Em seu texto intitulado "Além do princípio do prazer" (1920), Freud associa com ares poéticos a pulsão de morte à repetição. Em suma, o autor nos propõe que a repetição aluaria no sentido de nos fazer retornar ao nosso estado mais primitivo, ao estado de ser inanimado. E chega, ainda à seguinte conclusão: "seremos então compelidos a dizer que o objetivo de toda a vida é a morte".
A transferência, segundo Laplanche e Pontalis (2001), " designa em psicanálise o processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de um certo tipo de relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica. Trata-se aqui de uma repetição de protótipos infantis vivida com um sentimento de atualidade
acentuada. É à transferência no tratamento que os psicanalistas chamam a maior parte das vezes transferência, sem qualquer outro qualificativo.
A transferência é classicamente reconhecida como o terreno em que se dá a problemática de um tratamento psicanalítico, pois são a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e a sua resolução que caracterizam este". Isto aliás, justifica o "quase-jargão" entre os psicanalistas de que só há análise, quando se há transferência. Quando esta ocorre, substituiu-se necessariamente a imagem pessoal do analista por uma imagem pessoal previamente conhecida. E é este um dos grandes motivos de termos trabalhado, neste texto, os dois conceitos juntos.
Percebemos ainda que Freud, no seu texto "Recordar, repetir e elaborar", chama a atenção para alguns fatores acerca da transferência, da repetição e da resistência. O autor nos propõe que quanto mais hostil é a transferência, mais diminuta é a recordação e mais frequente a repetição.
Propõe-nos também que a repetição é determinada pela ação da resistência e que a repetição é uma força atual, antagonizando-se com a recordação, que descreve um acontecimento bem definido do passado.
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