segunda-feira, 2 de maio de 2011

As mulheres e os robôs

Reflexão e ação andam juntas A partir do instante em que refletimos, agimos criando estratégias capazes de atingir os resultados pensados por nossa reflexão. Mas o que eu observo é que em se tratando da educação recebida entre homens e mulheres, aos homens se é mais estimulada a prática da reflexão, e para as mulheres, prepondera-se um estímulo maior à ação.

Apesar de não estarem separadas uma da outra, para mim existem traços que distinguem a reflexão da ação. Enquanto a reflexão implica em uma capacidade do sujeito inventar, extrapolar o limite do óbvio, ocorrendo um contato maior com a abstração; a ação já resulta de um comportamento mais prático, mais direcionado, ocorrendo o contato maior com o concreto.

Digo isso, pois pelo menos em minhas experiências, em geral, as mulheres tendem a restringir suas conversas a assuntos corriqueiros, isso por que são educadas ao mundo da ação. Com uma maior freqüência, sinto pouca disposição das mulheres de debater. Não quero dizer que as mulheres são inferiores, e sim, que a educação recebida por elas é diferenciada.

Sabemos que a mulher atualmente possui uma independência maior do que antes. A sua entrada no mercado e sua autonomia financeira a tornou mais livre, e devido a sua maior experiência na esfera pública, ela tornou seu comportamento mais político, exigindo também mudanças morais mais desvinculadas dos regulamentos rigorosos da moral machista.

No entanto, apesar da autonomia econômica e moral, nós sabemos que as mulheres ainda tendem a ganhar menos, e ainda sofrem com o machismo, apesar do machismo muitas vezes se encontrar por parte delas também. Além dessas questões ainda não resolvidas, vale observar que a sociedade ainda traz toda uma educação diferenciada entre o homem e a mulher.

Acho que a maioria das mulheres ainda é preparada para administrar o lar. Mesmo entre as mulheres que disputam espaços com os homens no mercado de trabalho, existe uma formação cultural que se preocupa em torná-las obedientes, centralizadas, responsáveis, práticas, voltadas à família e pouco voltadas para o devaneio, para a dispersão, para a descentralização, etc.

Na educação masculina nós encontramos uma tendência à liberdade e na feminina, encontramos a limitação. Se percebermos bem, as brincadeiras femininas se voltam para a ordem e para o cuidado com a casa como vemos nas velhas casinhas de bonecas. Já entre as brincadeiras masculinas encontramos o direito à bagunça, à expansão além dos muros de suas casas.

No entanto, acho que essa educação provoca um comportamento muito mais decidido entre as mulheres por elas aprenderem desde cedo a lidar com suas responsabilidades e por terem sido educadas pelo critério da organização. Para mim, isso faz com que em geral elas possuam uma tendência em fazer escolhas de forma muito mais consciente e determinada.

É por isso que eu acho que as mulheres ainda conquistarão mais espaços, afinal, como a educação delas se encontra mais voltada à ação e à prática, ou seja, a algo mais ordenado, elas tendem a tomar posições decididas ao invés de se perderem em indagações, e em um contexto marcado pela racionalidade como o nosso, vai saber lidar com ele os práticos e decididos.

Porém, a praticidade em excesso como frequentemente encontro nas mulheres não proporciona muita coisa, afinal, organizar e direcionar não vale de nada se não repensarmos essa organização e essa direção. É necessário unir contemplação e praticidade, e praticidade as mulheres já possuem. Resta a elas tornarem o debate algo mais corriqueiro em suas vidas.

7 comentários:

  1. Sim, concordo com isso. Mas o sexo masculino tem seu quinhão no que é decisivo, e, isto aliado a uma cultura combativa apreendida pelo mesmo, que não é comum nas mulheres, como citou, faz com que acabem angariando, geralmente, uma maior fatia do bolo. Mas fica a pergunta: quem nasceu primeiro, a cultura ou a testosterona?

    ResponderExcluir
  2. Lou,

    Muito pertinente seu comentário, mas eu acho que os homens tendem a levar a maior fatia do bolo por eles terem uma condição de prestígio determinada pela cultura. Pô, quem tem poder angaria mais coisas.

    O que eu acho é que a condição privilegiada na qual se encontra os homens, fsz com que eles se acomodem. Veja: por ser dado o poder e a liberdade em excesso ao homem, em geral ele não aprende a ter compromissos como as mulheres. Esse excesso de liberdade o torna incapacitado em muitas vezes se responsabilizar pelos seus atos.

    Longe de mim compartilhar de um olhar romantizado acerca das mulheres. Se um dia elas assumissem o poder, mostrariam suas garras da mesma forma que os homens. É tudo uma questão de posição que a cultura prescreve, mas no final das contas, humano gosta de poder seja macho ou seja femea.

    Quanto a sua indagação, foi ótima. Como eu ja te disse, apesar de eu saber que esse meu ponto de vista deixa as mulheres indignadas, a cultura nada mais é do que a simbolização dos instintos. A sociedade apenas prescreve ações e ditas regras de comportamentos diferenciadas para cada gênero, mas se observarmos bem, a forma como se organizam as funções morais entre os sexos na cultura tem uma ligação muito clara com a organização da espécie animal em seu cinvivio natural.

    Só não vê quem não quer, quem de fato não enxerga como os jegues ordinários, e quem quer garantir o simbolo do poder na cultura.

    ResponderExcluir
  3. "Só não vê quem não quer, quem de fato não enxerga como os jegues ordinários, e quem quer garantir o simbolo do poder na cultura."

    Os jegues ordinários vêem mais além?

    ResponderExcluir
  4. Caro, adorei o texto, e creio que, via de regra, encontramos exatamente o que foi por você descrito. Aliás, eu ainda penso que haja, sim, resquícios de uma criação repressiva, em que os homens teriam a prerrogativa do ócio, enquanto às mulheres caberia proporcioná-lo.


    Enfim, grande texto!

    ResponderExcluir
  5. Lou

    Na verdade eu quis dizer quem de fato não enxerga, assim como os jegues ordinários

    ResponderExcluir
  6. "...Mas o que eu observo é que em se tratando da educação recebida entre homens e mulheres, aos homens se é mais estimulada a prática da reflexão, e para as mulheres, prepondera-se um estímulo maior à ação."

    A formação das identidades no que concerne a questão de gênero são bastante fluidas. A educação das mulheres é mais voltada para o ambiente privado e o homem para o público. Podemos ver isso no maior limite que as mulheres são submetidas mais que os homens.

    As mulheres são orientadas a tratar das responsabilidades da casa e a traçar um planejamento voltado para a formação familiar. Por outro lado, os homens carregam o estereótipo de serem racionais e reflexivos em suas decisões.

    ResponderExcluir
  7. vina,

    tem razao, tem tanta razao, que eu pertecente ao sexo feminino demorei para comentar sobre o seu texto. Acredito no modelo neurotico- subversivo, ou melhor, neurotico pervertido. Vemos que as mulheres procuram histericamente ordenar a sua vida para manter nas linhas da dependo-independencia pseudo feminista. Pervertido estao os homens, nao por eles serem livres ao excesso, mas por serer neurotico as avessas, se preocupam constantemente estravassar as energias pulsionais que fervem os seus animos. Enquanto a maioria das mulheres, uma boa maioria, pelo menos as que eu conheco, se contorcem para nao esgarcassar os seus desejos reconditos, os homens explodem , transcedem e por ai refletem no dia seguinte todo o seu "mal- feito". Como se nao bastasse extravasar, acredito q os machos, principalmente os alfas, enrigecem seus atos numa disciplina do desejo e da perversao. Ser macho e trepar enlouquecidamente e vomitar no dia seguinte. Ser femea e se pentear e limpar a sujeira no amanhecer do dia.

    bjos!!

    ResponderExcluir