Já virtualmente presente no pensamento de Saint-Simon, o positivismo foi sistematizado pelo filósofo Auguste Comte, que enxergava no desenvolvimento histórico das ciências a passagem evolutivo por três estágios, quais sejam, o teológico, o metafísico e, finalmente, o positivo. Na esteira de Comte, as ciências eram ainda pensadas hierarquicamente, ficando a psicologia até mesmo fora de sua classificação, por possuir ela, segundo o filósofo, alto teor metafísico. Isto ofendia sobremaneira um dos critérios que se pode observar na epistemologia positivista – o fenomenalismo, que advogava ser eliminado da ciência tudo o que não se desse à experiência.
Não obstante tudo isto, o positivismo, em suas diferentes versões, influenciou significativamente a consolidação da sociologia e da psicologia enquanto disciplinas independentes.
Tido como pai da psicologia moderna, o alemão Wilhelm Wundt patrocinava a ideia, de grande influência positivista, de que a psicologia científica deveria guiar-se pelos parâmetros das ciências naturais. Influenciado pelos princípios do positivismo, Wundt afirmava ser impossível apreender os processo mentais mais profundos por via do experimento. Ao mudar o foco da psicologia da psique para o organismo, Wundt promove um deslocamento que significou a transposição da filosofia para a biologia enquanto matriz-mor da psicologia.
O supra-citado princípio do fenomenalismo empreendido pelo positivismo se fez presente, mais tarde, na obra de Durkheim, figura-mor da sociologia, quando em seu clássico Regras do Método Sociológico afirma que caberia neste método tratar os fatos sociais como coisas, sendo estas tudo o que se impunha à observação. Como reputava a sociedade como indpendente dos indivíduos que a compõem, Durkheim evita recorrer a causas psicológicas na explicação de fenômenos sociais, lançando mão, para tal, do conceito de consciência coletiva. Esta determinaria, portanto, a consciência individual. Uma figura emblemática desta concepção é apresentada em seu estudo sobre o suicídio, em que o sociólogo em tela tenta provar que tal conduta não se explica por princípios de natureza psicológica.
Como corolário das conclusões de Durkheim temos a influência de sua teoria das representações coletivas sobre a teoria das representações sociais do psicólogo social romeno Serge Moscovici, que encabeça um dos principais recortes da psicologoia social hodierna, tendo sua origem na crítica ao sociólogo francês. Há também, segundo Alport, relevante influência sobre a concepção de realismo moral, do pensador suiço Jean Piaget, em que a criança analisa uma conduta como apreciável ou não em relação às consequências objetivas que aquela trouxe.
Meu caro Josué,
ResponderExcluirAinda bem que o discurso científico não parou aí. Podemos aproveitar o ensejo e dizer que a ci~encia enquanto humana muda de epel assim como os homens.