quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Crise

                                        Ao mais que professor Romero

No interior do país um grande desrespeito foi lançado ao povo,
sob o signo inscrito em uma bandeira desfraldada o batalhão cadavérico marcha hegemônico, os golpes dados com violência fizeram de cada palavra opositiva um rumor de liberdade, e mesmo as lágrimas que caíram incontáveis, mesmo os gritos que se tumultuaram irrompendo sobre paz como se fossem sólidos, a nós que fizemos até do sangue uma arma, que encontramos no medo natural um indicativo de que continuávamos vivos, tudo isso foi também atos de resistência, a louca fraqueza humana traduzida em coragem...

O ar podre que entra pelas narinas, que percorre o corpo sucumbindo-lhe à náusea,
figurando-se nos rostos em tom verde abatido e opaco; o cansaço estorvando o progresso das pernas, exercendo sobre elas um peso acrescido ao da gravidade, dando a elas a determinação fisiológica para a desistência imediata; o ferimento aberto que reconhece no movimento que resiste em cessar a elevação no nível da dor; os mortos pela estrada e os que nela se fincaram como pedintes; a ausência do óbolo e do pão para si mesmo; a inexistência de condições para que o sorriso faça dos pequenos crianças...

Terra devastada...
Até agora o direito ao prazer não suscitou sequer uma guerra nem acordou uma paz, muito menos a vida simplória em cujo esteio encontramos o essencial à felicidade, sendo todas as trincheiras abertas pela força selvagem da ignorância imoral dos reis e do abatimento antecipado das massas.
Então os acovardados que duelem, oferecendo o próprio crânio como espoco da burrice, assumindo para si responsabilidades que nunca previra porque não havia como...

A necessidade de redenção faz da política o centro em redor do qual os oprimidos devem orbitar, mas as disfunções que nela encontramos ocasionam um tédio que pode ser facilmente quebrado com violência e mais violência. No entanto, uma advertência: é preciso sentir-se um nada primeiro.

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