quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A tradução da Bíblia para uma língua popular (o alemão)

Você realmente acredita que essa tradução não teve nada de manipulação? Vejamos: Sabemos que toda leitura de um texto não parte de um ponto zero. A leitura de textos, na verdade, é um processo de decodificação que utiliza textos internalizados pelo leitor. É o domínio desses códigos que nos permite apreender o sentido do novo texto. A leitura é nesse sentido, uma redecodificação, pois sem essa voz interior, não temos como processar a nova informação. Sabemos também que os códigos sociais nos influenciam de forma marcante na compreensão do texto, seja esse escrito ou oral, assim, a tradução de alguma coisa deve estar diretamente dependente desses códigos assim como nós o somos, e deles não conseguimos nos separar com facilidade. A tradução da Bíblia deve ter seguido esse fundamento. Lutero não podia escapar deles. A interpretação do texto sagrado foi, então, a meu ver, uma leitura Bíblica para uma burguesia ascendente, pois, as pressões sofridas por Lutero; e a História não mente nesse caso, eram para que houvesse uma via de legitimização do estado burguês. O princípio da livre interpretação da Bíblia, por exemplo, reflete claramente esse pensamento incrustado na mente do reformador agostiniano. A liberdade de interpretar o livro de Deus é a liberdade de um emergente estado liberal de existir enquanto tal, sem as ingerências exógenas exercidas pela Cúria Romana. Tenho dito, ou melhor, escrito.

Um comentário:

  1. Pontual esse assunto, Roosevelt.

    O que você tem a falar sobre as nossas traduções? Acredito que elas não sofram tanto com isso, pois as notas de rodapé trazem, no geral, o sentido literal de algumas passagens, e às vezes em comparação com mais de uma língua antiga. Acho que são traduções justas.

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