terça-feira, 20 de abril de 2010

Endoculturação ou Aculturação? Segunda Parte.

Começarei meu texto hoje, relatando um dia quando estava aqui em minha cidade chamada Aracaju tão linda e amada por todos nós que fazemos parte dela, especificamente em uma noite de sexta feira há alguns anos atrás no Clube Cotinguiba no centro da cidade, em um show de Metal Extremo Gospel o evento foi organizado pela Igreja Renascer (a tão famosa pelos escândalos por entrar nos EUA com dinheiro não declarado pela alfândega). Neste lugar encontrei figuras deveras pitorescas, com símbolos que pouco se remetiam a vida ou ao cristianismo, apenas o detalhe das cruzes que ao invés de serem ao contrario como possuem os “metaleiros pagãos”, as cruzes estavam no lugar “certo”. Isso nos denota que, espera aí, os símbolos são iguais aos dos metaleiros não é verdade? Em termos simbólicos, todos denotam um descontentamento com a realidade social, a escuridão representando aí um estado de clausura, de vida noturna. Os símbolos fúnebres como prova do não medo da morte, ou da tentativa de a naturalizar, dentre tantas outras coisas. O que diferenciava enfim era o conteúdo do discurso e isso era notório, ao ponto do missionário que falava chamar de forma muito "descolada" e "radical", o diabo de mulherzinha.

Bem, assim como a minha pessoa tinha falado no texto anterior os evangélicos se apropriam, muitas vezes, de uma simbologia antagônica ao seu discurso como o axé, que tem “um pé no terreiro”. Não obstante bandas como Dark Funeral e Imortal (que só de passagem tem conteúdos satânicos) que são grandes nomes do Black Metal mundial, são substituídas por bandas como Sky Metal e Antidemon, que são do cenário gospel, e inclusive as primeiras poderiam ter influenciado as segundas, afinal o Metal Extremo ou o Black Metal não começa nas igrejas evangélicas. Todas as bandas aí usufruem da mesma estética, porém, com discursos totalmente diferentes, as primeiras com um proselitismo a favor do satanismo e a outra totalmente contra. A leitura que fazemos disso é exatamente a do proselitismo evangélico, uma vez que a estética desses estilos em termos semióticos não confere com a pregação cristã. Como algo oriundo de uma cultura satânica é apropriada por um cristão? A contemporaneidade aflora com uma heterogeneidade signica, onde coisas antagônicas convivem para um fim. Os evangélicos então barganham com os jovens a aceitação do seu credo, para que não deixem a sua expressão estética, ou seu sintoma social, mas aceitem a fé cristã. Ou seja, há aí uma fragmentação centrípeta das identidades, onde em termos antropológicos chamaríamos de endoculturação e não de aculturação, pois a aculturação se dá de forma mais abrupta e a endoculturação é um processo de aprendizagem e assimilação de novos valores culturais onde o individuo não perde seus valores culturais antes criados, mas os renova.

Mas a pergunta é: será que o interesse dos evangélicos é apenas ganhar mais almas para cristo? Afinal que cristo é esse que se apresenta de forma bruta e fúnebre? Tão diferente do doce cristo dos evangelhos de São Mateus, São João e etc. Que das poucas vezes que agiu de forma bruta foi exatamente quando mercantilizaram a fé do seu pai. O que vemos então em termos pragmáticos é claro é uma acomodação de um publico amplo de pessoas nas Igrejas Evangélicas e não só isso, uma abrangência maior de artigos evangélicos nas prateleiras das livrarias e lojas de artigos evangélicos.

Jesus é POPSTAR.

Nota: O proselitismo (do latim eclesiástico prosélytus, que por sua vez provém do grego προσήλυτος) é o intento, zelo, diligência, empenho ativista de converter uma ou várias pessoas a uma determinada causa, ideia ou religião (proselitismo religioso).

4 comentários:

  1. Sinceramente, eu não vejo problema algum em um cristão se apropriar de uma manifestação estética que se declara manifestadamente como satânica. Como você mesmo disse, a contemporaneidade possue essa natureza transignica que extrapola as linhas limitrofes de cada campo em especifico.
    Minha crítica vai para a apropriação excludente da musica gospel. Se ela se acha no direito de se apropriar daquilo que não condiz com seus discursos, qual direito ela tem de condenar aqueles de quem ela se apropria? E mesmo se ela não se apropriasse, qual direito ela teria em criticar? Eu acho que uma coisa é nós sermos livres para escolhermos o que nos convém, outra coisa é não escolhermos determinados discursos e segregarmos esses discursos como se nossas verdades fossem "AS VERDADES"

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  2. kkkkkkkkkkkkkkk. metal extremo gospel . agora a pouco assisti um documentario falando sobre o metal e vem esse texto ,gostei . o black metal realmente satanico vem na noruega , com o incendio de igrejas em 92 e um assasinato de um black metal importante . aqui em sergipe o black metal ganhou força de 96 a começou a perde força em 2004 por ai . mas ao eu me ver e tbm pelo doc e assisti e outras fontes esses atos de violencia envolvendo o black metal na noruega q fez esse estilo musical ganhar essa força pelo mundo se dar pelo historico da invasao luterana na noruega e com resistencia cultural pagao q se encontra na noruega somada vejam so ao vazio ideologico ,pessoal etc provocado vejam so pela globalizaçao , n e a toa q os atos de violencia começam em 92 ,logo no começo do mundo globalizado(oficialmente em 1991) .facilmente notavel q a partir do mundo globalizado cresce o numero de neofascista , nacionalista , etc grupos pequenos em busca de alguma afirmaçao cultural ou nacionalista , n e toa q dps dos atos de violencia o black metal ficou notorio em todo mundo pela facilitaçao da comunicaçao no mundo globalizado , nota se q numero de neonazista cresceu tbm por causa da globalizaçao . mas ao falar isso digo k existe muito apreciadores da musica black metal k n sao violentos q pregam a religiao pagao k busca a liberdade humana algo muito parecido com a ideia hippie . mas pessoalmente eu axo o black metal um movimento fraco .mas n zombo como muitos
    Alan

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  3. Acho que a palavra do texto é apropriação. Nenhum formato ou conceito da conta de resumir uma manifestação da cultura, principalmente na música ou na religião. As pessoas se apropriam, retirando aquilo que convém e adptando ao seu mundo. Cristo vira o que as pessoas quiserem que ele seja: comunista, hippie, terapeuta, rockero...
    Por isso que ele é POPSTAR.

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  4. Vlw alan por ter enriquecido o debate, por trazer elementos q reforção nosso argumento. Acho q é por aí mesmo Kleber, mas acho q eu ñ tenho a pretenção de esplicar esse fenomeno apenas por esse conceito não, até pq isso aí é apenas um ensaiozinho, não ter rigor cientifico. Vlw!

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