Ah! Como eu queria me deitar sobre a noite, acalentar minha alma nas estrelas e curtir o perfume da mulher que através do vento chega as minhas narinas como um furacão embriagante. Quando era bem pequeno, gostava de controlar o vento, gostava de fazer carinho nele, pensando eu que controlaria a natureza; hoje sei que não era somente eu que estava nessa peleja infantil, erguendo as mãos ao ar e brincando com o meu parceiro vento, queimando a minha alma de sonhos inefáveis. Minhas andanças quando criança no interior me ensinou que, na cabeça da modernidade havia algo inerente a mim quando pequeno, afinal os objetos se personificam enquanto as pessoas viram alegoria, como se elas estivessem no lugar do peito da mãe, sendo a extensão da nossa boca.
Pobre pátio de conflito, meu coração peleja pela esperança de um lago raso, mas que dê pra ver o fundo, fundo cristalino, porém, andamos sem beber o café olhando pro fundo escuro da xícara. O homem nesses séculos que participei, sendo mineral provocando sentido e sensações na terra, não se contentou em ver o balançar dos coqueiros, do peixe fresco que salta no mar, onde esse mesmo mar conflitando com a terra bate e volta hipnotizando nossa alma. O mundo vai de lá pra cá, andando e andando, correndo e correndo, querendo beijar sua mãe no final, porém se escondendo dela, como se não fosse chegada à hora de se encontrar com o grande ente, a mãe.
Querida volte com o mar pra mim
Querida é leite que eu quero
Leite da vida
A essência de tudo
Pra brincar de Deus
Pra brincar de imaginar.
Bela moça
Canta seu canto
Pois a criança ainda brinca
De carregar o mundo como um feijão
Que brota só com água das nossas próprias paixões.
Minha mossa adorada
Queria estar em uma rede
Que a teia da vida engendrou
Pra passar a noites a sonhar
Em nunca acordar
E olhar o mistério.
Ai vai o peito errante, criando cantos pra a si mesmo embaralhar, talvez o poeta no seu furtivo universo, tivesse apenas que descer a ladeira de qualquer morro do Brasil, e sambar na roda, queimando seu peito de paixões nos braços de uma morena até se cansar de tanto sambar e desabar definitivamente seu furtivo universo em sua cama. No outro dia o poeta irá ver novamente a roda girar e girar e girar...
"Ai vai o peito errante, criando cantos pra a si mesmo embaralhar"
ResponderExcluirPois é meu querido torto, essa clareza jamais manifesta chamada vida, da-nos a xicara, mas nem sempre a xicara apenas nos basta, e muito menos o café dentro da xícara. Apesar de nos frustrarmos com a incessante busca pelas respostas e pelos sentidos, no final das contas, ainda queremos encontrar o fundo, mesmo sabendo que o fundo é fundo, é escuro, é inalcansável. No entanto, apesar de buscarmos o impossivel, vamos andando, e como não andamos sempre com orientações suficientemente claras aos nossos olhos, andamos, entortando-nos a girar e girar e girar...
mas, para que serve os sonhos impossíveis, se não, para nos fazer caminhar em frente?
ResponderExcluirreuelzinhooo... adoro sempre suas palavras lindas.
ontem fiquei o dia todo cantarolando 'morena dos olhos d'água' e lembrando de vc.
beijos querido.
adorei seu texto, deu mais saudade da minha mae.
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A minha experiência foi só estética com o texto. Este "Neo-arcadismo" bucólico e de musas me deu uma sensação de notalgia pelo que não vivi.
ResponderExcluirParabéns, caro colega!
Pois é Renata a idéia é essa mesmo, as utopias movem o mundo... Enquanto a Josué, vc é muito perspicaz hehehe lembra um pouco o arcadismo, mas eu acho q vai além do bucolismo árcade, das ninfas e dos campos.
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