Eu tenho alma de poeta
Sinto isso às vezes
Quando tenho que escrever
E quando vejo TV
Enquanto o mundo chora nela
Sinto que tenho essa alma.
Tudo que nela falam é fumaça
Peitos abertos esfacelados
Pouca atração verdadeira
Parece que ninguém se comunica
E tudo fica assim
Como um vício de sangue.
Acho que...
Agora tenho que comprar um carro
Não falar com estranhos
Não abrir a porta
Nem os pulmões
Nem declamar versos
Apenas subir as montanhas que fazem no meio da cidade
Congelar-me em seu ar rarefeito.
Expurgar o medo
Cabelo de mulher
Vestido azul
Sóbrio
Algo em Francês tocando
Canto da orelha
Varanda e mato
Sonhos de poeta
Silêncio.
Eu viajei massa nessa terceira estrofe aí. Se foi como pensei, é uma crítica ao modo de vida que se debruça nisso. Mas, sei lá: as vezes eu penso que é isso mesmo, que não há outra opção. Como Vina sempre lembra, optar é também abrir mão.
ResponderExcluirReuel
ResponderExcluirLindo poema arcade hehehe. Ao lê-lo, me senti diante de um lindo rio espumante de coca-cola, perpassado por belissimas flores de plásticos para mesas de restaurantes de BR´s. Correndo ao redor de todo esse cenário eu imaginei anjinhos fofinhos com calibres potentes e prateados dispostos a estourar ecos secos de tiros, além de fadinhas lindas buscando ser selecionada para as brasileirinhas. É isso meu querido. Esse é o nosso mundo arcade. Uma floresta encantada de desilusões. Amigos-atrozes, amores-chumbinhos.Sorrisos amedrontados com a alegria, fé amedrontada com a natureza corrupta dos castelos fantasiosos de caixa dois da pureza da razão e da própria crença divina, misturas culturais e solidão, liberdade e segregações, desejos e mortes às indagações e às ultimas certezas que nos restam. Minto. Ainda podemos acreditar que poderemos ser plenos: esqueci da TV... sim, a adorável TV de nossa solidão do NÃO nosso de cada dia.