quinta-feira, 29 de novembro de 2012

REFLEXÕES SOBRE PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

O significado comum de autonomia, o que é usado pelos falantes atuais da língua portuguesa é: “Faculdade de se governar por suas próprias leis, dirigir-se por sua própria vontade”. Pelo menos, esse é o significado que, no momento, é necessário a compreensão para nós. Urge a pergunta ontológica sobre o termo autonomia: “Pode o homo sapiens ser um ser auto – nomos?” Essa espécie conseguiu uma façanha que nenhuma outra se quer pensou nela. O homo sapiens desenvolveu além de instintos, desejos e sobretudo, a vontade. O desejo e a vontade se completam, pois, não existe o segundo sem o primeiro. Não posso querer o que não desejo, e não desejo o que não quero. Isso é muito diferente do comportamento instintual. O instinto tem base visceral; a vontade e o desejo, além das vísceras, precisam do componente simbólico para existir. Assim, o desejo e a vontade não são expressões mecânicas de um animal que se arrasta sobre a terra. O homem conseguiu se ver no mundo, e dizer que o mundo é palco de sua existência. O homem, portanto, psiquificou a realidade, tornando-a uma terceira pessoa – ela, a realidade. Alguém um dia disse que a vontade era a maior potência da terra. E que a vontade e seu império construíam a história dos homens. Não há dúvida de que a vontade é uma força que faz o homem se mover sobre esse orbe, contudo, a vontade como tantas outras variáveis explicativas de nosso caminhar foi desmistificada pela certeza de que o que desejamos ou queremos, portanto, temos vontade de possuir, ou que aconteça, ou que exista, é determinada pela força imperiosa das ideologias. Assim, nossa autonomia que precisa de nossa vontade se reduz a poucas expressões de nossa individualidade. Freire ver um ser autônomo no homo sapiens. Ver que ele pode exercer sua vontade com criticidade, eis o conceito freireano de autonomia – a capacidade de julgar e tomar decisões racionais no mundo das ideologias. Para isso, o homo sapiens necessita de uma ação pedagógica que o possibilite despertar suas faculdades cognitivas e amadurecer seu psiquismo – eis a missão do educador. Se o homo sapiens não sofrer essa ação na idade infante quando suas funções mentais precisam de maturação e despertamento, o homo sapiens sofrerá déficit cognitivo e muita dificuldade terá para discernir qual é a sua vontade ou a vontade exógena coercitiva. A autonomia do ser é proporcional a sua capacidade de julgar as coisas com racionalidade. Sem o discernimento de nossa vontade, não podemos nos considerar seres auto – nomos. “Antes mesmo de ler Marx já fazia minhas as palavras: já fundava a minha radicalidade na defesa dos legítimos interesses humanos. Nenhuma teoria da transformação político-social do mundo me comove, sequer, se não parte de uma compreensão do homem e da mulher enquanto seres fazedores da história e por ela feitos, seres da decisão, da ruptura, da opção. Seres éticos, mesmo capazes de transgredir a ética indispensável, algo de que tenho insistentemente "falado" neste texto. Tenho afirmado e reafirmado o quanto realmente me alegra saber-me um ser condicionado, mas, capaz de ultrapassar o próprio condicionamento”. (Freire, 1996, p. 55) Freire entende que nossa condição inicial no mundo é de condicionamento, um ser inconsciente, um indivíduo alienado de sua realidade, e de certa forma, sem a educação, impossibilitado de uma ação por não ter a visão ou o julgamento de seu mundo. Mas para Feire é possível autonomizar o sujeito, ou pelo menos torna-lo consciente de sua condição – esse é um compromisso ético do educador. Referências: http://www.dicio.com.br/autonomia/controla. Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

2 comentários:

  1. "o homo sapiens necessita de uma ação pedagógica que o possibilite despertar suas faculdades cognitivas e amadurecer seu psiquismo – eis a missão do educador."

    Infelizmente, devido a nossa formação autoritária e anti-dialógica, o que percebo é que s educadores tendem a se apropriar de afirmações como estas, mas sempre achando que a verdade está com eles. Não percebem que o diálogo deve ser estabelecido horizontalmente, e que o saber, apesar de ser curricular por parte do educador, não pode se restringir apenas a ele, visto que o saber só se enriquece através das trocas, das interações em um fluxo constante entre alunos/professores. Mas como eu disse, devido a nossa formação autoritária, esse belíssimo pensamento exposto por sua pessoa tende a ser apropriado de forma errada, fazendo com que o sentido dele seja visto pelos educadores como uma perpetuação da transmissão das mensagens para um aluno como se este fosse um personagem sem subjetividade e sem história. É numa afirmação desta que os professores ainda insistem em achar que são os líderes, os chefões, os responsáveis por todas as verdades.

    Um belissimo texto

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  2. São as leituras descontextualizadas e apressadas que muito caracteriza o profissional que está apressado para terminar a aula porque está louco para tomar uma cerveja. kkkk

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