou Victor Hugo. Ora, quantos não criticaram o Jorge Amado por traçar um panorama lascivo e esdrúxulo da Bahia? E, agora, neste exato momento, quantos não trocam as suas farpas alegando que o que Paulo Coelho faz não é literatura? Eu, com o meu mísero conhecimento no assunto, sou partidário da poética coelhiana (rsrs), pois, se me permitem a comparação, a vejo no mesmo patamar que o brega ocupa na música. Percebo que vivemos a um tempo no qual as pessoas são afeitas à estética do absurdo e do non-sense, como se os seus corpos fossem feitos só de osso e não tivessem carne, passando todos, assim, incólumes ao que é a vida cotidiana. Ora, a realidade é uma soma de diversos fatores. Às vezes essa profundidade toda - vide o Molloy do Beckett e, por que não, o Ulisses do Joyce, o Belos e Malditos do Fitzgerald, o Jogo das Contas de Vidro do Hesse, a Montanha Mágica do Thomas Mann, enfim, essa manifestação da cognição obscura, cartesiana e sentimental - parece-me extremamente maçante. Às vezes, para ser sincero, me parece que só o Bukowski e o Lobo Antunes falaram sobre seres humanos em literatura. Sim, aqueles que cagam, levam 'gaia', corneiam, sentem vontade de comer o cu da pareceira, etc. Como imaginar Macbeth ou Banquo ou José Servo sentados numa privada? Não tem como, os homens são só intelecção. Pois bem, o que vejo de interessante no brega é isso: dentro de suas limitações intelectuais, os artistas conseguem fazer uma geografia da realidade à qual pertecem o João, a Maria e o José.
ResponderExcluirabrs,
João Paulo dos Santos
Addendum:
ResponderExcluirPor outro lado, eu vejo que esse preconceito todo em relação às manifestações artísticas de massa é uma concessão dos métodos de análise da ciência e da forma pela qual é vista a arte dentro da academia.
O que quero dizer é mais ou menos o que disse ao exímio professor Pagotti, quando este fez referência ao Paulo Coelho como sendo um autor ruim. Interessante que discutíamos a visão de um filósofo francês sobre quem enuncia o argumento. O tal fala que o enunciador deve ser aquele que põe o ponto final numa discussão, aquele que conhecemos como sendo a autoridade que profere, evidentemente, o argumento de autoridade. A problemática toda nasce daí, uma vez que, tomando como referencia o que ele falou a respeito do P. Coelho, adverti que a visão do Meyer poderia ser perigosa, posto que as pessoas se apoiarão no argumento da autoridade e não irão conferir com os próprios olhos se a obra do místico brasileiro presta ou não. Ou seja, o que ocorre é um processo de quebra da interação literária, ou artística, já que, se a autoridade põe o ponto final em relação a uma determinada obra que não passa pelo seu crivo de análise, o que envolve toda uma subjetividade, ela deve ser denegada e as pessoas, os pupilos, não a devem ler ou pelos menos não se sentem motivados para conhecer a obra.
abrs,
João Paulo dos Santos
E, por falar em Brega, deixarei aqui uma banda, que dá frutos com tais raizes: Cidadão Instigado. Sendo cearense, não se deixa enganar as origens bregas, mas com uma originalidade incrível - no campo das melodias e das letras.
ResponderExcluirhttp://www.myspace.com/cidadaoinstigado
Antes de mais nada deixe eu me desculpar por não responder os comentários antes. É que tive um final de semana corrido e não tive tempo para responder com calma cada comentário. Depois das desculpas vamos ao dialogo.
ResponderExcluirA falta do medo do brega em tocar em assuntos que são tabus para as classes média e alta se trata de um conflito de valores e visões de mundo. De um discurso não só academico, mas sim moralista, que se lança até hoje com as músicas provenientes das periferias. Elas sempre são estigmatizadas e precisam de um tempo ou de serem legitimadas por algum artista ou personalidade de respaldo daquelas classes para serem aceitas. Vide Zeca Baleiro, Nelson Motta e Caetano Veloso que falaram ou gravaram canções de artistas bregas. Isso me faz lembrar dos pensadores que se opunham ao iluminismo e a sua ação devastadora da tradição e das crenças religiosas. Esses autores, que deram origem a idéia de folclore "traduziam" a linguagem popular para uma a linguagem que fosse compreendida pela aristocracia.
Caro Vina, concordo quando você diz sobre compartilhamento posterior. Realmente existe essa resistência e percepção das outras classes para com o brega. A teoria do morto postumamente reconhecido depois de ser execrado em vida é visível com o brega. E é visível, também, que é um conflito de valores e de estilo e estética de uma cultura hegemônica.Não é por legitimidade, os shows do calipso, de arrocha, tecnobrega são lotados. Massa de manobra da indústria cultural?alienados? Creio que as definições não são tão simplistas assim.
ResponderExcluirMeu caro Astronauta, obrigado pelas suas observações. Gostaria de comentar o seguinte trecho: "...Porém não acredito que como falam muitos alunos da UFS que, quem faz musica alternativa faz por amor pq recebe pouco incentivo e quem toca brega faz pra vender por que o mercado é receptivo..."
ResponderExcluirNão discordo que o povo brasileiro tenha uma preferência por músicas dançantes e um que mexam com as suas emoções. Também não discordo com a influência estrutural do mercado. Mas dizer que o brega, arrocha, tecnobrega, vaneirão, pisadinha e por aí vai, sejam simplesmente reproduzidos pelas camadas mais pobres sem existir o consentimento da pessoa. O que acontece são só as classes média e alta que sabem escolher? As camadas de baixa renda só reproduzem, não escolhem? Ou será que as classes que questionam a idéia de alienação das classes mais pobres não estão alienadas? Distantes delas, mas em muitas vezes se compadecendo da situação delas e torcendo para que elas atinjam a "iluminação" e se tornem tão conscientes quanto as classes mais favorecidas. Acredito, sim, que as camadas mais pobres possam ouvir e se identificar com esse estilo musical. Os motivos elas tem, assim como as camadas mais favorecidas as possui. O que acontece é que cada um está nos eu quadrado.
Esqueci de deixar o link de uma música de Tom Zé interessante para essa discussão se chama classe operária http://letras.terra.com.br/tom-ze/164873/
ResponderExcluirAllan e Vina, embora exista uma clara antipatia de vocês com os alternativos, acredito que eles seguem na direção de aproveitar as oportunidades que o mercado abre e promover essa hibridização que a própria cultura popular faz. Não demonizo os alternativos, afinal essa é uma etapa que os artistas utilizam em busca do reconhecimento, do profissionalismo, enfim, do mercado.
ResponderExcluirMenino Alysson,
ResponderExcluirTambem não demonizo os alternativos. Primeiro porque eu acredito q o meu projeto musical Psicodélicos e Psicóticos está dentro da linha alternativa (www.tramavirtual.com.br/psicodelicos_e_psicoticos). Segundo por que compartilho com você quando diz que o cenário alternativo é um estágio para qualquer artista independente do estilo musical.
Porém, eu não gosto é da postura hipócrita de "distância mercadológica", quando na verdade nós sabemos que ao produzirmos nosso trabalho, nós queremos reconhecimento e por que não, um retorno financeiro interessante. O que eu critico dos alternativos é o blá blá blá contrário as músicas de massa, quando na verdade o que nós sabemos, o fato de eles "não quererem" se encontrar no sistema está muito mais vinculado ao fato deles não terem esse sistema em suas mãos. Quando tem a oportunidade, o resultado e sempre o mesmo: vira tão pop quanto qualquer artista massacrado por ser vendável. Quero que se danem com suas hipocrisias. Eu mesmo gosto de dinheiro e de reconhecimento e não nego pra ninguém. É uma pena que eu não tenha esse reconhecimento, nem essa grana, afinal, mesmo não cuspindo de forma tão escrota no sistema como fazem os maluquinhos undergruonds, eu sou mais éticos e mais firme em minhas posturas do que muito deles.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirJoão Paulo, a sua analise foi bem pertinente. Acredito que as interpretações de cada época, no tocante a artistas e outras dessas figuras da história fazem parte dessa disputa por poder em cada campo, como já dizia Bourdieu, buscar a hegemonia no campo passa por alianças e conflitos que nem sempre são analisados na sua essência, mas sim de uma antipatia construída anteriormente e reproduzida. Quem faz muito isso são os pupilos. Defender posições é importante, com argumento melhor ainda. Obrigado pelo comentário rico e instigante.
ResponderExcluirCompreendi sua posição. Concordo com a sua critica ao "distanciamento mercadológico". Vejo como um discurso de salvação do mundo furada. Pode-se ser alternativa e ganhar dinheiro, por que não? Quem busca inserir nessa interpretação a idéia de pecado fique a vontade, pois estou profanando pra isso, hehehehehe. Abração, Vina.
ResponderExcluireu gosto da musica alternativa , so n gosto como ela esta artificial atualmente em Aracaju , uma banda que gosto e esta no mercado e naçao zumbi , enquanto a hipocresia ja falei o fato do encontro cultural quem quiser releia o post que coloquei falando sobre tal fato , a populaçao de laranjeiras n ta nem ai pra cultura popular , so 1 % esta . tempos melhores para a cultura Aracajuana que saia esses cliches alternativos junto ao emo produzido pela mtv que esta impregnando nossa capital .
ResponderExcluirAlan
Não entendo muito de música, mas entendo um pouco de texto. O seu é um bom texto. O jovem Alyssom entra com muita maestria no movimento.
ResponderExcluirOs festivais de cultura em Sergipe precisam passar por uma reformulação, pois a idéia de encontro cultural é de uma leitura ainda dos anos setenta com aquele discurso de folclorismo, que sinceramente, é caduco, na minha opinião. As formas de cultura modificaram bastante e os folcloristas ficaram perdidos pela história.
ResponderExcluirAgradeço pelas palavras, meu caro Roosevelt. Também gosto de seus textos, principalmente a relação de ficção/realidade que você dá as suas personagens.
ResponderExcluirEntre tapas e beijos, da agua pro vinho, mas para o vinho de água. É assim que eu concebo a relação do dito setor intelectualizado em relação a música brega. Como eu expus na palestra do FJAV, o que ocorre entre a intelectualidade e as manifestações populares como a música brega, é uma especie de mistura entre a aceitação e a repulsa.
ResponderExcluirA aceitação só ocorre quando os personagens influentes de determinado repertório musical estão neutralizados no cotidiano de fruição musical de seu público, ou seja, quando esses personagens não são mais ouvidos de forma intensa por esse setor. Não é por acaso que vemos ai Wando ser interpretado por Nando Reis, Odair José cantado por Otto, Mombojó, Zeca Baleiro, Fernando Mendes por Caetano Veloso, dentre outros. Mas por que essa intelectualidade faz isso? Bom, isso é uma forma da intelectualidade, que por sinal pertence a uma posição hierarquica próxima aos populares, dizer: percebam como diferente da elite econômica, nós respeitamos vocês.
Já a repulsa, refere-se as produções atuais do repertório do que denominamos de música brega. Veja se você encontra o setor intelectualizado dizendo que ouve e que gosta de Arrocha, tecnobrega... Você encontra? Nesse sentido, a não-aceitação se deve ao fato dessas manifestações ainda estarem vivas no cotidiano desse setor. Por que isso acontece? Então, a intelectualidade valoriza aquelas produções que não mais mantêm riscos aos seus sistemas de canones estéticos legitimados por ela. As manifestações que estão vivas tendem a ser desprezadas pois significa concorrência na hierarquia estética do setor intelectualizado.
Concluindo: a intelectualidade valoriza a música brega quando ela ja esta adormecida no cotidiano onde ela é mais consumida, ou seja, nos setores populares; mas a música brega é desvalorizada quando ela ainda se encontra forte no cotidiano de seu público, amadrontando os sistemas de cânones legitimados por essa intelectualidade. Enfim, a música brega se encontra entre os tapas e os beijos, e ingênuo seria acreditar que ela passa a ser querida pelos setores de prestigios sociais, pois as músicas bregas atuais continuam levando tapas, assim como as manifestações populares sempre levaram ao longo da história. Da agua pro vinho? Hum, melhor pensarmos para o vinho de agua hehehe.