Acordou resoluto. Neste dia decidiu-se por um viver contemplativo. Abriu mão de reclamações batidas, desgastadas e gratuitas. Esperou a banheira abarrotar-se. Preparou um banho como não havia preparado há alguns anos – todos estes, aliás, tinham sido no chuveiro.
Saiu de casa e deixou-se admirar com a plenitude do clarão dilucular. Entrou em seu carro e esperou as janelas fecharem-se automaticamente. Respirou a fim de sentir todas as notas daquele perfume de carro zero.
No caminho para a praia contemplou um azul que ainda se insinuava no céu. Deslizou as mãos no volantes ainda intacto, abriu a janela e respirou fundo – exótico e estonteante odor do mar...
No caminho para a praia contemplou um azul que ainda se insinuava no céu. Deslizou as mãos no volantes ainda intacto, abriu a janela e respirou fundo – exótico e estonteante odor do mar...
Estacionou o carro. Tirou as sandálias e ao passo que sentia doce e lentamente o atrito do prazer arenoso em seus pés, enchia-se de júbilo: perpetuai o gozo desse dia, ó, senhor! Sentou-se levemente para meditar. Do mar parecia efluir toda a pureza breve dos dias. Tinha certeza de que seus sentidos já não o mais enganavam...
Mas houve desarranjo súbito naquele nirvana, e então ele sentiu um calor na espinha – era alguém.
“Aí, minha correntxi! Levanta djivagarinho e entra na porra da mala do carro! Você tá fudjido! Playboy do caralho!“
O ar então houvera sido contaminado com um forte cheiro de suor do assaltante, o atrito agora era levemente gélido, o cano da arma em sua nuca, o sol até então tímido, agora era motor do mais cálido inferno.
Por sorte o seguro lhe deu outro carro, após noites e mais noites perdidas com burocracia, e o ladrão apenas um tiro de raspão na perna – efeitos do craque.
A partir de então, acorda sempre irresoluto e cada dia menos sensível.
Logo, todo baiano é ladrão. =D
ResponderExcluirAí é por sua conta, meu caro amigo da baêa!
ResponderExcluirFalando sério. O texto diz, assim penso, da inevitabilidade circunstancial. Não se pode crer que, por ter obedecido à ordem insuportável de manter-se seguro durante uma vida inteira, pode-se estar apto a dela abrir mão por um lapso curto de tempo qual seja, através de qualquer senso de merecimento ou esgotamento. Embora seus sentidos não o enganassem, a realidade passou-os a perna impetuosamente. Talvez, numa outra hipótese, ele sorrisse e desse de bom grado seus pertences, achando que era mesmo justo e que compensavam as sensações que obteve durante o período de prazer com a liberdade - versão esta que considero mais cinematográfica...
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAs mulheres hoje em dia não dão á luz: cagam idiotas fodidos.
ResponderExcluirConcentram-se
demais em foder, cinema, dinheiro, família, sexo.
Suas mentes estão
cheias de algodão.
Engolem Deus sem pensar, engolem o país sem pensar.
Esquecem logo como pensar, deixam que os outros pensem por elas.
Seus
cérebros estão entupidos de algodão.
São feias, falam feio e caminham
feio.
Toque para elas a maior música de todos os tempos e elas não
conseguem ouví-la. A maioria das mortes das pessoas é uma zombaria.
Hoje em dia não sobra nada para morrer.
e viva ao neoliberalismo
ResponderExcluirops
este ja acabou
hahaha
vc e muito cheio de viadagem e maricagem josue como dizem as pessoas da terra chamada laranjeiras que vou amanha .
todos nos humanos que estamos neste mundo sofrem. sofrimento e algo que faz parte da vida , para mim n existe diferença do sofrimento do rico como do pobre , as diferenças neste quesito sao muito poucas .
alan
"Talvez, numa outra hipótese, ele sorrisse e desse de bom grado seus pertences, achando que era mesmo justo e que compensavam as sensações que obteve durante o período de prazer com a liberdade - versão esta que considero mais cinematográfica..."
ResponderExcluirTotalmente de acordo, caro Lou. Eis a tal contingência...