Artigo publicado no Cinform Online no dia 30/03/2010
(www.cinform.com.br/blog/vinatorto)
Neste artigo eu gostaria de abordar a relação complexa da música local inserida no contexto globalizado. Infelizmente ainda insistimos em um conceito de local articulado a uma gênese identitária encarada como “pura”. É devido a esse discurso que perpetuamos a velha postura segregadora em relação a outras culturas.
O discurso manifestado a respeito da música local tende a ser excludente, por ele partir de uma perspectiva de que cada cultura possui traços definidos, como se determinados traços culturais fossem isolados de outras realidades. Por exemplo: quantos não gostam de apostar na identidade Aracajuana como papagaio, cajueiros? Mas será que poderemos pensar esses traços apenas na realidade de Aracaju?
É importante pensar a música local inserida em uma rede complexa. Atualmente não podemos pensar em uma música local, se não a inserirmos em uma arena de trocas incessantes com diversas outras manifestações que se encontram além de suas fronteiras. Porém, não é por que eu acredite que a música local não possa ser reduzida às fronteiras específicas, que eu não acredite que não haja uma música local.
Para tentar esclarecer esse meu aparente paradoxo, eu vou de forma breve, explicar o que eu entendo como um lugar. Para mim, uma localidade diz respeito a todo um conjunto de valores, de hábitos, de crenças, de condutas acumuladas ao longo da história dentro de um determinada realidade. Dentro dessa realidade existem formas de códigos e de sistemas de significações que orientam as ações dos indivíduos que a compõe.
Partindo dessa perspectiva, é evidente que de certa forma um lugar demarca sua diferença em relação a um outro lugar. Vejamos: apesar das cidades de Salvador e Aracaju estarem inseridas em um contexto de trocas globais, alguns traços diferenciam a cultura de Salvador e de Aracaju, isso por que, tanto um lugar quanto o outro, possuem valores construidos historicamente que os distinguem.
Por outro lado, eu acredito que o conceito de música local se encontra por demais fragilizado. Por exemplo: o que é de Aracaju e o que é de Salvador, se ambas as realidades se confluem com um vasto repertório musical oriundo de todas as partes do mundo? Como podemos determinar um artista como sergipano ou baiano, se o contexto mundializado se caracteriza pela incessante mobilidade de indivíduos oriundos de diversas culturas?
A partir disso o leitor pode se questionar: a música local existe ou não? Sim, a música local existe, porém, a música local não existe definida em si mesma. Já que inevitavelmente cada cultura possui sua história, evidentemente que alguns traços são mais característicos em uma realidade do que em outras, e, portanto, se há diferenciações, existe a música sergipana e a música baiana, por exemplo.
Por outro lado, como podemos afirmar que um artista oriundo de uma outra localidade, mas residente em Sergipe, faça de fato uma música sergipana, por exemplo? Mesmo que o artista resida em Sergipe por muito tempo, ele traz discursos e formas de ver o mundo adquiridas pela realidade anterior que se diferenciam da realidade da qual atualmente ele vive. Portanto, se existem fusões, não existe a música sergipana ou a musica baiana de forma pura.
Porém, apesar disso tudo, a música local existe, visto que ela traz características diferenciais de outras realidades devido a sua especificidade histórica, porém, devemos reformular a nossa concepção sobre o que entendemos como local. Não cabe mais pensarmos em uma localidade como um ambiente fechado em si mesmo, como se nessa localidade não houvessem trocas entre diversas realidades.
Se por um lado não podemos afirmar a diluição das localidades,e, portanto, da música local, por acharmos que essas realidades se encontram inseridas em uma esfera global, por outro, não podemos acreditar que diante desse contexto caracterizado pelas suas incessantes trocas globais, as localidades possam se diferenciar uma das outras, a ponto delas se isolarem de uma rede plural de culturas inseridas no mundo.
continuo martelando o direito, ajudem-me!
ResponderExcluirOutro ponto que deve ser focado no debate entre o direito e a teologia é noção de objeto e fundamento do direito. A noção de objeto é pautada em uma análise de identidade de semelhanças entre todos os fenomenos e relações jurídicas existentes na história. É problemática pelos mesmos motivos da interpretação jurídica, explicitadas no último texto. A intenção é mostrar que mesmo diante de diversas mudanças manifestadas historicamente, o direito possui qualidades que se furtam às mudanças, ele sempre é e indepente de tempo, espaço, cultura e subjetividades. A noção de objeto tem ligação com a noção de substância, típica da antiguidade, popularizada pelo platonismo do povo, o cristianismo.
Quando cientistas procuram tornar claro o objeto de uma ciência, eles, na verdade, estão separando um espaço de estudo e realidade, que deve ser una e determinada diante de outras realidades, para a predicação de uma determinada rúbrica científica. Tratam do mesmo modo, daquilo que os antigos chamavam de substância, uma unidade que seria sujeito de predicações e nunca predicados de outras unidades. Um ponto fixo, mais real, onde se juntam as qualidades, as quais determinam a especificidade de determinados seres no todo. Para tanto, tais qualidades devem valer para todos os objetos por elas qualificados, devem exitir necessariamente, não pondendo ocorrer às vezes, mais sempre.
O problema da substância foi logo questionado pelos empiristas. Para eles, quando se observa concretamente os objetos, o que existe sempre não são esses pontos fixos onde se juntam as qualidades, o que se verifica são exclusivamente as qualidades, os acidentes, portanto, a substância é uma invenção da imaginação, ela não existe. O que existe tão somente é um devir de qualidades. Dentre os mais radicais, alguns diziam que as próprias qualidades dependem da compleição orgânica dos sentidos e não possibilitam qualquer referencia a uma realidade fora do eu, ou seja, nem as qualidades existem em si. O branco não existe, o que existe é determinada química no olho que produz a impressão a qual se deu o nome de branco.
Alguns culturaristas admitem a título de conveniência científica a caracterização de objetos, mas frisam que o que existe sempre são determinados objetos relativos a determinadas junções de aspectos culturais, ou seja, que o objeto jurídico depende de determinadas relações e não foge ao espaço, tempo e influência histórica. Ele é marcado pelo devir de relações sociais e intersubjetivas entre os individuos.
Josué quando for produzir um texto sobre o direito, mande para meu email para publicá-lo no meu blog. Se possível mande também uma foto!
ResponderExcluirabs
Pô cara, realmente a problemática que eu trouxe sobre a música local diante do contexto globalizado, foi tudo haver com a ciranda maluca da teologia e do direito, e do errado, e do uno, e do fiat.
ResponderExcluirCaramba, como você foi esplêndido ao usar tamanhos conectivos em seu debate... vamos dizer, impar? Não, não... eu acho meio que... descontextualizado. Enfim, talvez mero marketing que tem como estratégia apenas vomitar as próprias idéias por carência de se sentir ouvido, do que por querer de fato contribuir com um debate.
Pô cara... e o Uno? é de primeira ou segunda mão? Tá regulamentado? tá no direito? ou tá errado? Fiquei muito interessado. Mande-me noticias a respeito.
Seus textos são bem pobres. Não tenho nenhuma vontade de comentá-los, sinceramente. Gosto muito dos textos do Rosevelt e do Josué (leio todos). Amava os textos de João, apesar de todo ódio. Os seus textos, infelizmente, são muito repetitivos. São marcados por um retórica circular. Não foge de chavões. Sobre o uno, se estudasse filosofia saberia muito bem do que estou falando. Não tenho vontade de ser ouvido, procuro debatedores à altura, porque quero aprender (tenho aprendido bastante com o Edivan e ele comigo, por que não fico nessa disputa besta). Não provocar, mudar ou coisas do tipo, quero aprender! Geralmente divulgo meus textos por aqui porque sei que alguns colegas nutrem interese por eles. Não preciso de propaganda. Até porque tenho inúmeros leitores, inclusive juízes federais, estaduais, professores da UFS, delegados, quando topam comigo sempre comentam essas besteiras que escrevo. Inclusive por causa dessas besteiras, fui convidado para palestrar na UFS, tenho inúmeras cartas de recomendação de mestrado. Mas pelos seus comentários e outros debates com amigos tortos, vejo que você é muito arrogante sem qualquer possibilidade de o ser, extremamente fraco. Quer ser lider do movimento a todo custo, mesmo estilo de certos marxistas quando estão em movimentos. Veja que quando integrantes daqui postaram textos por lá, fiquei bastante feliz, não tive esse ataque infantil! Não se preocupe, continuarei lendo os textos de vocês como sempre fiz!
ResponderExcluirAnderson eduardo do Couto
abs
Desculpem os erros, estou no trabalho!
ResponderExcluirAnderson Eduardo do Couto
abs
Se fosse menos fechado e mais torto, veria que minha problemática tem pertinência com seu escrito acima. A relação do local e o mais amplo não devem ser encarados com instâncias separadas e puras, mas como relações imanentes, que dependem de inúmeros parâmetros. Caracterizá-las como pura é entrar no mesmo mecanismo da classificação tipicamente empobrecedora. Simplismente, meu texto, do mesmo modo como você o fez com a música, procura fugir desse congelamento. Às vezes, se vocês fossem atentos, veriam que coloco os textos por aqui porque, como vocês, me sinto um torto, martelo teorias de direito como torto. Meus textos possuem pertinência sim com esse blog. Pena Vina que você é bastante fechado, queria que com suas atitudes fosse menos arrogante e mais torto. Uma coisa é teoria, vamos para a prática, nela você é igual a certos marxistas que topei na universidade.
ResponderExcluirOlhe aqui meu querido,
ResponderExcluirQue sua temática pode ser articulada com o que eu propus mais acima, eu concordo. No entanto, a minha crítica não diz respeito ao fato de voce escrever em si, e sim, ao fato de você simplesmente jogar comentários que você não tem o minimo de interesse em articular com o texto publicado. Isso não é só com os meus textos não, isso é com os textos dos tortos que você se identifica também.
Você bem que poderia jogar seus textos articulando com os textos publicados, pois ai enriqueceria nosso debate.
Outra coisa: não sou prepotente. Inclusive eu ja ouvi reclamações a respeito de seus comentários aparentemente descontextualizados no site. A diferença é que você obteve de mim a minha sinceridade e ai resolveu tecer comentários amedrontados e inseguros, assim como os que você expôs mais acima.
Chamar-me de fechado é foda! Em nenhum momento eu o condenei por você escrever no site. Só observei a você uma carência que eu e alguns (que não quero citar nomes) ja andaram expondo sobre seus comentários.
E quanto ao fato de você odiar meus textos, não só não me desagrada, como não me admira, afinal, posso dizer a você que seus textos para mim são horripilantes, dependentes do aval do lider intelectualoide legitimado pela academia. É reciproco: o que você escreve não passa de uma diluição das mesmas coisas. A diferença é que você entope os neurônios dos leitores com prolixidades de pensadores e termina por nunca expor o que eu acho de mais interessante nas produções: a própria poética, o próprio sol, o próprio desvendar. Como cada um tem seu estilo, continue com sua postura livresca. É do seu direito! Mas tenho que admitir que eu NÃO SUPORTO seus blá blá blás.
Realmente eu tenho uma natureza de necessitar reafirmar meus pontos de vista sobre as coisas, porém, tenho que dizer que você com esse tipo de comentário, prova-se ser um consumidor banal das coisas, ou seja, bem tipico daqueles indivíduos que necessitam do visual, do aparente, para confirmar que existe algo novo. Não sabe você que pela repetição, encontramos sempre outros pontos de vista para requestionarmos a realidade. Um homem nunca é o mesmo, e o rio também não. Para um cara que cospe prepotencia dizendo que é chamado pro caralho a quatro e que entende mais do que nunguém filosofia, só uma coisa você não aprendeu: o basico da filosofia que é entender o homem como mudança, nem que para isso ele escreva sobre as "mesmas" coisas. Pobre homem coitado que é você kkkkkkkkkk
Justamente pelo fato de ser um pouco acadêmico não gosto das negações bastantes "fáceis" do movimento. Não é simples assim. Tenho que dizer com profundidade porque nego certas coisas. É um bom caminho repetir. Entretanto entendo que aprofundar é diferente de repetir. Leia o diferença e repetição de Deleuze. Espero que consiga o que queres. No meu Blog escrevo pra mim. São anotações. O academicismo provém de minha ânsia de encontrar alguma coisa nova, embora precise transitar sim pelo velho. Como dizia pascal, "somos anões nos ombros de gigantes". Não entendo o porquê do preconceito contra o acadêmico. Cultura livresca, ensaios livrecos. Não, não é isso! O que eu faço provém de minha honestidade intelectual. Quantas teorias embutidas existem no seu texto. Não as cita para demonstrar uma erudição própria que de própria não tem nada. Plágio, isso é o que você faz! Não é melhor dizer, "isso é de fulano", "ainda não é meu", "vi isso em um livro". Em minha opinião, muitas negações fáceis só demonstram fragilidade porque descuram o mais importante: "A DEMONSTRAÇÃO DOS PORQUÊS". Hegel disse isso na Introdução do livro "Fenomenologia do Espírito". kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirVc é um onda Vina!
Anderson Eduardo do Couto
abs
Continua o convite: Josué, quando escrever textos sobre o direito manda pra meu email, quero postá-los no meu blog!
Se não gostam, não faço mais, obrigado pela honestidade! rsrsrsrsr
ResponderExcluirVelho, coitado eu não sou não! rsrsrsr
Anderson Eduardo do Couto
abs
Outra coisa, não tenho tempo pra nada, colocaram-me como chefe de um setor na SSP/SE e tempo pra mim é algo bastante escasso. Deve ser por isso a falta dos comentários. Inclusive sou humilde e peço desculpa por isso. Tem textos que gosto pra caramba, poderia muito bem, ao menos, dizer que gostei. Já pedi para o Josué avisar-me sobre as reuniões. Pretndo um dia conhecê-los pessoalmente. É preciso a apoiar os movimentos "locais".
ResponderExcluirAnderson Eduardo
abs
diferença e repetição. Para mim realmente existe uma grande diferença entre uma coisa e outra. No entanto, mesmo eu tendo uma veia mais sedimentada em mim que diferencia minha forma de argumentar sobre minhas opiniões, eu realmente não vou apoia-lo ao você dizer que eu escrevo a repetição. O que eu proponho são retomadas de algumas questões, mas me utilizo de outros temas e outros exemplos.
ResponderExcluirMas enfim, não cabe aqui a mim ficar querendo justificar pra você que eu faço algo novo ou não, até por que, essa ansia pelo novo, fique com os ansiosos que estando com fome, colocam o dedo no meio do pão ao inves da salsicha por não saberem esperar o supermercado abrir em seu tempo.
Repetir não necessariamente necessita reproduzir. Repetir é você voltar e reavaliar o que você ja disse anteriormente. Sem desmerecer Deleuze, não precisei necessariamente SABER o que ele provou saber para fazer o meu caminho e as minhas concepções.
" Não as cita para demonstrar uma erudição própria que de própria não tem nada. Plágio, isso é o que você faz! Não é melhor dizer, "isso é de fulano", "ainda não é meu"
?????????????????? Você se acha tão pequeno assim??? Você se ver incapaz de expressar uma opinião de acordo com sua própria forma de ver o mundo??? Preciso dizer que tem alguém que pensa antes de mim e admitir com minha total fraqueza que o que penso de mim é plágio??? Cara, isso pra mim é insegurança, não leva a mal!!
Posso dizer muitas coisas sem necessariamente ter lido pica de autor nenhum man! Por que eu preciso dele pra pensar? Quantas crianças não estimularam grandes teorias pedagógicas, e nem por isso as crianças precisaram ler as teorias para se comportarem e pensarem de tal forma!!!! Sinceramente, não sou me coloco tão no fim da fila assim para admitir ser sempre consequencia, apesar de eu reconhecer que algumas de nossas opiniões são frutos de leituras anteriores.
"Não entendo o porquê do preconceito contra o acadêmico."
?????????????????????????? Ao contrário. Amo a ciência. Amo tanto que até os meus ensaios livres de justificações metodológicas, trazem inevitavelmente o espirito epistemológico. Costumo dizer que as minhas melhores companhias são a arte e a ciência.
O que eu odeio são fofocas por fofocas nas calçadas de casa da vida e em frias quatro paredes de uma sala de aula ou de uma sala de estudos...
Meu caro Torto. Essa discussão me faz lembrar da idéia de Benedict Anderson quando fala sobre a abstração que é o Estado. Nesse discussão a nossa abstração são o global e o local. Definir fronteiras culturais é muito complexo, tendo em vista que a dinâmica da cultura nesse contexto de fluxos e trocas culturais mais intensas nos leva para uma hibridização e para a afirmação de identidades (re)inventadas.
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