sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Encontro

Tivera andando pelos corredores extensos do shopping, solitário como um cão pulguento que se sentisse acuado pelas gotas gélidas da chuva, vendo refletida nas transparentes vitrinas das lojas a imagem alva da farda colegial de todos os dias. Inocente, conduzido por outro prócere que, atônito, o anunciara, entra, receoso e claudicante, pela larga porta do paraíso. Lá, depois de muito vagar e indecisão, troca uns poucos reais por um mundo moldado segundo o tamanho de seus bolsos. E depois de Pessoa, que se apresentara inicialmente como Álvaro, nunca mais pôde ser o mesmo: ao olhar-se, mais tarde, no espelho, rente a si mesmo sobressaltou-se do que havia se partido o que nunca imaginara poder ser feio - do leitor emergira um monstro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário