quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ruela Despoética

Os caminhos da minha poética curvam-se, cada vez mais desertos, ao princípio da realidade. Que árvore é esta em que cada vez que se fixa um distraído olhar, mais ramificada se apresenta?  E quando menos se deu conta, a estética está toda submersa em dantesca sombra.

Bem como disse o eminente Virgílio ao temeroso Dante diante do inferno: “aqui, pouco se deve falar!”
Eis como me sinto: no vazio do verbo.

Os que souberam morrer no caminho foram vitoriosos; eu, arrastando-me no viver, perco.

Um comentário:

  1. Josua,

    Encontrar-se diante da vida, significa aceitar pagar vários preços. A fórmula perfeita da vida é unirmos sem conciliarmos o prazer com a realidade. Precisamos uni-los pois suportar só a frieza do real nos mata; mas devemos separá-los pois a vida, principalmente a vida do mercado capitalista de paises subdesenvolvidos como o nosso, torna-nos quase robôs e muitas vezes indisponíveis a qualquer criaçao ludica e poética acerca da vida. É isso meu menino: nós que ja estamos postos na vida nas filas dos adultos, estamos cada vez mais nos aproximando dos quartos escuros, racionais, excessivamente cautelosos de uma praticidade a qual desfolha muitas possibilidades de florescimentos de perspectivas, de ilusões. É uma vida seca que mais parece folhas que o outono leva ao chão.

    ResponderExcluir