Precisamos conviver da forma mais harmônica possível com as pessoas na sociedade. Não cabe a nós tomarmos posturas radicais e classificatórias com elas. Ora, para se viver, temos que aprender a jogar.
Se eu nego estabelecer um diálogo com um indivíduo por ele ser de um setor social marginalizado, eu só vou estimular nele uma violência da qual eu me sinto prejudicado cotidianamente. Se eu me nego a estabelecer um diálogo com um indivíduo proveniente de um setor social prestigiado, eu posso ser excluído das veias arteriais que compõem o social, pois querendo ou não, eu não posso negar que quem é oriundo dos setores privilegiados, possuem os meios que me garantem a sobrevivência. E mais: são eles que possuem materialmente as condições para a melhoria social.
Pois bem: no momento em que eu convivo com o setor baixo da sociedade, eu tenho que lhe mostrar sobre sua condição social para que ele se revolte e afirme seu lugar na sociedade, mas ao mesmo tempo eu tenho que ser amistoso com ele, pois sei que esse setor não tem nada a perder em usurpar meu patrimônio. Se eu convivo com o setor alto eu tenho que lhe tecer elogios para que eu não seja excluído dos prestígios dos quais eu queira me beneficiar.
Por outro lado, mesmo que o indivíduo do setor baixo se negue a aceitar uma opinião minha, cabe a mim respeitá-lo, mas sempre mostrando vias capazes de provocar uma mudança em sua vida. Por outro, quando o indivíduo do setor alto aceitar por conta própria, reconhecer alguns de seus erros, cabe a minha pessoa também aceitar, pois admitir o erro é um importante passo para uma futura alteração social, no entanto, jamais deixarei de tecer elogios a sua pessoa e ao seu setor, uma vez que eu bem sei que qualquer indivíduo precisa de elogios e de reconhecimento. Como sei que preciso deles, assim eu busco me comportar.
Aceitando o lado carente, não só me sinto protegido da fúria dele, como busco atentá-lo acerca de sua condição, para que com isso, ele busque mudanças, pois eu também quero que ele mude, afinal, também sou vítima de sua condição excluída. Aceitando o lado prestigiado, não serei excluído do social, além de conseguir conhecer o outro lado da moeda, até mesmo para propor caminhos para o setor excluído.
Quem quiser taxar essa postura de hipócrita, pode taxar. Só sei que é assim que eu me comporto, e não vejo nenhum motivo de, pelo menos por enquanto, pensar em mudar essa minha postura. Já fui demasiadamente classificatório e o que ganhei foram brigas e intolerâncias daqueles a quem eu não defendia. Não posso estabelecer uma relação apenas para um lado, afinal, preciso dos dois para viver. Prefiro entortar minhas relações.
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ResponderExcluirOla Vina,
Tenha um bom retorno. Espero que o seu eterno retorno seja prolongado, ou infinitamente intenso em sua finitude.
Sobre seu texto, ele me provocou um cansaco mental. Nao por ser mal escrito ou por ser invalido na sua significancia, mas por ser utopicamente inviavel (Uma vez tentei olhar por todos os lados e cheguei a conclusao que eu nao tinha esse poder magico). Negociacoes sao coerente, nao abro mao dela, mas vejo que ela sempre esta gravitando no nosso circulo de interesses. Ser partidario, em-cima-do-muro ou diplomatico, causara infinitamente sempre insatisfacao a um alguem, mesmo que ele nao frequente o partido `Do contra`.
Acredito em suas palavras e vejo nela a importancia de ao menos tentar enxergar alguma negociacao, contrato ou des-trato mais plausivel.
bjs
Meu caro vina, vi seu texto pelo olhar dialógio - a a necessidade de se propor sempre um canal, um um acordo assim evitando ou suavindo o pior. Sei que em certas condições é muito difícil fazer isso. Sou um exemplo disso. O meio onde vivo, em Tobias é muito pobre de capital simbólico e toda vez que abro esta maldita boca, as pessoas se voltam contra mim. Na verdade elas não sabem onde me colocar e eu já perdi o tesão de mudar esse quadro. o conto que publicarei em breve no torto conta um pouco dessa história.
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