quarta-feira, 5 de setembro de 2012
ANGÚSTIA DOCENTE
ANGÚTIA DOCENTE
Uma professora de educação básica pôs o seguinte problema: “Se eu ficar até o final do período; terei que reprovar 90% da turma. Os alunos não sabem fazer nem uma equação do segundo grau”. Ao ouvir a ilustre colega me lembrei dos debates sobre educação na casa de meus filhos em Aracaju. Comprovei que nossas teses estão certas quanto a posição de Freire em relação à alienação docente. O professor avalia o aluno sem se auto avaliar, e sem avaliar as condições onde o processo ensino/aprendizagem se desenrola. Ou seja, a avaliação do alunado pressupõe a avaliação do professorado e das políticas que inspiram o processo. De outra forma, a justiça não foi feita.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a angústia da colega em achar ser certo o que ela pretendia fazer: Reprovar! Suas palavras foram: “Se eles pelo menos tivessem consciência e estudassem!” A colega acreditava que o aluno estuda por que gosta de estudar. Ela ainda não entendeu que tanto aprender como ensinar são atos políticos, e que nada que se refira a educação está fora das condições sócio econômicas onde ela se processa. O gostar de estudar é algo isolado que diz muito respeito a estrutura psíquica do sujeito aprendente. Na maioria dos casos, a criança estuda por imposição social – essa é uma regra que a sociedade impõe!
A alienação docente é fato empírico! Sua angústia também, pois, pude ver isso na face da amiga. Mas, de quem é a culpa?
O sistema macro educativo cria estratégias para tornar o professor um reprodutor dos modelos que a cúpula burocrática representante dos interesses econômicos exógenos e endógenos acham serem válidos. Isso é tão antigo quanto o embate entre Sócrates e os sofistas. O primeiro representa aqui o pensamento de Freire – Educar para libertar, e isso inclui o docente, o segundo, representa os interesses das classes dominantes de manterem a situação que lhes é muito confortável. Contudo, o professor não pode esquecer que sua posição enquanto sujeito possui certa liberdade para tomar medidas que podem muito melhorar a qualidade de nossa educação. Cruzar os braços jamais! REPROVAÇÃO EM MASSA TAMBÉM!
Então, eu disse: “Você está certa, você está errada!” Esta certa por que um aluno do nono ano já deveria dominar esse saber. Está errada por que não entende que a única verdadeira vítima em tudo isso, é o coitado do aluno, que nem sabe o que faz na escola pública do Brasil. SALVE O TORTO!
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FAVOR QUE ESTÁ NA RESPONSABILIDADE DE GERENCIA O BLOG POIS TEMOS QUE SABER DO TORTO NÃO SAIO. BEIJOS!
ResponderExcluirQuerido Roosevelt,
ResponderExcluirO que a sua pessoa expôs no texto, infelizmente é verificável em nosso cotidiano educacional. Quando vou às entediantes reuniões pedagógicas, o que mais ouço são professores jogando todos os problemas da educação nos alunos, como se a podridão em nosso sistema não passasse pelo corpo docente. Ai fica fácil quando ouço professores falarem: no meu tempo se estudava. No entanto, além de simplista, esse discurso é mentiroso. Simplista pelo fato de evitar fazer uma análise mais complexa e abrangente da educação, verificando com isso, as contradições existentes no nosso sistema educacional. Mentiroso pelo fato de que, assim como você bem mostrou em seu texto, historicamente o aluno entra na escola sem saber qual a importância dessa escola em sua vida. Não me lembro de na minha época os alunos do ensino básico serem mais estudiosos que os de hoje. Quem sabe eu não estudei na "única" escola de preguiçosos né? Como você bem expôs em seu texto, a alienação já parte do corpo docente. Um ótimo texto, parabéns!
Quando escrevi esse texto eu pensei em nossos debated sobre temas como esse, e coube a mim me deparar com um caso bem parecido o que confirmou nossa teoaria sobre a alienação docente. Pasme! Ela achava que ensinava no nono ano e que aquele nível era nono ano mesmo. Onde fica a heterogenidade dos dicentes. Todos nós sabemos que esses anos ou séries não batem com a realidade, tá todo mundo sendo empurrado com a barriga de todo jeito. o que não podemos é cruzar os braços e dizer que não vou fazer nada por que o sistema não presta. Acorda professor, nós somos o sistema, não se veja fora disso! Salve o torto!
ResponderExcluirQuerido Roosevelt,
ExcluirHeterogeneidade dos alunos. Isso é o que falta, e por incrível que pareça, é o que mais falamos e ouvimos falar nas teorias pedagógicas. Vivemos atolados em um sistema educacional que é reflexo desse contexto pragmático, mecanicista e ansioso por resultados imediatos. Nesse sentido, vale muito mais colocar um padrão, uma fórmula única para todos como forma de evitarmos as contradições e "ganharmos" tempo, do que analisarmos a coisa de forma muito mais complexa, contraditória e recheada de subjetividades e desejos infinitos. Esse papo de avaliar a realidade, a fala do aluno, tirando pessoas como você que encara a educação como um pulsar de vida, não é posto em prática pela grande maioria dos docentes. Esses docentes, assim como o sistema, apenas buscam resultados de curto prazo, de efeitos funcionais e práticos.