terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ser feliz

Por que sabemos que a sensação de ser feliz nos faz bem, mas insistimos em angariar mais fundos para a escuridão do que nos proporciona sofrimento? Será que essa indagação peretenceria apenas a mim? Será que a necessidade de se resguardar na intranquilidade do medo e da culpa corresponde apenas a um coração atormentado de inconstancias como o meu?

Tem gente me esperando em qualquer estacionamento. Antes de escrever este "não sei o quê", passei pelos corredores de um grande aglomerado de mercadorias e me encontrei fora do excesso de pessoas escravizadas na fila para serem atendidas. Reparei que o outro sou eu e me dei conta de que os meus passos solitários pelas ruas de lugar-nenhum eram tão cansados e ansiosos como todos os pés entristecidos daqueles que vi com suas caras de véspera de feriado a espera de atendimento na fila.

Não sei se posso dizer que as crianaças são tristes. Posso apenas dizer que a espera de um presente entregue pelas mãos suadas, calejadas de seus provedores provocam nelas uma sensação de cansaço, desilusão. de gosto amargo de mentira quando não se deparam com aquilo que acreditavam que podiam receber de presente no dia tão esperado. São seres desejantes, portanto, tristes, portanto, cansados, portanto, adormecidos por acharem que se alimentam de tanta vida.

Na verdade, não estou com vontade de escrever, muito menos de me prolongar. Nesse exato instante alguém me espera no estacionamento. Não mais irei encarar aquela fila de gente inteligente e vítima de sua própria razão na expectativa de ser atendida naquela imensa fila. Algumas crianças serão felizes amanhã, outras não. Não. As que serão felizes amanhã, serão depois também e as que se sentem tristes serão tristes amanhã também.

Estou muito cansado. Desculpe-me pelos meus erros sentimentais. Erro porque tenho medo de ser trocado, de ser desvalorizado. Tenho verdades e tenho etiquetas. Assim sou eu. Prometo que não mais vou errar. Sim, eu sei que não é bem assim. Sou o escudo e a pedra de mim. Sou o defensor da vida e o depredador da janela alheia. Nunca deixei de sentir carinho, mas tenho medo de ser pior do que ja penso que sou. Apesar de tudo, peço desculpas.

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