segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

aquela velha história

Desde cedo que recebo muitas pesquisas sobre os dados que constam no índice de desenvolvimento de cada região do país. Depois que recebo os relatórios, coloco os dados numa planilha para otimizar a contabilidade dos números que sofreram crescimento a cada ano. Em seguida, faço outro relatório diferente do primeiro que me foi passado para que daí eu possa arquivar.

Eu considero a saúde, a segurança e a educação como os principais pontos para serem analisados. Isso porque são esses elementos que venho trabalhando ultimamente. Apesar de trabalhar com os números que revelam a situação social do país, acredito que isso não seja o resultado em absoluto, pois as pesquisas sempre ocorrem falhas, principalmente na produção de seus instrumentos. Não porque falhamos por sermos imperfeitos, mas por que temos preguiça e pouco senso crítico.

Muitos planos governamentais não dão certo pela velha história do desvio das verbas e eficiência na própria criação dos planos. São poucas as pessoas super especializadas que ocupam os cargos para executar os seus projetos com o mínimo de eficiência, no mais, a maioria, trabalham como peças de máquinas de engrenagem similares aos modelos da década de 50. Ninguém pensa, só executa. Carimbam os papéis e protelam a burocracia.

Não importa o real crescimento, se fulana está vivendo em plena seguridade social, mas os números impressos nas folhas. São eles que representam a nação na comunidade internacional, são eles que atraem o investimento do capital estrangeiro para o enriquecimento de meia dúzia de acionistas que apostam nas bolsas de valores. O dinheiro nunca é distruibuído nas dimensões latitudinais, para a melhoria do tão falado desenvolvimento social. Os principais elementos mostram nitidamente isso, sem precisarmos ver os dados estatísticos, basta saírmos na rua para ter uma noção do que se passa. Da realidade em sua concretude.

A saúde não anda muito bem, as pessoas pagam muito caro para garantir uma vaga no hospital, porque o serviço público é muito ineficiente. Quanto à segurança, a violência urbana continua pulsante principalmente nas regiões metropolitanas, quem não foi ainda assaltado pertece a um percentual quase inexistente.

E a educação permanece na mesma, estagnada no ponto zero. As pessoas continuam analfabetas, a grande massa não conseguem pegar no próprio lápis o que dirá ter uma consciência política.


* trecho do romance não publicado "Espectro" (cap. vinte seis) de Maíra Lima.

18 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Excelente texto minha cara colega.

    Pois é, o problema do Brasil é sistemático, a lógica da nossa política resulta nessas problemáticas citadas no seu texto. Mas a política não é somente o responsavel pelo problema, pois, ela é o nosso reflexo como sociedade, Alem disso temos um modelo economico dependente do capitalismo mundial. Caminhamos nessa regra de exclusão, precarização do trabalho, exclusão das classes não especiliazadas do mundo da microinformatica. As pessoas são inclusas ao consumo ao mesmo tempo são fragmetadas numa dependencia do trabalho precarizado( setor informal, temporario, especializado, com medo, desarticulado devido ao exercito de reserva e etc). Desemprego é apenas mais um problema. Nesse sentido, vemos a exclusão, marginalização, violencia, fome. Educação, faltam "participações" nossas ( digo o brasil de forma geral), desagregar e acabar com esse medo, preguiça e má vontade política dos brasileiros para um futuro próspero e menos caótico.
    abraços

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  3. Maira querida,

    Parabéns pelo esforço com o texto, foi bem construido. Mas, dialogando com uma professora minha, ela me falou uma coisa interessante, que eu fiquei a pensar, não vou literar as palavras dela, mas o que ela falou foi +- assim: que o díficil é sair do discurso da denuncia e ir para as propostas. Sei isso é muito complexo, mas pelo que vejo, no meu jovem e pequeno olhar, é que é crescente o discurso da denuncia nos texto do pessoal da humanas. Enfim, acho ela importantissíma, até pq é a natureza do trabalho que fasso, mas só denunciar realmente não resolve.

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  4. uma proposta minha larga mais essa coisa de maconha, causa gay ,etc de causa micros e partir pra açao direta . minha humilde opiniao.
    mas e claro que sozinho n irei fazer isso.
    como ja dizia o velho ditado que e ve que nos acompanhar ate 6.000 anos atras, a uniao faz a força .
    Alan

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  5. lindo miguel!
    é isso. São os braços da política que manobram o palco mundial. Desemprego, fome, precarização...tudo isso são efeitos de um sistema q rege a sociedade. Não acredito em estabilidade e problemas resolvidos que resumirao uma nação em potencia social. Apesar de existir várias naçoes em "potência social", mesmo q em pequeno número, elas sofreram algumas das pequenas grandes contradições. Mas digo a vc meu caro, em maior ou em menor proporção sofremos q esse politicalha brasileira q, por vezes, esquecemos que estamos num contingente macroestrutural.

    Bjos miguel!!!

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  6. "que o díficil é sair do discurso da denuncia e ir para as propostas. " Fantastico Reuel! Mas meu caro, prefiro viver d denúncia, pois acredito q ela e inicio para pequenos passos. Mesmo q assim não seja, denúncia, desabafo e crítica creio q faz parte de mim , de vc e de qualquer um. Falar mal do próximo e do sistema nos trazem um alívio imenso e constante. Vivemos p reclamar, abusar e denunciar mesmo.é a eterna sensação de mal - estar. De q nada nos fará completos e satisfeitos
    Bom, pelo menos p mim.

    Um beijo meu caro!!!

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  7. é alan! E isso.

    A união faz a força! nem q seja pra retroagir.


    Um beijo!

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  8. como mairia falou a denuncia e o começo de pequenos passos , eu tbm axo a denuncia importante por isso colocarei uma aqui .
    ´´Mesmo Trotsky nao foge muito dessa regra, ja' que mandou o Exercito Vermelho aniquilar o movimento libertario de Nestor Magno, depois de este ter sido solidario com a revolucao russa, enviando quantidades extraordinarias de alimentos na epoca mais dificil. ´´
    Alan

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  9. pequena parte de um trecho de um texto que li
    ´´As medidas que estão sendo adotando e outras não surtirão efeito, pois as ferramentas de política financeira já não funcionam, e mesmo que as causas da crise atual se pareçam às cíclicas anteriores (especialmente às causas dos anos 30), os fundamentos estruturais macroeconômicos mudaram tanto nos Estados Unidos como no planeta, que talvez não seja possível outro "New Deal" ou era de "prosperidade", uma era exclusiva para os ricos, especuladores e exploradores, para a oligarquia financeira.´´
    Alan

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  10. se liguem nessa citaçao de karl max , mostra a certa relaçao de de max com a anarquia."Todos os socialistas entendem por Anarquia o objectivo do movimento proletário, uma vez alcançada a abolição das classes, o poder do Estado, que serve para manter a grande maioria produtora sob o jugo de uma minoria exploradora pouco numerosa, desaparece, e as funções governamentais transformam-se em simples funções administrativas."
    Alan

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  11. ta bom por hoje , li que nem um louco hoje
    Alan

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  12. meu caro alan!
    adorei, jamais pensei q seus comentarios foram excessivos!

    vc acrescentou c fatos históricos a partir do q escrevi e isso é fantástico, pois é incrivel como o q a gente lê sempre traz lembrança de uma fato ou determinada época.

    Adorei a sua citação remetendo a trotsky e o new deal!
    bjao

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  13. alan,

    "mesmo que as causas da crise atual se pareçam às cíclicas anteriores (especialmente às causas dos anos 30), os fundamentos estruturais macroeconômicos mudaram tanto nos Estados Unidos como no planeta, que talvez não seja possível outro "New Deal" ou era de "prosperidade" ", fiquei pensando e concordo q mudou muito as estruturas cíclicas da macroeconomia mundial.
    Acredito q mesmo assim haja alguns resquícios do funcionamento econômico tão comum em tempos anteriores. Vemos o caso da crise irlandesa, acredito q os jornais alarmem qnto a isso, mas creio q para dar uma injeção de capital no país se faz necessário criaçoes de planos, não somente cortes de gastos, para alavancar o consumo. Sem consumo não tem como circular o capital financeiro. Isso me lembrou muito a política do New Deal contemplada por Roosevelt.

    bjos

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  14. oi alan,

    outro ponto interessante, foi o q vc citou a relação entre o marxismo e a anarquia. Sou um pouco leiga a política anarquista e inclusive do Proundon. Uma vez li sobre o materialismo do poder em Foucault e gostei muito no momento q ele desmistifica o materialismo ideologico de marx e a relação q o alemão faz entre o poder, ideologia e Estado.
    O poder se configura de diversas formas e por isso ele não se cristaliza sob via direta Estatal. Por isso quando os bolcheviques tomaram o poder vimos nos fatos históricos muitas contradições, inclusive a q vc bem cometou sobre a postura de TRotski.
    Percebi claramente qndo comecei ler o livro de Jonh Redd " 10 dias q abalaram o mundo". O autor norte americano discorre toda a orgânica do movimento sem ser e nenhum momento partidarista. e o mais interessante é q vc ver a relação de poder, abuso e contradição dentro das manifestações bolchevistas. Interesses entre trostsky e lenin q não se batem. Divergencia entre as microestruturas bolchevista e por ai vai...
    Dá para perceber, o poder vivo em ropagem vermelha.

    um grande beijo.

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  15. pois e anarquismo fala da implatançao politica de federaçoes autogestarias.
    quanto a foucault n vou flar pq e complicado e força muito minha mente e tbm tem um barulho de forro natal perto de minha casa . deixa pro futuro se der
    vc falou da crise irlandesa , vou te mandar algo entao pra vc ler.
    ´´Profunda crise na Irlanda
    Na Irlanda, o PIB caiu 3% em 2008, 7,1% em 2009 e o FMI estima que haverá uma nova queda de 0,5% esse ano. O desemprego chegou a 13%. O cenário lembra o da Argentina em 2001. O déficit público da Irlanda no ano passado chegou ao equivalente a 14,4% do PIB. Esse ano, principalmente por causa do resgate dos bancos, a estimativa é de um déficit catastrófico de 32% do PIB, algo só visto durante períodos de guerra. A dívida externa da Irlanda, pública e privada, equivale a 1.305% do PIB.
    Como na Grécia, um pacote de resgate estará ligado a uma política de enormes cortes nos gastos públicos para diminuir o déficit. Isso significa que os ataques continuarão, e que a economia em geral continuará em crise.
    Esse cenário se repete em diferentes graus também em outros países. A expectativa é que Portugal e Espanha também não consigam pagar suas dívidas e terão que pedir socorro. As consequência de uma falência estatal na Espanha seriam muito mais graves, dado o tamanho de sua economia.
    Esses ataques têm gerado uma onda de fortes protestos na Europa. Na Grécia houve seis greves gerais esse ano e mais uma está marcada para o dia 15 de dezembro. Na França houve oito dias nacionais de luta em oito semanas, com paralisações e grandes manifestações contra a reforma da previdência. Na Espanha houve uma greve geral no dia 29 de setembro e os trabalhadores portugueses sairão em greve geral no dia 24 de novembro´´

    bjs

    Alan

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  16. alan!

    Valeu! fiquei pensando na "falência estatal", termo exagerado... ou um sensacionalismo sensível quanto a política mundial. Seria a chegada de um neo neo neoliberalismo desenfreado? Onde os limites territorias se esvai e a política a economia cede para estruturas maiores e mais global. A união européia é um exemplo. Foi uma tentativa de cria um meganânimo ESTADO Europeu para se proteger contra a selvageria dos capitais internacionais. Percebemos desde então q o euro não homogeniza os perfis econômicos da grécia, espanha, alemanha... mas reluta em ter um bloco para proporcionar uma suposta estabilidade no palco internacional. Aí entra uma questão tão debatida na arena dos Direitos Humanos, o Estado mais vivo do q nunca? Ou estaria ele dissolvido nos fluídos da globalização?

    um beijo!

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  17. Mai,

    Sabemos que o Estado, em sua natureza tradicional, não tem conseguido dar conta da complexidade trazida pelo contexto global. No entanto, apesar de vermos cotidianamente as lutas identitárias marcadas muitas vezes pela sua natureza segregadora, acredito que a própria relação do Estado enquanto modelo de Estado-Nação não seja mais o aplicado na prática, apesar de ouvirmos muitas propagandas ideologicas e eleitoreira se referindo ao Estado como uma instituição macro e unificada. Enfim, o Estado, adaptável ao mundo fluido, tem sua centralidade despedaçada pelo mundo.

    O que eu acho é o seguinte: o Estado nao deixou de ser um instrumento de uso da sociedade, porém, acredito que o Estado atualmente, antes de ter a função de gerenciar as grandes problemáticas da sociedade, tem sido putinha barata dos interesses privados condicionados pelos grandes conglomerados comerciais.

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  18. sim, meu caro. não nego. Mas vejo ele bem presente, bem simbolico, em alguns setores sociais, políticos e econômicos.

    Um bjo

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