quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

ENCANTO


A fria cidade de pedra encanta quem passa e até, quem trapaça; seduz as mocinhas com todas as gracinhas.
Seus corredores de asfalto, os prédios altos; as casinhas como pombais é um encanto em todo canto da urbes  de ferro, de concreto, e árvores cheias de pardais.
Quem mora lá jamais está quieto. É só fascinação, orgulho de nossa geração, quem sabe a outra só conheça uma caverna.
O encanto dos homens quase sempre destila pranto; é coisa pontiaguda, é aço, é vergalhão, e no final do dia, depois que todos seguiram seu guia, só restaram ruas vazias, uma imensa solidão.
- O que foi que eu fiz?
- Onde errei?
- O que não fiz?
- Ninguém é sábio o bastante para decifrar o que está na pintura dos homens.
A bruxaria da cidade arregala os olhos de todas as idades.
Contudo, é magia negra, é feitiço, é ebó arriado na beira do precipício.
Não te permitas que ela saiba teu nome. Esconda-se nela e dela, mas não feche a sua janela. Sempre haverá uma estrela no céu a brilhar.
Na cidade que encanta, os homens são coisinhas, são pedaços de carne e couro curtido assando ao sol escaldante.
No entanto, lamento teu pranto!
Os que nascem nessa terra viram plástico, papel, ou qualquer coisa que ela consuma.
Não chore o doravante, nem romantize o passado, as coisas também são tempo, e as pessoas se tornam retratos.
Ah, lembranças!
Os homens sonham; não há quem segure esse transito de engarrafamento, de sofrimento, de lucro e exploração, alternados com breves momentos de riso, carinho e paixão.
Ah, lembranças!
As praças, as avenidas, os teatros, os esgotos e as fezes escorridas.
Sim!
A tua e a minha!

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